Nossa Senhora de Sião/ Nossa Senhora dos Milagres
Roma, Itália (1842)
Título: Nossa Senhora de Sião - Nossa Senhora dos Milagres
Festa: 17 de novembro
Aparições: 1 Aparição (20 de janeiro de 1842)
Videntes: Marie Alphonse Ratisbonne
Investigado: Fevereiro de 1842
Aprovação: 03 de junho de 1842 pelo Vigário Geral do Papa Gregório XVI, Cardeal Patrizi
A história de Nossa Senhora de Sião ou Virgem dos Milagres envolve a milagrosa conversão do jovem Marie Alphonse Ratisbonne ao Cristianismo. O jovem Alphonse Ratisbonne nasceu em Estrasburgo, local que hoje pertence à França, em 1 de maio de 1814. Ele era culto, inteligente, bem relacionado e de família muito rica, tinha um futuro promissor por ser herdeiro de uma família aristocrática de banqueiros judeus e do parentesco com a famosa família Rothschild. O que impressiona na conversão deste homem, além do fato de ser judeu na época, é que ele nutria um ódio implacável contra a Igreja Católica. Afonso era um judeu não praticante. Ele dizia que até poderia converter-se ao Protestantismo, mas jamais ao Catolicismo.
Nesse estado de alma, de verdadeiro ódio à Igreja Católica, Ratisbonne ganha de presente aquele que será o sinal da sua conversão: a Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças. A partir de 1830, quando Nossa Senhora revelou à Santa Catarina Labouré as graças que seriam derramadas por meio da Medalha Milagrosa, houve uma divulgação espantosa. A devoção cruzou os oceanos e se espalhou por todo o mundo. Nesse processo histórico, a conversão do jovem judeu Afonso Ratisbonne atraiu as atenções de toda a Europa para a Medalha e, dessa forma, contribuiu expressivamente para a sua divulgação.
O ódio contra o Cristianismo vai ganhar ainda mais força quando o irmão, chamado Teodoro, se converteu ao Cristianismo em 1827, vindo a ser ordenado sacerdote anos mais tarde. A conversão de Teodoro fez com que Ratisbonne cortasse relações com o irmão por muitos anos. Teodoro não sofreria somente com a distância do irmão, mas de toda a família que se voltou contra ele.
Formado em Direito, Alphonse, estava comprometido em casamento com uma jovem judia de nome Flore Ratisbonne e se casaria em pouco tempo. Antes do enlace matrimonial, resolveu fazer uma viagem de férias pela Europa e pelo Oriente. A viagem não seria apenas para descanso e reflexão, mas também para fortalecer sua saúde um pouco debilitada. A decisão de Alphonse era casar-se no mês de agosto seguinte ao retorno da viagem e assim assumir os negócios da família. Essa viagem marcaria para sempre sua vida e suas opiniões em relação à Igreja e resultaria também na sua conversão.
A viagem começaria por Nápoles, onde passaria o inverno em Malta para fortalecer sua saúde. Mas ao chegar em Palermo, notou que havia pego o caminho errado e, mesmo percebendo o erro, resolveu pegar um bilhete no vapor (navio) que iria para Roma, embarcando no dia 5 de janeiro de 1842 para a “Cidade Eterna”. Chegou no dia seguinte, 6 de janeiro, dia da festa de Santos Reis.
Em Roma, visitou alguns museus para apreciar as obras de arte e também algumas igrejas católicas, o que fortaleceu ainda mais seu ódio pelo Catolicismo. Ainda em Roma, visitou um antigo amigo chamado Gustavo de Bussières. Gustavo era protestante e a muito custo tentou converter o amigo, porém sem sucesso.
Na casa de Gustavo, Alphonse conheceu o Barão Teodoro Bussières, que era irmão de Gustavo e convertido ao Catolicismo. Alphonse descobriu que o barão era amigo de seu irmão mais velho, o que tornou a relação entre ambos um tanto tensa.
