Paulo Freire afirma em seu livro 'Pedagogia da Autonomia' que "quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se ao ser formado". Essa dinâmica de interação deve acontecer no convívio social e na vida da comunidade. Todas as comunidades de vida do sujeito devem ser levadas em conta, pois são suas pequenas polis e que devem basear-se na solidariedade entre seus componentes.
O Catecismo da Igreja Católica fundamenta a importância do convívio social como uma exigência da natureza humana:
"A pessoa humana tem necessidade da vida social. Esta não constitui para ela algo de acessório, mas uma exigência da sua natureza. Graças ao contato com os demais, ao serviço mútuo e ao diálogo com os seus irmãos, o homem desenvolve as suas capacidades, e assim responde à sua vocação".
Nesse sentido, o diálogo ganha força como proposta de interação e recriação. O diálogo é uma exigência existencial, pois, é o encontro dos que se solidarizam para refletir sobre o seu próprio agir, seus desejos de deliberações e construções de novas determinações que geram o bem comum.
O Catecismo da Igreja Católica ainda reflete o diálogo como uma necessidade humana:
"Em conformidade com a natureza social do homem, o bem de cada um está necessariamente relacionado com o bem comum. E este não pode definir-se senão em referência à pessoa humana: 'Não vivais isolados, fechados em vós mesmos, como se já estivésseis justificados; mas reuni-vos para procurar em conjunto o que é de interesse comum'".
"Somente pelo diálogo é possível a criação e a libertação do peso das determinações que pesam sobre a humanidade".
Para Paulo Freire, somente haverá diálogo quando os sujeitos envolvidos sentirem um profundo amor aos/as homens/mulheres e ao mundo e assim, na concretude do amor, pronunciar o mundo e, isso se estabelece na coragem e não no medo. Sendo assim, somente pelo diálogo é possível a criação e a libertação do peso das determinações que pesam sobre a humanidade. No Livro 'Pedagogia do Oprimido' afirma:
"O diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidariza o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de idéias a serem consumidas pelos permutantes".
Em todos esses livros 'Educação como Prática da Liberdade', 'Pedagogia do Oprimido', 'Pedagogia da Esperança' e 'Pedagogia da Autonomia', Paulo Freire divulga a Educação como o caminho para a libertação, pois somente ela mantém aberta a esperança da transformação.
A educação como prática de liberdade, ao contrário daquela que é prática de dominação, implica na negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado no mundo, assim também na negação do mundo como uma realidade ausente nos homens.
Enquanto a educação bancária nega a dialogicidade, a criação e a poiésis, a educação dialógica fundamenta-se na relação entre os sujeitos nela envolvidos, onde todos se encontram, se completam e se respeitam reforçando a convivência, princípio primeiro da Pólis. A esse respeito Freire afirma que:
"Ao fundar-se no amor, na humildade, na fé nos homens, o diálogo se faz uma relação horizontal, em que a confiança de um pólo no outro é conseqüência óbvia. Seria uma contradição se, amoroso, humilde e cheio de fé, o diálogo não provocasse este clima de confiança entre seus sujeitos".
"O homem é em si mesmo um sujeito de relações, por isso ele cria sua consciência de mundo, constrói sentidos e significações para sua existência e condição humana".
O diálogo é o canal da vivência democrática e por ele os sujeitos interagem, debatem se expressam, ouvem, são ouvidos e interagem com e na realidade estando com o mundo e não apenas no mundo. O homem é em si mesmo um sujeito de relações, por isso ele cria sua consciência de mundo, constrói sentidos e significações para sua existência e condição humana. Ele modifica sua existência, rompe, desconstrói, constrói e destrói.
Ao tomar consciência de si é estabelecida uma relação entre o que é e o que ainda pode ser, não se reduzindo ao naturalismo e determinismos a ele intencionado. Por ser um ser de relação é inerentemente um ser de comunicação e interação com os seus pares, com sua história, com sua existência, mas que se realiza em sua coletividade.
No livro 'Pedagogia da Autonomia' Freire destaca: “Estar no mundo implica necessariamente estar com o mundo e com os outros”. Também afirma no livro 'Política e Educação: ensaios': “Ninguém nasce feito: é experimentando-nos no mundo que nós nos fazemos”. Já no livro 'Educação como Prática de Liberdade' ensina que: “Só na convicção do inacabado pode encontrar o homem e as sociedades o sentido da esperança. Quem se julga acabado está morto!”
O diálogo sustentando na esperança como referencial possibilita refazer a reflexão, superar as contradições, evidenciar novas perguntas e acrescentar novas dimensões à formação humana. É na 'Pedagogia da Esperança' que encontra a certeza de que a Educação não pode avalizar o determinismo sob pena de ferir seu principal sentido.
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