Por Pe. Eugênio Bisinoto, C.Ss.R. Em Artigos Atualizada em 20 AGO 2021 - 09H31

Os Escritores Antigos e a Mãe de Jesus


O santos e a Virgem Maria

Nós recebemos muitos escritos antigos que falam de Maria sua missão junto a Jesus Cristo, o Salvador, e ao povo de Deus. De acordo com o seu estilo literário e sua visão cultural, os escritores antigos procuraram explicar aos fiéis verdades profundas do mistério da Mãe de Deus.

Os escritores antigos são autores cristãos, que fazem parte da tradição da Igreja e que compuseram obras que ajudaram na formação religiosa e espiritual dos fiéis. Suas mensagens não só tiveram influência e recepção em sua época, mas também em outros lugares e momentos da história da Igreja.

Os escritores antigos são Padres da Igreja, Papas, bispos, doutores da Igreja, pregadores, pensadores, santos e outros autores, cujas obras integram o patrimônio literário do cristianismo. Há escritores que nos legaram livros completos sobre a Virgem Maria. Outros deixaram partes, breves ou longas, em suas escritos. Suas reflexões marianas contribuíram no desenvolvimento da Mariologia e do culto de Nossa Senhora.

:: Os Papas e a Virgem Maria 

Severiano de Gábala (+408), escritor da patrística oriental, ressaltou a intercessão da Mãe de Deus em favor da Igreja. Em uma de suas homilias, preconizava:

“Também agora não falta a Deus Débora, não falta a Deus Jael. Temos também a nós a santa Virgem e Mãe de Deus Maria que intercede por nós”. 

São Jerônimo (347-420), monge e escritor eclesiástico, destacou-se pelo estudo das Sagradas Escrituras. É conhecido principalmente por sua tradução da Bíblia para o latim, chamada Vulgata. No culto mariano, mostrou a importância da imitação da Mãe de Jesus. Afirmava:

“Propõe-te como modelo a Santíssima Virgem, cuja pureza foi tanta que mereceu ser a Mãe do Senhor”.

Papa Leão Magno (+ 461), que governou a Igreja de 440 a 461, é conhecido pela sua defesa da ortodoxia e pela manutenção da unidade do povo de Deus. Pontuava:

“O Filho de Deus, que é Deus como seu Pai, e que recebe do Pai sua mesma natureza, Criador e Senhor de tudo, que está presente em toda parte e transcende o universo inteiro, na sequência dos tempos, que de sua providência dependem escolher para si este dia, para em prol da salvação do mundo, nele nascer da Bem-aventurada Virgem Maria, conservando intacto o pudor de sua Mãe. A virgindade de Maria não foi violada no parto como não fora maculada na conceição”Leão Magno também comparou a fonte batismal ao seio da Mãe de Jesus Cristo, o Salvador da humanidade. Sua afirmação lapidar é a seguinte: “Deus concedeu à água batismal o mesmo poder que concedeu à Mãe, o de gerar Cristo no coração dos fiéis”. 

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São Sofrônio

São Sofrônio, no século VII, exaltou a superioridade de Nossa Senhora em relação aos anjos e homens. Com entusiasmo dizia:

Quem ousará, ó Virgem Maria, competir convosco? Deus nasceu de vós. Haverá alguém que se não reconheça inferior a vós, e mais ainda, não vos conceda alegremente a primazia e a superioridade? Por isso, ao contemplar as vossas eminentes prerrogativas, que superam as de toda as criaturas, eu vos aclamo com todo o entusiasmo: Ave, cheia de graça, o Senhor é convosco. Por meio de vós foi concedida a alegria não somente aos homens mas também aos anjos do céu”.

Santo André de Creta, bispo no século VIII,  ao meditar sobre a festa da Natividade de Nossa Senhora, asseverava:

“Era absolutamente necessário ao esplendor e à evidência da vinda de Deus aos homens uma introdução jubilosa, antecipando para nós o grande dom da salvação. Este é o sentido da solenidade de hoje que tem início na natividade da Mãe de Deus, cuja conclusão perfeita é a predestinada união do Verbo com a carne. Agora a Virgem nasce, é alimentada com leite, plasmada e preparada como mãe para o Deus e rei de todos os séculos”.