Não queria encontrar-se com ele para evitar novos dissabores e por isso foi até sua casa deixar um cartão de agradecimento pela acolhida na véspera da sua partida para França. O criado da casa, que era italiano, não compreendeu bem seu francês e fez com que entrasse. Teodoro o acolheu com grande alegria e durante a conversa lhe falou sobre sua fé católica na intenção de converter Alphonse.
Após muita insistência, o barão conseguiu com que Alphonse ficasse mais alguns dias em Roma para que participasse de um ato religioso na Basílica de São Pedro, na cidade do Vaticano. Para a surpresa de Alphonse, se não bastasse a visita ao Vaticano, o barão também lhe ofereceu de presente uma cópia da Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças e uma cópia da oração "Lembrai-vos", de São Bernardo de Claraval, o qual deveria rezar todas as manhãs. Alphonse aceitou tudo de muito bom grado exteriormente, mas estava muito enraivecido por dentro por todo o atrevimento de Teodoro em lhe fazer a proposta e dar-lhe presentes de cunho católico. Pretendia escrever um livro de sua viagem no qual tudo isso não passariam de fatos que não seriam relatos e Teodoro seria mencionado apenas um personagem excêntrico.
No dia 18 de janeiro faleceu em Roma um amigo íntimo do Barão de Bussières, o Conde de La Ferronays, antigo embaixador da França junto à Santa Sé e homem de grande virtude e piedade. Na véspera de sua morte repentina, La Ferronays hava conversado com Bussières sobre Ratisbonne e rezara cem vezes a oração “Lembrai-vos” por sua conversão a pedido de Bussières. É possível que tenha chegado a oferecer sua vida a Deus pela conversão do jovem banqueiro.
Em 20 de janeiro, dois dias após a morte, Alphonse acompanhava o Barão Bussières na Igreja de Sant’Andrea delle Fratte para os preparativos das exéquias do falecido amigo. Ele estava irritado com a situação de ver suas férias sendo consumida por um rito fúnebre em uma religião que ele odiava. O barão, entristecido com a morte do amigo e com as atitudes de Alphonse, pede que aguarde alguns minutos pois iria até a sacristia tratar do funeral do amigo e já retornaria.
Como estava impedido de adentrar na sacristia com Bussières por conta da preparação das exéquias, Alphonse começou a caminhar por uma das laterais da igreja e a observar atentamente os afrescos e imagens que estavam ao longo da nave.
Ao retornar para o interior da igreja e para a sua surpresa, o barão não encontrou Alphonse e pôs-se a procurá-lo pela até que o encontrou aos prantos junto a um altar da nave lateral. Assustado com a cena, Bussières pergunta o motivo de suas lágrimas tão copiosas e recebe como resposta dos lábios de Alphonse que somente falaria na presença de um sacerdote.
Neste momento, Alphonse foi levado pelo Barão à Igreja Mãe dos Jesuítas na presença do padre Villefort. Ainda muito emocionado, retira do pescoço a Medalha Milagrosa, ergue-a e fala em voz alta: “Eu a vi! Eu a vi!”. Prosseguindo com o relato, afirma ter visto a Virgem Mãe de Deus:
“Eu estava há pouco na igreja, quando, de repente, senti-me dominado por uma inquietação inexplicável. Levantei os olhos; todo o edifício havia desaparecido à minha vista; uma só capela tinha, por assim dizer, concentrado toda a luz, e no meio desse esplendor apareceu, de pé sobre o altar, grandiosa, brilhante, cheia de majestade e de doçura, a Virgem Maria, tal como está na minha medalha. Uma força irresistível atraiu-me para Ela. A Virgem fez-me sinal com a mão para eu me ajoelhar, e pareceu-me dizer: ‘Muito bem!’. Ela não me disse nada, mas eu compreendi tudo”.
