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Padre Rafael Vieira fala sobre Prêmios de Comunicação da CNBB

Ao criar os prêmios Margarida de Prata para o cinema, Microfone de Prata para o rádio, Clara de Assis para a televisão e Dom Helder Câmara para a imprensa, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) buscou estabelecer um diálogo com o mundo da comunicação, da cultura e da criação artística, e, ao mesmo tempo, reconhecer e valorizar o trabalho dos profissionais de comunicação.

A CNBB destaca também os valores impressos nas obras como testemunhos de um olhar atento ao que acontece na sociedade, através da denúncia de seus erros ou omissões, ou da afirmação de vivências que se tornam exemplos e modelos de atuação para a construção de um mundo melhor, mais solidário e fraterno. Os prêmios levam em conta também a valorização da dimensão espiritual do ser humano e sua capacidade de construir o bem, além da qualidade técnica e artística das obras. Também incentiva e propaga a difusão da produção no sentido de torná-la conhecida e amplamente consumida.

O JS bateu um papo com o assessor da Comissão Episcopal para a Comunicação da CNBB, padre Rafael Vieira. Ele falou que são esperados trabalhos que coloquem em relevo, de algum modo, os valores humanos e, principalmente, aqueles que estão presentes no Evangelho. Veja entrevista na íntegra.

Jornal Santuário de Aparecida Os prêmios de comunicação da CNBB têm uma história de credibilidade e reconhecimento. Pode avaliar aspectos importantes em todos esses anos em que a CNBB reconhece o trabalho da imprensa brasileira?

Foto de: Arquivo Pessoal

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Padre Rafael Vieira é assessor da Comissão
para Comunicação da CNBB

Padre Rafael Vieira – A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil tem representado o inteiro corpo da Igreja quando estabelece diálogos com a sociedade em todos os aspectos que colocam em relevo a vida, a justiça e a dignidade das pessoas. Desde a criação do primeiro prêmio de comunicação, ocorrida em 1967, a Conferência reconhece e valoriza, solenemente, o que se produz em várias áreas culturais e se coloca em relevo os valores humanos e cristãos.

O cinema brasileiro, por exemplo, tem recebido uma série de homenagens da Igreja por meio da concessão do “Margarida de Prata”. Várias produções em quase cinco décadas de história foram mencionadas pela CNBB. Para citar apenas dois nomes importantes junto ao público brasileiro, os cineastas Walter Salles e Silvio Tendler. Eles foram premiados pelos seguintes traballhos: Os anos JK (1980), Central do Brasil (1998), Josué de Castro, cidadão do mundo(1994), Terra estrangeira(1996), Castro Alves- Retrato do poeta (1999), Abril despedaçado (2001), Jango(1984) e Utopia e barbárie (2009).

O prêmio de Televisão, “Clara de Assis”, teve início, em 2005, com uma grande premiação. A CNBB concedeu o prêmio ao Jornal Nacional, da Rede Globo, pela cobertura dos dias inesquecíveis quando o mundo todo voltou os olhos para o Vaticano e acompanhou os funerais do Papa João Paulo II. O jornalista e editor do telejornal, campeão de audiência há decadas no Brasil, Willian Bonner, fez questão de se apresentar no auditório da Rede Vida, em Brasília (DF), para receber o prêmio.

O programa “Chimarreando com Cristo” da Rádio Cristal de Soledade (RS), ganhou o “Microfone de Prata”, em 2003. E o Jornal baiano “Correio”, de Salvador, foi contemplado com o prêmio de Imprensa, “Dom Helder Câmara”, em 2011, quando os jornalistas Alexandre Lyrio, Jorge Gauthier e Victor Uchoa fizeram um série especial de reportagens sobre Irmã Dulce tendo como título: “Além do hábito”.

JS A CNBB espera trabalhos de que tipo? Qualquer profissional de comunicação pode concorrer? 

Padre Rafael Vieira – Desde o início do mês de agosto estamos recebendo trabalhos que respondem a dois requisitos básicos: ter sido produzido entre 2014 e 2015 e coloque em relevo, de algum modo, os valores humanos e, principalmente, aqueles que estão presentes no Evangelho. Um comunicador que tiver em vista esses dois critérios pode se inscrever aos prêmios. As áreas também são definidas: Cinema, Rádio, Televisão e Imprensa.

Há quem pergunte a respeito da internet. Até agora, os trabalhos jornalísticos publicados somente na rede foram aceitos na categoria impressa. Mas, como o rádio e a TV também já estão na internet, o mesmo pode acontecer em relação a áudio e o audiovisual. Desse modo, se um comunicador tem algum material para apresentar e só teve sua publicação na rede pode, tranquilamente, se inscrever.

JS O que temos de diferente este ano? O que o participante pode esperar? Até quando é possível se inscrever?

