É certo que depois do Concílio Vaticano II, muitos clérigos se afastaram de alguns símbolos, considerados arcaicos. Mas a dúvida de hoje é:
Por que os padres modernos usam cada vez menos as vestes clericais no quotidiano?
Há um cânon no Código de Direito Canônico que legisla a respeito desse tema:
“Os clérigos usem hábito eclesiástico conveniente, de acordo com as normas dadas pela Conferência dos Bispos e com os legítimos costumes locais.”
, Cân. 284
Bem, este é o livro que obriga, exorta e defende legalmente os membros da Igreja Católica. Por isso, falamos de Lei Eclesiástica Universal. Assim sendo, é obrigatório aos sacerdotes, bispos e cardeais o uso das vestes clericais.
Por outro lado, o ex-secretário da Congregação para os Bispos, Dom Lucas Moreira Neves, fez redigir uma regra aqui no Brasil, em 1987, dizendo que os clérigos deveriam usar “um traje eclesiástico digno e simples, de preferência o ‘clergyman’ ou a batina”. As palavras de Dom Lucas mostram que o tema é controverso, e que as vestes não são fundamentais na obra da evangelização.
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Em 2013, deparamo-nos com a Nova Edição do Diretório para o Ministério e a Vida dos Presbíteros, que novamente vem insistir na importância de se cumprir a lei conforme se encontra no Direito Canônico, pois:
“Numa sociedade secularizada e de tendência materialista, em que também os sinais externos das realidades sagradas e sobrenaturais tendem a desaparecer, sente-se particularmente a necessidade de que o presbítero — homem de Deus, dispensador dos seus mistérios — seja reconhecível pela comunidade, também pelo hábito que traz, como sinal inequívoco da sua dedicação e da sua identidade de detentor de um ministério público”. (61).
Enfim, a Igreja insiste com os clérigos no uso das vestes clericais decorosas, em todo momento da vida pública. É certo que esse tema gera paixões naqueles que defendem piamente o lado que mais lhe agrada. Os que amam andar por todo lado de batina ou de clergyman vão sempre defender de unhas e dentes essa norma, transformando-a em dogma da Igreja. Por outro lado, aqueles que abominam qualquer tipo de símbolo da Igreja vão se apresentar ao Povo de Deus de forma relaxada e indecorosa, insultando os demais que pensam diferentemente.
Estar no meio, buscando o equilíbrio e se afastando do fanatismo, é o melhor remédio. Sabe-se que hoje ninguém vai obrigar a maioria dos sacerdotes a usar clergyman ou batina, mesmo que voltem punições severas como outrora. Dessa forma, que nós clérigos nos apresentemos, então, com decoro e dignidade ao Povo de Deus, não só nas vestimentas, mas também — e principalmente — nas atitudes.
Existe muita gente por aí usando batina e clergyman e sendo arrogante, iracundo, agressivo, emburrado e legalista, quase refundando a religião do farisaísmo. Por outro lado, há tantos outros que pregam a simplicidade e o despojamento, mas que padecem dos mesmos vícios elencados acima. Portanto, sejamos decorosos e simples, mas de coração manso e humilde como Jesus nos ensinou!
Sim, o sinal é importante. As pessoas saberem que você é padre é um direito que elas têm. O símbolo fala muito na cultura de hoje. E isso também tem o seu lado negativo.
Numa sociedade de fetiches, o clérigo com sua “farda” se torna alvo de desejos e paixões delirantes. E seu uso abusivo desses símbolos, feito por meninos e jovens que só aprendem a repetir discursos de fundamentalistas, também traz preocupações. Por outro lado, aqueles que se perdem no meio da multidão, sem serem reconhecidos, também correm os riscos que o anonimato apresenta.
Por isso, com vestes clericais ou sem elas, sejamos fiéis ao que Deus nos entregou: o sacerdócio!
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