É comum, nos tempos de hoje, encontrarmos pessoas carentes, aflitas, depressivas, em pânico, estressadas. Fala-se que a sociedade moderna se preocupou muito mais em fabricar máquinas do que humanos, mais mecânica do que espiritualidade, mais lucro do que o essencial.
Em meio a esse menu de sintomas patológicos e febris, notabilizamos a ausência de um gesto: o do abraço.
Já parou para pensar que dificilmente uma pessoa te abraça? Há quem se contenta com um “tudo bem?”, outros com um “oi” e não passa disso. Já pensou se, com todas as pessoas que encontrássemos, tivéssemos a bondade de cumprimentá-la com um abraço ou, se preferir, um "amasso"?
No contexto bíblico, o abraço significa misericórdia. Vale recordar aqui o abraço do Pai no filho pródigo. As mazelas, as decepções, os pecados, a arrogância, a precariedade, a soberba, se dissolveram no abraço do Pai misericordioso.
Não tenho dúvida de que aquele sujeito sem nome (pode ser eu ou você) que pegou a parte da herança e partiu para o mundo, contemplou a verdade interpretada por Martha Medeiros: “Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve”. O abraço esmagante do Pai devolveu àquele filho desgraçado o dom da vida, da eternidade.
O abraço, segundo alguns especialistas, faz bem para a saúde psíquica e física. Ele tem o poder de aumentar os níveis de uma substância chamada oxitocina, que tem a particularidade de reduzir os estados de stress e ansiedade, aumentando a felicidade e o bem-estar das pessoas. Pessoas com um nível elevado de oxitocina têm a probabilidade de desenvolverem um comportamento maior de ligação entre as pessoas. Você sabia disto?
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O normal seria trocar belas saudações, nobres palavras, ricas frases, mas eles optaram pelo abraço, pois permitia que eles se sentissem. Quando vemos uma sociedade (famílias, grupos, religiões) machucada, triste, sem rumo, sem esperança, nós podemos dizer que estamos vendo (e vivenciando) uma sociedade que perdeu a capacidade de se sentir.
O poeta português Fernando Pessoa já dizia: “quem sente muito, cala; quem quer dizer quanto sente, fica sem alma nem fala, fica só, inteiramente”! Já Drummond se atreve dizer que “se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge de todas as explicações possíveis”.
Traduzindo: amar não é teoria, é sentir. Abraçar é amar. Abraçar é discursar sem palavras. Abraçar é poder entrar no outro sem pisar no seu terreno. Abraçar é ser mais gente. Abraçar é uma forma de teologar... pois até Deus quis morar no abraço!
Fonte: Vinícius Figueira e Fernanda Venturim Vantil
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