No dia 24 de setembro comemora-se um título expressivo de Maria, invocada como Nossa Senhora das Mercês ou da Misericórdia. Esta bela invocação remonta ao século XIII, época da dominação maometana na Península Ibérica.
Pedro Nolasco recebeu da Virgem Maria uma bela inspiração para fundar uma Ordem religiosa inteiramente devotada ao auxílio e redenção dos cristãos cativos. No dia 10 de agosto do ano de 1218, o Bispo de Barcelona, na Espanha, D. Berenguer de Palou, com toda a solenidade, na Catedral, estando presente o monarca Jaime I de Aragão e grande número de católicos, presidiu a uma cerimônia que marcaria a História da Igreja.
Com efeito, Pedro Nolasco e Treze Cavalheiros se consagraram a Deus e se propuseram oficialmente a se dedicarem à redenção dos cristãos escravos que corriam grande perigo, inclusive, de traírem sua crença religiosa.
Grandes os benefícios prestados pelos mercedários àqueles que estavam sob o jugo dos mouros. A ordem aprovada pelo Papa se espalhou pela Europa e, descoberta a América, estes religiosos viram um campo aberto para suas atividades, agora junto aos selvagens, depois, na proteção dos escravos africanos.
No século XVII, em pleno ciclo do ouro, nas Minas Gerais, a Irmandade de Nossa Senhora das Mercês se estabeleceu em Ouro Preto. Espalhou-se depois para outras regiões mineiras, como Diamantina, São João del-Rei, Mariana, Sabará e Santa Bárbara, onde belos templos lhe foram edificados. Isto ocorreu também em outras partes do Brasil, como em São Luís do Maranhão, Belém do Pará, Rio de Janeiro.
O padre Antônio Vieira assim se expressou sobre esta devoção:
“Nossa Senhora da Vitória é dos conquistadores; Nossa Senhora das Mercês é de todos, porque a todos indiferentemente está prometendo e oferecendo todas as mercês que lhe pedirem. Nos tesouros das Mercês desta Senhora não só há para o soldado vitória, para o desterrado pátria, para o descaminhado luz, para o contemplativo favores do Céu, mas nenhum título há no mundo com que a Virgem Maria seja invocada que debaixo do amplíssimo nome de Nossa Senhora das Mercês não esteja encerrado e que esta Senhora se não deva pedir com igual confiança. Estais triste e desconsolado? Não é necessário chamar pela Senhora da Consolação, valei-vos a Senhora das Mercês que Ela vos fará mercê de vos consolar. Estais aflito e angustiado, não é necessário chamar pela Senhora das Angústias, vaile-nos da Senhora das Mercês e Ela vos fará mercê em vossas pretensões [...] De sorte que em todos os despachos que a Senhora costuma dar em tão diferentes tribunais, como os que tem pelo mundo, todos estão avocados a este título das Mercês, porque por ele se fazem todos.”Neste contexto histórico do consumismo deste início do terceiro milênio, a Senhora das Mercês liberta da escravidão do luxo, dos gastos inúteis do pecado. Cumpre orar a ela para não deixar o mundo cair nas garras do terrorismo internacional e que ela dê paz às nações. Título, portanto, atualíssimo este e venturosos os que se colocarem sob a égide desta Madona mui poderosa, invocando-a com denominação tão expressiva.
Virgem Maria, Mãe das Mercês,
com humildade acorremos a Vós,
certos de que não nos abandonais
por causa de nossas limitações e faltas.
Animados pelo vosso amor de Mãe,
oferecemos-vos nosso corpo para que o purifiqueis,
nossa alma para que a santifiqueis,
o que somos e o que temos, consagrando tudo a Vós.
Amparai, protegei, bendizei e guardai
sob a vossa maternal bondade a todos
e a cada um dos membros desta família
que se consagra totalmente a Vós.
Ó Maria, Mãe e Senhora nossa das Mercês,
apresentai-nos ao vosso Filho Jesus,
para que, por vosso intermédio
alcancemos, na terra, a sua Graça
e depois a vida eterna.
Amém!
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