Ladir Biezus, dono da Coleção e padre Daniel, administrador-ecônomo do Santuário ao lado da possível 'irmã' da Imagem de Nossa Senhora Aparecida (Foto: Flávia Gabriela)
Santuário Nacional acolherá exposição a partir de maio
O Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS-SP) abriu no último sábado (20) para visitação, a exposição Mestres Santeiros Paulistas do Século XVII na Coleção Santa Gertrudes.
Mestres santeiros importantes como Frei Agostinho de Jesus, a quem é atribuída suposta autoria da escultura da Imagem de Nossa Senhora Aparecida encontrada nas águas do Rio Paraíba do Sul, estão contemplados na mostra. Além dele, Mestre Sorocaba, Mestre do “Cabelinho Xadrez” e Mestre do “Bolo de Noiva”, entre outros, também possuem peças nesta coleção.
Um dos destaques da exposição é uma escultura também de Frei Agostinho de Jesus com muita semelhança à imagem de Nossa Senhora da Conceição, encontrada pelos pescadores em 1717. Essa exposição da escultura é inédita.
Biezus, que é muito devoto de Nossa Senhora, iniciou a coleção no início da década de 70, com uma imagem de Santa Gertrudes, por isso o nome da coleção. Posteriormente todas as demais imagens foram sendo adquiridas. Segundo Biezus, foi feita uma pesquisa para que se chegasse às imagens oriundas de São Paulo e que tivessem traços em comum.
O dono da exposição explicou a sua ligação com Nossa Senhora e justificou porque as imagens marianas predominam a coleção. “O Século XVII era uma época em que os portugueses vinham à procura do ouro e em busca de expansão de território. Confrontados pelos perigos, imagino que a noite em suas angústias sobrevinha o medo. Então, penso que a presença da imagem de Nossa Senhora era um refúgio, um colo, um pouco de paz para a alma. Eles as traziam consigo”, disse.
O colecionador ressaltou que sua pesquisa identificou que a maioria das imagens desta época eram de figuras femininas. “Muitas são as imagens marianas produzidas nesta época. Na minha pesquisa identifiquei que a maioria das imagens produzidas nesta época eram imagens feminina. Eu mesmo identifiquei cerca de 96%. Isso representa a busca de um feminino sagrado e arquetípico que naufragou no inconsciente e que precisa ser resgatado. O oposto dessa busca do feminino sagrado que Nossa Senhora representa é o fundamentalismo de toda a natureza. São exacerbações das qualidades guerreiras e masculinas. Onde Nossa Senhora está presente a comunidade, a nação, estão ao abrigo do fundamentalismo”, enfatizou.
A mostra tem curadoria de Maria Inês Lopes Coutinho e permanece no Museu de Arte Sacra até 29 de maio, quando seguirá para Aparecida.
Santuário Nacional acolherá exposição a partir de maio – A partir do mês de maio a exposição Mestres Santeiros Paulistas estará no Museu do Santuário Nacional de Aparecida.
Para abrigar esta coleção, o Santuário já está providenciando uma adequação na estrutura de seu Museu, localizado na Torre Brasília.
A exposição foi incluída como parte do calendário de eventos preparativos para o Jubileu dos 300 anosdo encontro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida.
“Para o Santuário, nesta época de preparação para um momento tão importante, significa muito. De algum modo isso nos ajuda a entender que a Imagem de Nossa Aparecida não é uma peça a parte, mas faz parte de uma época, uma história de transição dos mestres santeiros religiosos para os mestres santeiros leigos. A exposição em questão também nos aproxima de Frei Agostinho. Temos a oportunidade de ver imagens que talvez foram feitas pelas mesmas mãos que fizeram a Imagem de Nossa Senhora Aparecida”, disse o administrador-ecônomo do Santuário Nacional, padre Daniel Antonio.
A curadoria da exposição é de Antonio Carlos Suster Abdalla.
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