O Papa Paulo VI, fala expressamente de culto mariano já no título de sua exortação apostólica “Marialis Cultus”, ou seja, “O culto a Maria”. Nesse documento, Paulo VI apresenta formas variadas de culto e práticas de devoção à Maria. Devoção popular e/ou piedade mariana está dentro do que nós chamamos de religiosidade popular. Esta religiosidade está sendo hoje redescoberta. Ela é estudada por várias ciências. Dentre tantas, se destaca a história, a etnologia, antropologia e a sociologia. A redescoberta desta religiosidade popular é importante, já que vivemos num mundo secularizado e escasso de sinais. Diante disso devemos fazer uma interpretação nas profundezas da expressividade popular. A devoção é o termo com que no vocabulário religioso, e não somente cristão, designa a atitude que comporta a entrega total de si mesmo.
A devoção popular faz parte da linguagem do povo, por isso não podemos só usar linguagem acadêmica. E essa devoção popular influencia também a Mariologia. Daí dizer que Maria é inculturada. Um dos objetivos que se estuda Mariologia segundo a Igreja, é o motivo cultual, ou seja, celebrá-la de modo adequado na liturgia e nas práticas da devoção popular. O verdadeiro amor é sempre exagerado, pois o discurso sobre a pessoa de Maria segue o “amor sem limites” como seu a priori, como afirma o Mariólogo Clodovis Boff.
São muitas as belezas que Maria inspira aos seus filhos e filhas. Ela sabe falar conosco. Sabe atingir nossos corações. E nós também sabemos chegar a Ela, mesmo que seja para petição. E uma das maneiras de chegar a Maria é por práticas piedosas – não no sentido pejorativo – mas no sentido de invocá-la na fé e uma fé madura, mas de uma maneira simples. Disso discorre o sentido da redescoberta desta popular religiosidade, dando assim um sentido teológico a essas práticas de devoção à Mãe de Jesus. Se existem fiéis que não sabem aproveitar bem a devoção popular, isso não é culpa de tal devoção e sim de alguns fiéis, que ainda vivem de uma fé um pouco ingênua. A devoção popular tem o seu devido valor. Quando vejo as romarias rumo à Aparecida, e depois o povo diante de sua imagem, percebo em cada olhar a esperança cristã, a esperança de chegar aonde Maria chegou. Não é adoração! É veneração! E a Igreja chama essa veneração por uma palavra um pouco diferente: “hyperdulia”. A imagem da padroeira de nossa nação brasileira é expressão da maternidade de Deus Pai no mundo.
Desde sempre, a Igreja colocou um olhar investigativo na pessoa de Maria. As expressões cultuais e culturais que dizem respeito à Maria são fenômenos que não aparecem de forma alguma estáticos e isolados. Se por ventura aparece assim, é por que não se descobriu ainda o valor que isso tem para a fé. Um exemplo são as aparições, que sempre acontecem dentro de um contexto.
Maria brilha no fúlgido horizonte da Igreja, para a maior glória de Deus, e para o bem dos fiéis.
Maria brilha no fúlgido horizonte da Igreja, para a maior glória de Deus, e para o bem dos fiéis. Maria é parte integrante da identidade católica do povo brasileiro. O Brasil testemunha sobre a proteção maternal de Maria. Por isso a Igreja nos ensina a olhar para Maria como sinal de esperança segura e consolação para o povo de Deus peregrino. A história dá testemunho do que estou falando. Percebemos isso pelo “roteiro” da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida: das águas para a casa dos três pescadores; desta casa para a simples capelinha; desta para a pequena Basílica e desta para a gigantesca Basílica Nacional, que é o “coração” do Brasil católico. Em todo este itinerário, quantos altares foram elevados para a querida imagenzinha de Aparecida? Quantos sinais Deus pôde ter realizado na vida de tanta gente, por meio da Senhora Aparecida?
Isso é uma expressão de devoção popular. O fato da colocação do manto e muito mais da coroa, são também sinais visíveis de uma devoção popular que descobriu o verdadeiro sentido do amor à Mãe do céu e com isso, nossa nação quis demonstrar visivelmente seu carinho e respeito para com Aquela que nos conduz ao Sol de Justiça, Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor. O Santo Rosário, prática devocional, tornou-se hoje uma oração litúrgica, recomendada pelo Magistério da Igreja e rezada pelos Papas. O Rosário, assim como os títulos marianos, é uma forma de “elogiar” Maria, engrandecendo suas virtudes. A pessoa apaixonada não cansa de demonstrar seu amor à pessoa amada. Somos apaixonados por Maria, devido a sua humildade e formosura. Maria é Mãe e Rainha, mas Ela é mais Mãe que Rainha. É também companheira e amiga. Mas para mim é um milagre de ternura!
Prof. Ramon Aparecido Ramos
Membro da Academia Marial de Aparecida
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