A notícia da conversão de Alphonse repercutiu em toda a Europa. Tendo conhecimento do ocorrido, o Papa Gregório XVI fez questão de conhecer o jovem vidente e o recebeu paternalmente no Vaticano. Após relatar ao Papa o que vislumbrou na Igreja Sant’Andrea delle Fratte, o Santo Padre solicitou uma investigação minuciosa do ocorrido.
Em 31 de janeiro do mesmo ano, Alphonse foi batizado, recebeu a Primeira Comunhão e a Crisma de Sua Eminência o Cardeal Patrizi, que era na época Vigário de Sua Santidade o Papa. Em fevereiro do mesmo ano, realizou-se o processo canônico para investigar a conversão de Alphonse.
Após longa investigação concluiu-se que sua conversão foi totalmente milagrosa e fruto da aparição da Virgem Maria ao jovem.
Apenas alguns meses após a aparição, uma pintura da Madonna do Milagre foi colocada para veneração exatamente no mesmo local e na mesma forma em que ela apareceu. A tela foi pintada pelo artista Natale Carta, que segundo a tradição, seguiu as diretrizes do próprio Ratisbonne.
Em 3 de junho de 1842 no mesmo ano da aparição, após um inquérito, o Cardeal Patrizi declarou legítima de veneração a aparição de 20 de janeiro.
Em 1843, Alphonse reconciliou-se com seu irmão Teodoro e juntos fundaram a Irmandade de Nossa Senhora de Sion.
Em 1847, após romper com seu compromisso de matrimônio com Flore Ratisbone, foi ordenado sacerdote e ingressou para a Companhia de Jesus. Em 1855, decidido em converter os judeus, deixou a Companhia de Jesus com o consentimento do Papa Pio IX e transferiu as Irmãs de Sion para Jerusalém construindo para elas no ano seguinte o Convento Ecce Homo com uma escola e um orfanato para meninas.
Em 1860, construiu o Convento de São João na Montanha de Ain Karim. Também junto ao convento construiu outra escola e mais um orfanato para meninas. Neste lugar bendito, Alphonse trabalhou incansavelmente pela conversão dos judeus e muçulmanos ao lado de grandes companheiros como Pères de Sion até o dia da sua morte em 6 de maio de 1884.
Em 17 de janeiro de 1892, reconhecendo o grande número de milagres atribuídos à Virgem dos Milagres, o Papa Leão XIII coroou a venerada imagem da Mãe de Deus com um diadema.
A célebre Igreja da aparição foi elevada à categoria de Basílica em 25 de abril de 1942. O Papa João XXIII elevou a mesma Basílica ao título de Igreja Cardeal em 12 de março de 1960.
Em 28 de fevereiro de 1982, o Papa São João Paulo II também se fez peregrino e visitou a Basílica de Sant’Andrea delle Fratte, rezando piedosamente diante da imagem milagrosa de Virgem Santa Maria dos Milagres.
Vinícius Aparecido de Lima Oliveira
Associado da Academia Marial de Aparecida
Bibliografia:
CANÇÃO NOVA. A Graça e a conversão de Ratisbonne In: Blog Canção Nova, 26 nov. 2016. Disponível em: <https://blog.cancaonova.com/tododemaria/a-graca-e-a-conversao-de-ratisbonne/>.
A Imagem de Nossa Senhora que emerge dos Santos Evangelhos e da vida do nosso povo
Ela é toda do povo e está onde o povo está.
Oração em homenagem a Nossa Senhora das Dores
Ó Nossa Senhora das Dores! Ó dores da maior bondade que estão guarnecidas no brilho do sol que é Cristo, luminosidade irradiada em todas as direções e dores em torno das quais giram todas as partes do mundo.
Salve Rainha, a realeza da Virgem Maria
A doutrina da Realeza de Maria pertence à mais antiga Tradição da Igreja, um legado que foi sendo enriquecido, ao longo dos séculos, pelos pontífices.
Boleto
Carregando ...
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Carregando ...
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.