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Maria a Missionária comprometida, visita sua prima Isabel

Escrito por Academia Marial

20 OUT 2022 - 00H00 (Atualizada em 21 OUT 2022 - 15H45)

Thiago Leon

A dimensão missionária visitar: “Maria põe-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá” (Lc 1,39).

1 – Introdução

Maria é modelo para ser introduzida e lembrada durante o Ano Jubilar Missionário, e todos os dias como Nossa Senhora da prontidão, que sai para visitar. O ano jubilar deseja despertar uma maior consciência da missão mais ampliada, na comunhão e participação, retomando com novo ardor na ação missionária de toda obra da Igreja.

O tema do ano jubilar é muito sugestivo: “A Igreja em estado permanente de missão” e o lema “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). A tarefa missionária em “saída”, tem como referência pilares para a missão evangelizadora. Primeiro a pastoral missionária; segundo a nova evangelização; terceira missão além fronteiras. Apresentadas na visita missionária de Maria, Mãe de Jesus Cristo, a missionária por natureza.

Sendo luz para as comunidades eclesiais missionárias, nas visitas as casas, hospitais, escolas olhando para o exemplo de Maria, Mãe de Jesus Cristo, que partiu apressadamente para visitar sua prima Isabel. Que as comunidades eclesiais possam beber dessa fonte missionária neste ano jubilar, e colocar em prática a missão da Igreja.

2- A importância da verdadeira visita missionária de Maria

A visita missionária de Maria é uma das passagens inspiradoras da Sagrada Escritura, que precisa ser levada em consideração, se verdadeiramente queremos ser Igreja em “saída”. Principalmente, quando sabemos que foi uma verdadeira viagem, com vários dias de caminhada, com seus riscos e muitos quilômetros de distância. Essa missão era de subida, Nazaré está a certa de 350 metros acima do nível do mar, a cidade onde Isabel morava estava a mais de 700 metros. Esse caminho era bastante desafiador para ser percorrido aproximadamente 150 quilômetros, passando por quatro cidades.

O Arcanjo Gabriel se antecipou e contou para a jovem Maria, da pequena cidade de Nazaré, que sua prima Isabel estava grávida. Aquela mulher, com avançada idade, também foi agraciada pela bondade de Deus, com o dom da maternidade. Como é profundamente maravilhoso receber boas notícias de parentes e amigos! Maria, prima de Isabel e esposa de José, com o coração cheio de alegria e disponível, saiu apressadamente em missão para a região montanha da Judeia, caminho de difícil acesso para visitar sua prima. 

Thiago Leon
Thiago Leon
Visitação, obra de Lúcio Américo

A visita missionária de Maria a sua prima Isabel aconteceu para que o Novo Testamento contemplasse o Antigo, sendo assim a Antiga Aliança pudesse saudar a Nova e Eterna Aliança. Esse acontecimento, simboliza o que representa e significa o nome de Isabel “Deus prometeu”, o nome de Zacarias significa “Deus se lembrou”. A segunda oração mais conhecida a “Ave Maria”, nela tem palavras de Isabel a Maria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1,42). Naquela visita, a Sagrada Escritura lembrou através das palavras de Isabel: “O que foi dito da parte do Senhor, será cumprido” (Lc 1,45), por isso Isabel tinha as portas do coração aberta para acolher Maria e Jesus.

O encontro de duas mulheres, que são primas, com missão evangelizadora, relacionando Antigo e Novo Testamento. No ventre materno de Isabel gerando João Batista, aquele que tinha a missão de preparar os caminhos do Senhor. No seio virginal de Maria, gerando o Filho amado de Deus, aquele que viria ao mundo para salvar a todos. Maria é o lugar onde acontece a revelação do Mistério da Encarnação, por isso é a perfeita missionária de Deus, pai criador e gerador de vida plena para a salvação da humanidade.