São João Damasceno (675-749), conhecido como “orador de ouro”, escreveu cerca de 150 obras. Os estudiosos mostram que ele é uma das testemunhas mais autorizadas da tradição patrística e teológica que reconhece a Assunção da Virgem Maria. Em uma de suas homilias, dizia a respeito da Mãe de Jesus:

“Os Apóstolos, juntamente, levaram-te aos ombros, a ti, verdadeira arca, como em tempos os sacerdotes levaram a arca figurativa, e depuseram-te no túmulo: então através do túmulo, qual outro Jordão, fizeram-te chegar à verdadeira Terra prometida, quero dizer, à ‘Jerusalém celeste’, a mãe de todos os crentes, ‘de quem Deus é o arquiteto e o construtor'”. 

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São Bernardo Claraval


São Bernardo de Claraval
(1091-1153), abade e escritor, encarnou o gênio religioso de sua época, cuja obra combinou espiritualidade com dedicação à Igreja. Seus “Louvores à Virgem Maria” constituem o clássico livro sobre a devoção mariana. Escreveu:

“Em Maria existe algo ainda maior que se deve admirar: a fecundidade unida à virgindade. De fato, jamais se ouviu dizer que uma mulher fosse, ao mesmo tempo, mãe e virgem”.

Santo Elredo, abade no século XII, abordou, com muita precisão, vários aspectos da devoção mariana. Dizia:

“Aproximemo-nos da esposa do Senhor, aproximemo-nos de sua ótima serva. (...) Mas que faremos? Que presentes lhe ofereceremos? E se pudéssemos, ao menos, dar-lhe de volta o que por justiça lhe devemos?! Nós lhe devemos honra, nós lhe devemos serviço, nós lhe devemos amor, nós lhe devemos louvor. Honra, porque é a Mãe de nosso Senhor. Quem não honra a mãe, sem dúvida alguma, despreza o filho. E a Escritura diz: ‘Honra teu pai e tua mãe’ (Dt 5,16)”.

Santo Anselmo de Cantuária (1033-1109), bispo e teólogo, defendia que a fé é ponto de partida para a pesquisa. Deixou-nos belíssimas meditações sobre Nossa Senhora. Afirmou da Virgem Maria: 

“O céu e as estrelas, a terra e os rios, o dia e a noite, e tudo quanto obedece ou serve aos homens, congratulam-se, ó Senhora, porque a beleza perdida foi por ti de certo modo ressuscitada e dotada de uma graça nova e inefável.”

Santo Amadeu, bispo do Lousana, ainda no século XII, refletia, em um de seus sermões, sobre Nossa Senhora como rainha: 

"Maria, assentada no mais alto cume das virtudes, repleta do oceano dos carismas divinos, do abismo das graças, ultrapassando a todos, derramava largas torrentes ao povo fiel e sedento. Concedia a saúde aos corpos e às almas, podendo ressuscitar da morte da carne e da alma. Quem jamais partiu de junto dela doente ou triste ou ignorante dos mistérios celestes? Quem não voltou para casa contente e jubiloso, tendo impetrado de Maria, a Mãe do Senhor, o que queria?”.

Os antigos escritores, que ajudaram promover a devoção mariana na Igreja, demonstraram muito amor e veneração para com a Mãe do Salvador. Seus textos, que apresentam um valor inestimável, atravessam os séculos e chegando até nós. 

Escrito por:
Pe. Eugênio Bisinoto, C.Ss.R. (Pe. Eugênio Bisinoto, C.Ss.R.)
Pe. Eugênio Bisinoto, C.Ss.R.

Redentorista da Província de São Paulo, formado em filosofia e teologia. Atuou como formador, trabalhou no Santuário Nacional, onde foi diretor da Academia Marial.

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