Padre Rafael Vieira – Há novidades, ainda que o fundamento de concessão dos prêmios continue o mesmo. Os especialistas nas diversas áreas que formam o corpo de jurados de cada prêmio vão indicar três finalistas que serão vistos e analisados por uma comissão de bispos. Esta comissão vai escolher os ganhadores. Desse modo estamos inserindo diretamente os bispos no processo de premiação. Os responsáveis pelo setor de comunicação e, posteriormente, da comissão episcopal sempre tiveram presentes nesse processo, mas agora, teremos uma representatividade maior.

Os participantes podem esperar que seus trabalhos serão apreciados com seriedade e interesse. Todos os convidados da CNBB para ajudar na seleção são professores ou especialistas nas áreas dos prêmios. E os bispos que, em última instância, terão a palavra sobre os ganhadores também foram escolhidos pelos membros do Conselho Episcopal Pastoral com firme propósito de valorizar todos os trabalhos e escolher os melhores.

O prazo final para as inscrições é o dia 31 de dezembro de 2015. O pedido que a Comissão faz, no entanto, é que as inscrições sejam feitas o mais cedo possível para possibilitar uma maior organização do material. O modo de se inscrever é muito simples. Basta acessar o site da oficial da CNBB, clicar no menu “serviços” e achar “Prêmios de comunicação”. Lá se encontra o hotsite que também pode ser acessado diretamente digitando: premioscomunicação.cnbb.br. Neste hotsite pode-se fazer a inscrição e, em seguida, enviar o material para a sede da CNBB pelo correio.

JSAcredita que a imprensa brasileira procura fazer um trabalho com base em valores úteis a sociedade e que contemplem transformações?

Padre Rafael Vieira – Imprensa brasileira é um mundo imenso. Há profissionais e empresas fazendo trabalhos que tem valores sólidos, úteis e transformadores. Mas, nem todo esse mundo funciona do mesmo modo. No momento, a maior parte da imprensa brasileira encontra-se enfileirada numa mesma posição anti-governista e isso fortalece uma ladainha de queixas que, por vezes, parece desconhecer a realidade do País. Uma imprensa que se alimenta de metas políticas pode ser bastante prejudicial na formação da opinião do cidadão. Há carência de profissionais e veículos independentes, livres, capazes de criticar governo e oposição.

A crise econômica que assola o Brasil tem um tratamento altamente político por parte de seus principais atores e a imprensa tanto registra como inflaciona essa situação. As soluções que a análise da imprensa fornece aos seus públicos tem lado, tem cor ideológica, tem nomes e tem partidos políticos. Desse modo, parafraseando o marqueteiro James Carville que elegeu Bill Clinton, nos Estados Unidos, em 1993, o que está impregnando a imprensa brasileira, na verdade, não é a economia em crise, mas a política estúpida. 

JS A imprensa católica tem procurado se especializar mais, resultando numa melhor qualidade dos trabalhos?

Padre Rafael Vieira – A impressão geral é que isso está acontecendo. E pode se supor que essa especialização esteja sendo considerada não somente pela maior habilidade profissional dos novos colaboradores da imprensa católica, mas também pela capacidade de estudo e discernimento que esses profissionais têm diante da realidade do Brasil. Conteúdos com mais fundamentos e visão do conjunto têm ajudado mais as comunidades no acompanhamento dos fatos e da vida.

O quadro geral das publicações católicas, no entanto, continua padecendo de excessivo olhar para o interno da Igreja. Os tempos atuais não se interessam por instituições que vivem apontando para si mesmas. E nem parece ser essa, a Igreja sonhada pelo Papa Francisco que usa imagens fortes para se referir a ela como “hospital de campanha”. Para ele, a Igreja é lugar de acolher todos os machucados pelo mundo na guerra da vida. Ele pede para que a Igreja saia dos seus ambientes e seja missionária pelos caminhos da terra. A imprensa católica precisa se inteirar mais do que essas advertências do Papa tem a ver com o específico de sua missão.

 JS Deseja ressaltar mais informações?

Padre Rafael Vieira – Os Prêmios de Comunicação da CNBB estão precisando de maior divulgação. Diante dessa necessidade, a Comissão para Comunicação insiste para que em todas as paróquias e comunidades do Brasil se fale dessa iniciativa dos bispos. A melhor propaganda é a conversa no interior das comunidades. Seria importante que essas conversas chegassem aos produtores de Cinema, Rádio, Televisão e do Jornalismo como incentivo para inscreverem os seus trabalhos. E também fosse levado a todos um convite insistente para que acompanhem o processo de seleção e, principalmente, a cerimônia de entrega dos prêmios que será realizada no dia 8 de abril de 2016, à noite, por todas as emissoras de TV de inspiração católica do Brasil.

Se alguma emissora de rádio e TV ou algum jornal puder repassar o convite da Conferência para as inscrições, retire todas as informações necessárias do próprio hotsite dos prêmios e reproduza com toda liberdade. Há ainda um meio que qualquer pessoa pode colaborar com essa divulgação: faça um link nos perfis ou fanpage do Facebook ou de outras redes sociais para que círculos cada vez maiores de pessoas possam tomar conhecimento dos prêmios.

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