3- Sentido teológico da visita missionária de Maria de Nazaré

Na teologia apresentada pelo evangelista Lucas, fundamenta-se a missão de Maria de Nazaré, servidora do projeto, onde ela assume com profunda liberdade e autenticidade, adere na condição humana, ser filha de Deus. Isabel, estéril e anciã, Maria, jovem e virgem, as duas grávidas para apresentar tempos novos para a caminhada do povo. Seja na dimensão missionária de Maria, para servir quem tem necessidade, na alegria, na ternura do encontro de cuidado

externando a graça amorosa de Deus. Maria é exemplo de servir com liberdade, doou a vida para cumprir o que fora prometido: “da promessa de seus pais, em favor de Abraão e de sua descendência para sempre” (Lc 1,55), Maria acreditou na promessa de Deus.

A coragem missionária de Maria, em colocar-se inteiramente no caminho para ir ao encontro da mulher idosa, Isabel e grávida de João Batista, foi no sentido de partilhar a alegria em busca de vida nova. Maria e Isabel são a base para expressar duas gerações que se encontravam para fortalecer, colaborar com a realização da promessa de Deus. O encontro das duas mulheres, apresentada no Evangelho de Lucas, realça a presença feminina no sentido de força e autenticidade delas.

A caminhada missionária de Maria, colocando-se rumo a casa de sua parenta, mostra uma festa que provoca o anúncio e a proclamação de ser uma mulher muito especial, por ser a mãe do Senhor. “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre!” (Lc 1,42). O precioso encontro dessas duas mulheres dá início ao anúncio de uma nova interpretação, antropológica e teológica de um novo tempo da economia da graça salvadora do seu humano. Maria realizou essa grande viagem missionária porque tinha Deus dentro de si mesma.

O Evangelista Lucas relata que Maria, a jovem da cidade de Nazaré e grávida, já leva o Bendito Fruto no seu ventre materno, ela era e continua sendo a Bendita entre todas as mulheres. Como as grandes mulheres representadas na Bíblia: Sara, Rebeca, Raquel, Débora, Judite, Ester e Rute e outras mais, a Virgem Maria, se torna um precioso e valioso instrumento de salvação para o povo de Deus. Ela é a nova Arca da Aliança, que caminha com seu povo em busca de libertação para cumprir-se as promessas.

Maria entra na casa cumprimentou Isabel, esse encontro cheio de alegria, ternura, repleto de sentimentos e significados. João Batista se movimenta no ventre materno de sua mãe Isabel que ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? (Lc 1, 42-43). A fundamentação teológica baseia-se sobre três elementos essenciais: A fé, a maternidade, o Messias. Por isso Maria e Bendita entre as mulheres, a cheia de graça, assim nenhuma maternidade da história pode ser comparada com a maternidade de Maria.

4- Maria Mãe missionária, em comunhão com a missão do Filho

Essa visita missionária é uma explosão de felicidade e contentamento, torna-se aos olhos da fé verdadeira manifestação de Deus no seio da família e para toda a humanidade. Aquelas duas mulheres são portadoras das maravilhas do Criador. Isabel, desde a sua juventude, sonhava com a possibilidade de ser mãe; Maria foi surpreendida com o chamado para gerar o Filho de Deus. Assim, cumpre-se as promessas, porque “para Deus nada é impossível”. Ele sempre nos surpreende e transforma vida, basta saber confiar na imensidão de seu amor misericordioso.

A bem-Aventurada Virgem Maria da pequena Cidade de Nazaré, teve missão única e especial na história da salvação. Gerar o Filho de Deus, na força do Espírito Santo, na família humana, revelando a verdadeira força missionária na Igreja. O Documento de Aparecida, apresenta de forma magnifica a missão de Maria, no Continente na nossa América.

