Por Eduardo Gois Em Notícias Atualizada em 09 ABR 2019 - 11H00

“É possível vencer a insegurança”, diz psicólogo

Na vida, algumas situações podem desencadear medo – o que é considerado perfeitamente normal.

Diferentemente do medo, a insegurança presente em algumas pessoas, pode estar ligada a problemas de autoestima e traumas do passado, causando, muitas vezes, problemas sérios no ambiente corporativo. O JS bate um papo com o master coach trainer e psicólogo João Alexandre Borba, que esclarece questões ligadas ao tema e passa orientações sobre como lidar com o problema.

Jornal Santuário de Aparecida – Qual a diferença entre medo e insegurança?

Shutterstock
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João Alexandre Borba – O medo gera insegurança, mas só existe se houver um perigo. Já a insegurança está muito conectada com a ideia da autoestima e de autoconfiança. Envolve uma questão mais pessoal de identidade. O medo, não.

Se você está em um ambiente em que existe uma cobra e ela é venenosa, sentirá medo. Vai sentir-se inseguro porque não sabe como lidar com aquilo.

Quando você está com medo, fica inseguro, mas nem sempre quando está inseguro fica com medo. Se eu tenho medo de a minha esposa me deixar, não é medo; eu estou inseguro, porque eu não corro perigo de ficar sozinho.

Reprodução/Youtube
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JS – É normal as pessoas sentirem medo?

Borba – É muito difícil um ser humano não ter medo de nada. Porém, há uma diferença do medo para fobia. Quando não se consegue nem ficar no ambiente onde existe uma barata, por exemplo, ou se perde o controle sobre si, aí existe a fobia.

JS – Qual a relação entre insegurança e baixa autoestima?

Borba – Uma pessoa que tem uma baixa autoestima não consegue confiar nela própria, pois acredita que o que vem dela, muitas vezes, não é tão positivo quanto o que as outras pessoas trazem. Esse tipo de pessoa não consegue valorizar a própria opinião e vive em um mundo interno que não permite a auto-exposição.

Às vezes essa pessoa pode ter muitas qualidades que deveria expor mas que, às vezes, no passado, por ter exposto isso, pode ter sido magoada. Aí vem a insegurança. E isso acontece pelo fato de a pessoa ter a sensação de que, toda vez que se expõe, algo negativo acontece, é magoada, ou alguém lhe fala algo que não gostou e ela começa a achar que o problema está nela.

Funciona como se fosse uma perda de contato com a própria emoção, com a habilidade de se ver, de se olhar e de se analisar.

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Borba – É horrível quando isso acontece, porque a pessoa para de se expor e começa a ficar com receio de que coisas negativas possam acontecer, se ela se expressar. A pessoa começa a ir se fechando e muitas vezes isola-se do grupo de amigos, não consegue fazer o networking, que acontece no meio corporativo. As relações ficam mais enfraquecidas e, em alguns casos, ocorre até uma baixa de produtividade.

JSAté que ponto traumas da infância e adolescência podem influenciar na insegurança?

Borba – Todo trauma gera uma insegurança, sem exceção. E, se essa insegurança não for trabalhada, vai transformando-se. Por exemplo, se eu fui uma criança muito criticada, posso tornar-me um adulto crítico que, para me proteger e não receber mais críticas, começo a criticar todo mundo. Ou posso virar uma pessoa hipersensível a qualquer tipo de críticas.

Muitas inseguranças dos adultos vêm de situações do passado, mas não todas. Por exemplo, o medo de amar, de se entregar, de mergulhar numa relação de cabeça. Aparece uma situação nova e as pessoas querem ficar na zona de conforto.

JSPor que tantas pessoas preferem ficar na zona de conforto?

Borba – A maneira como a sociedade constrói a mentalidade de uma criança é muito voltada à censura. Não se estimula muito que a criança descubra-se e perceba seus talentos. Então, muitas pessoas tornam-se adultas, mas inseguras. Quando essas pessoas vão para um ambiente de trabalho, não usam seus talentos, porque caem em profissões que não têm nada a ver com suas aptidões. O autodesenvolvimento acontece quando se vai para uma área específica que tem a ver com algum dom, causando aquela sensação boa de que o trabalho é agradável.

JS – Que dicas pode passar para pessoas inseguras em relação ao ambiente de trabalho?

Borba – É importante, em primeiro lugar, colocar a ideia no papel. Quando a gente observa a própria ideia, passa a ter uma visão de terceira pessoa, tirando-a do mundo mental e colocando-a na prática. Quando começar a ler a ideia, deve traçar os direcionamentos que poderia tomar, montando uma espécie de um minimapa que permitirá construir todas as ramificações que essa ideia pode proporcionar.

Depois, é preciso mostrar a alguém. Pode ser um amigo em que confie. Mesmo que ele não entenda do assunto, é preciso pedir para que ele observe e opine. Parece algo bem simples, mas tenho tido grandes resultados com clientes que têm feito isso, porque eles têm visto as próprias ideias de um jeito diferente.

Outra orientação importante é levantar quais são os pontos fortes da pessoa. Fazendo isso, ela vai começar a perceber que tem muitas qualidades. Isso vai valorizá-lo mais e ajudá-lo a vencer a insegurança.

JSQuando a autoestima é baixa, há dificuldade de achar os pontos fortes?

Borba – Sim,mas é preciso que a pessoa localize, na vida dela, três grandes momentos em que teve orgulho de si mesma. Esse é um passo importante, mas acho que o segredo para sair da segurança é ousar. A pessoa insegura pode começar entendendo-se, descobrindo-se, mas, a seguir, ela tem de aplicar em algo prático, para não se restringir só ao nível mental.

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