Luis Carlos, advogado, atua numa organização cristã que trabalha na recuperação de presidiários. A proposta, reconhecida internacionalmente, traz resultados surpreendentes. O método privilegia o desenvolvimento das qualidades humanas, a convivência e a fé, vivida de forma ecumênica. Ele se envolveu tanto com o movimento, que renunciou a outras atividades para se dedicar exclusivamente a esta causa. Certa vez, seu irmão de família foi assaltado por um ex-presidiário.
Além de roubar-lhe os objetos pessoais, o assaltante bateu muito no rapaz, a ponto de deixar marcas visíveis no seu corpo. Luis Carlos entrou em crise! Por que aconteceu isso justamente com ele, que consome dias e noites em defesa dos presidiários? Vale a pena continuar acreditando que a bondade pode vencer a maldade e a violência?
Lentamente e com muita oração, Luis Carlos transformou a indignação e o ódio, em perdão e reconciliação. E disse: “Agora vou continuar a trabalhar mais intensamente na recuperação de presidiários. Pois entendi que assim é o amor de Deus com a gente. Ele não nos ama porque somos bons, mas sim porque Ele mesmo é bom”.
Na Bíblia, se diz muitas vezes que Deus é misericordioso, que tem compaixão de nós. No Salmo 103,1-14 se diz que ele não nos trata na medida das nossas culpas e erros. Conhece nossa fragilidade. Seu amor não tem fim! Maria, a mãe de Jesus provou de maneira única esta misericórdia de Deus, seu amor apaixonado por nós, pois nos ama sem limites.
No seu canto, o Magnificat, Maria proclama que Deus se volta preferencialmente para os fracos, famintos e humilhados. Exerce assim sua misericórdia (Lc 1,51-54). Enquanto mãe de Jesus, Maria experimentou “na carne” como Deus é tão grande, a ponto de se fazer pequeno e frágil como uma criança. O máximo da misericórdia é se “rebaixar” para estar próximo. Deus nos entende por dentro, pois seu Filho se fez igual a nós em tudo, menos no pecado (Hb 4,15).
Acompanhada por João e outras mulheres, no caminho de Jesus até a cruz, Maria passou pela “noite escura da fé”. Como meu filho, que é tão bom e justo, vai morrer, condenado injustamente como um criminoso?
Na ressurreição de Jesus, ela então compreende que Jesus amou a todos até o fim (Jo 13,1). Gesto supremo de amor e de entrega, que a humanidade não merecia (Rm 5,8). Jesus nos salvou, por sua vida, morte, ressurreição e envio do Espírito Santo. Maria participou de perto deste processo, colaborando como mãe e discípula. Celebrou a misericórdia divina, saboreou-a, passou pela crise e a perplexidade, viveu as surpresas de Deus. Pode enfim, afirmar: em Jesus, a misericórdia de Deus vence o mal!
Hoje, na glória de Deus, junto com seu Filho, Maria Mãe de misericórdia nos acolhe em seus braços. É sinal da ternura recriadora de Deus. E ela nos pede para sermos misericordiosos com os outros, como fez Jesus (Lc 6,36).
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