Segundo a Constituição Dogmática Dei Verbum, sobre a Revelação Divina, “Deus revela-se a Si mesmo e dá-se a conhecer o mistério da sua vontade, segundo o qual os homens, por meio de Cristo, tem acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina” (DV 2). A revelação pública encerra com a morte do último Apóstolo e encontra a forma definitiva na Revelação de Jesus, o Cristo, que encerrou de forma constitutiva com a definição do cânon bíblico. O amor de Deus passa a ser amado na pessoa divina e humana do seu Filho. A Revelação de Deus em Jesus é para toda a humanidade e é a razão de ser da Igreja. A Igreja não possui apenas a dimensão institucional, mas possui também seu sentido carismático. “As revelações privadas ou particulares nada acrescentam à Revelação pública, mas se inserem no plano da experiência, da comunicação e ajudam a interiorizar a mensagem do Evangelho” (DEL GAUDIO, 2014, p. 161).
O homem é um ser comunicável, e faz isto através dos sentidos. Por isto as mariofanias respondem a esta insistência antropológica, evidenciando como a presença divina habita na história humana. As mariofanias revelam a ternura de Deus, que desce para conversar com suas criaturas, respeitando o tempo e a cultura de cada povo. Como diz R. Laurentin, “o Filho chegou até nós por meio dela, da eternidade ao tempo, e ela prossegue, com ele, do tempo à eternidade”.
“O termo mariofanias foi criado pelo filósofo e pensador cristão Jean Guitton na sua obra La Vergine Maria. Formado pelo verbo phainô: manifestar, precedido do nome Maria, mariofania tem um sentido mais amplo do que aparição e indica todas as manifestações extraordinárias da Virgem Maria” (PERRELA, 2011, p. 15). São extraordinárias porque não acontecem no ordinário da existência e nem em todas as pessoas. Participante da glória de seu Filho, Maria vem à terra por meio de suas aparições para confirmar-nos na fé, convidando-nos a esperança e apontando-nos o caminho do Amor.
As aparições ou revelações particulares são consideradas experiências de ordem psíquica, no entanto, reconhecem nelas, fenômenos extraordinários, relatados pelos videntes. O processo de aceite das aparições é longo e requer a colaboração de psiquiatras, psicólogos, teólogos, sociólogos e pastoralistas. A coleção Subsídios Doutrinais da CNBB sobre “Aparições e Revelações Particulares” deixa claro que as ciências que pesquisam com rijeza esse fenômeno, não têm a jactância de dizer a última palavra, “querem apenas ser um saber rigoroso que reconhecem um território a elas inacessível, aberto as outras formas de conhecimento, que ultrapassam os limites do que é cientificamente controlável”, afirmando, que a partir de suas regras de estudo não podem assegurar estes fenômenos extraordinários e tão pouco negá-los.
Os estudiosos partem da conjuntura que a realidade vai além do que é captado pelos sentidos. Existem pessoas que “veem coisas invisíveis” e “ouvem sons inaudíveis” no cotidiano, porque há outras maneiras de ver e ouvir, que a ciência hoje aceita no extraordinário das aparições. Os sentidos registram os fenômenos, mas é a inteligência, aliada ao conhecimento científico que os interpreta e organiza. Porém, o saber científico não explica tudo, como já foi dito, mas não deixa de ser um instrumento para o discernimento que cabe à Igreja exercer, pela fé.Leia MaisAs mariofanias no mistério de Cristo e da IgrejaMariofanias - Visões e Aparições marianas: Deus continua falando ao nosso tempo através de Maria?Mariofanias – As manifestações da Mãe de Deus
Na tradição judaico-cristã os relatos dos fenômenos extraordinários dizem respeito à relação do homem com o mistério do mundo e o mistério de Deus, mas aparições e revelações como fenômeno humano continuam acontecendo ainda hoje, devendo ser evitado a ingenuidade e o cientificismo. Brustolin vai dizer que “há duas visões para o acesso à realidade: uma é das visões, do imaginal e do simbólico; outra é a científica, empírica e verificável. Ambas devem estar em relação”.
Mas qual é a visão da Igreja em relação as mariofanias, já que falamos sobre a visão da ciência? Foi com a mariofania de La Salette, em 1846, que se desenvolveu um processo canônico nos moldes dos procedimentos de beatificação e canonização. Diante do racionalismo e do cientificismo, a Igreja teve que mostrar que fé e razão não se opõem. A função da Igreja é acompanhar, discernir e orientar os fiéis sobre assuntos tão importantes.
Autora Luciana Conceição dos Santos
Referências:
A história de devoção à Nossa Senhora da Conceição Aparecida
A devoção a Nossa Senhora da Conceição é um legado da colonização portuguesa, e desde 1930 Nossa Senhora Aparecida é a Padroeira do Brasil, oficializado pelo Papa Pio XI, sua festa litúrgica é comemorada dia 12 de outubro, pois é uma data aproximada do encontro da imagem.
A Imagem de Nossa Senhora que emerge dos Santos Evangelhos e da vida do nosso povo
Ela é toda do povo e está onde o povo está.
A base da Missão: Esvaziar-se de si
O Papa Francisco, reafirmando o documento de Aparecida e todo o ensinamento magisterial conciliar e pós-conciliar, nos apresenta sempre a dimensão do discipulado missionário, a Igreja "em saída".
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