Maria Alice
Maria Alice


“Maria é a grande missionária, continuadora da missão de seu Filho e formadora de missionários. Ela, da mesma forma como deu à luz o Salvador do mundo, trouxe o Evangelho à nossa América. No acontecimento em Guadalupe, presidiu, junto com o humilde João Diego, o Pentecostes que nos abriu aos dons do Espírito [...], os diversos títulos e os santuários espalhados por todo o Continente testemunham a presença próxima de Maria às pessoas, e ao mesmo tempo manifestam a fé e a confiança que os devotos sentem por ela. Ela pertence a eles e eles a sentem como mãe e irmã” AP n.269

Uma grande verdade de fé, pode ser encontrada no dogma da maternidade divina de Maria, pronunciada por Isabel. Cheia da força do Espírito Santo, Isabel reconhece Maria como “Mãe do meu Senhor”. Na Sagrada Escritura, somente Deus é Senhor e ninguém mais. Maria não é senhora, ela é serva de Deus, ela é Bem-aventurada porque acreditou nas promessas de Deus. Ela é instrumento e canal da graça de Deus, que acolheu a Palavra eterna no seu ventre.

O evangelista João apresenta o mistério da encarnação: “e a Palavra se fez carne e habitou entre nós. Nós contemplamos a sua glória, glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade” (Jo 1,14). O logos de Deus se apresenta em pessoa, toma carne (em-carna-ção), para libertar seus filhos da escravidão e torná-los herdeiros de Deus (Gl 4,4), por isso nascido de mulher, da Virgem Maria, missionária do Pai, Mãe de Jesus Cristo, e da Igreja em missão.

Maria é a missionária contemplativa do mistério de Deus presente no mundo, na história diária de todos os seres humanos. Ela é mãe orante e trabalhadora na Cidade de Nazaré, também reconhecida como nossa Senhora da prontidão aquela que sai “às pressas” (Lc 1,39), para visitar sua prima. Com Maria continuemos nossa missão apresentada na Exortação Apostólica Alegria do Evangelho, do Papa Francisco, “A missão no coração do povo [...]. Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo. É preciso considerarmo-nos como que marcados a fogo por esta missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar” (EG, n. 273).

5- Conclusão

Bem definiu o Concilio Vaticano II, que apresenta Maria como imagem, tipo e exemplo da Igreja e celebra-a no decorrer do Ano Litúrgico, que é o próprio Cristo, sempre presente na sua Igreja, no qual nos ritmos e nas vicissitudes do tempo recordamos e vivemos os mistérios da salvação. A Virgem Maria é, por isso, a Mãe do Ano Litúrgico, porque é Mãe de Jesus Cristo. No decurso do ano, ou seja, na celebração dos mistérios de Cristo, encontra-se motivações para a veneração mariana: Colaboração de Maria na obra da salvação; Exemplaridade para a Igreja; Fruto mais excelso da Redenção; Imagem escatológica da Igreja.

Esse breve escrito deseja abrir caminhos missionários, no ano que a Igreja celebra o jubileu de ouro das pontifícias obras missionarias e das Igrejas irmãs, sua finalidade é celebrativa. Entre os textos marianos, sobressai a leitura narrativa da visita de Maria a Isabel. Encontro de duas mães à espera do nascimento dos seus filhos (Lc 1,39-45). João Batista, consagrado como o maior entre os nascidos de mulher, e Jesus Cristo que nasceu do seio da Virgem Maria, que tendo aderido pela fé o projeto e missão do desígnio de Deus, para a salvação da humanidade.

Olhando para a visita missionária de Maria a Igreja precisa: “Valorizar a dimensão mariana e outras formas de piedade popular na evangelização e missionariedade da Igreja, considerando que Maria foi a primeira missionária, que anunciou os discípulos na comunidade primitiva, com sua presença, fé e esperança” (DGAE CNBB, 109 n. 200)

Pe. Roberto Francisco Sebastião Natal – julho de 2022
Pós-graduação lato sensu em Mariologia pela Faculdade Dehoniana em parceria com a Academia Marial 

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