Senhora das dores é um atributo cristão referente só a Maria. A expressão antiquíssima traçou o perfil da mulher que acumulada de sofrimentos viu-se mergulhada num mar de dores. Não seria um título de fama bonito e desejável por nenhuma mulher e por ninguém! Gloriar-se das provações e aflições por que se passou! Às vezes, ao contrário, deseja-se esquecer tudo, apagar a lembrança das dores vividas. No entanto, Maria foi enaltecida desde os primeiros séculos da Igreja por suas dores. Venerada e louvada com esse título: Nossa Senhora das Dores (Pietá). Depois do título bíblico-oficial de: “mãe de Deus”, é possível que o de Virgem Dolorosa tenha sido o primeiro acolhido na piedade mariana popular. O sofrimento sobre-humano suportado heroicamente pela Mãe de Jesus, tão amada e tão invocada nos momentos de aflição, comovia os fiéis. Não só isso. Admiravam e procuravam imitar a personalidade firme, corajosa, inspiradora que a Virgem mostrou em sua vida. Em especial no Calvário: Stabat Mater! Nas primeiras comunidades a personalidade de Maria fortificou a fé dos próprios apóstolos vacilantes e medrosos. Mais tarde, quando as perseguições se abateram sobre os cristãos no império romano, de novo a personalidade forte da Mãe das dores, consolou e sustentou os mártires da Igreja. Era para eles a: “Rainha dos mártires”. Estar aos pés da cruz do Filho esmagado pela dor, foi para ela o mais cruel dos martírios. Hoje, em todos os povos onde a semente da Palavra e do sangue de Cristo germina, a mãe do Perpétuo Socorro está ao lado de quem sofre com Ele e por Ele.
Se a cruz foi o instrumento da salvação, a árvore da vida, o madeiro bendito porque nele se fixou o corpo lacerado de Jesus, Maria carregou a cruz ao lado da cruz. Assim ficou registrado no Evangelho com duas palavras: Stabat Mater! A mãe estava de pé junto à cruz do Filho. Estava de pé! Vendo tudo, ouvindo tudo, suportando tudo o que acontecia com seu amado Jesus. Sofrendo com ele lá estava Maria em todo o seu ser pessoal: seu corpo e seu espírito. Seu olhar, sua entrega de aceitação e paciência na dor, sua coragem feminina, sua presença firme na fé. Uma mulher frágil! A senhora de todas as dores bem junto ao Crucificado agonizante. Estivera junto dele, confiante em sua missão nos tempos difíceis do nascimento na estrebaria; no Templo quando ouviu angustiada a profecia do velho Simeão; na fuga precipitada para o exílio no Egito a fim de livrar seu bebezinho da crueldade dos poderosos. Mais tarde, procurando o menino que ficara perdido na viagem a Jerusalém. Anos depois vendo-o rejeitado pelas autoridades e líderes religiosos do povo. E apesar de inocente: acusado, preso e condenado à pior das sentenças, a da cruz! Enquanto Maria carregava a cruz ao lado da cruz, os próprios apóstolos abandonaram o Mestre. Um, aliás, o havia traído em troca do dinheiro. Outro, o havia negado por medo. Na hora “h” os discípulos ou fugiram, ou se esconderam no anonimato da massa. Ou seja, renegaram sua personalidade como discípulos dele!
Hoje também existem discípulos (as) alheios, distantes, sem garra, em cima do muro. Um cristão sem personalidade, sem identidade real com Cristo, foge, se omite, tem medo, não se compromete, se esconde. Vencidos pela covardia em afirmar sua fé, eles e elas não fazem comunidade com os demais. Muito menos na hora da cruz! Está fácil perder a firmeza do caráter cristão impresso no Batismo! É mais interessante ficar em cima do muro, ou entrar na onda do momento! Ser “politicamente correto”. Por isso, no caminho do discipulado missionário precisamos daquela mulher frágil, delicada, transpassada até o íntimo do ser pela espada da dor! Ela, Maria, é uma fortaleza na fé! É a primeira cristã. Decidida, fiel, com plena maturidade e opção. Sua fortaleza espiritual materna sustenta hoje a Igreja ao lado da cruz! Consola e conforta os doentes, os aflitos, os injustiçados, os pobres, as pessoas sofridas que nela confiam. Além de ser nossa mãe porque colaboradora com nossa redenção por Jesus é irmã nossa na peregrinação da fé. Na dolorosa solidão do Calvário a sua personalidade foi mais lapidada ainda. Projetou a discípula solidária em quem descobrimos as atitudes do verdadeiro cristão que sabe em suas dores completar o que falta à paixão de Jesus Cristo.
Que a mãe das dores, nos ajude a “ficar de pé” na cruz da provação! “Ó santa Mãe, dá-me isto: trazer as chagas de Cristo gravadas no coração!”
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