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Quinta dor de Maria Santíssima: A Morte de Jesus na Cruz

Escrito por Academia Marial

25 MAR 2023 - 08H00 (Atualizada em 15 MAR 2024 - 11H59)

(Evangelho Segundo João 19,25-27)

““A mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas, e Maria Madalena estavam junto à cruz. Jesus viu a mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava. Então disse à mãe: “Mulher, eis aí o seu filho.” Depois disse ao discípulo: “Eis aí a sua mãe.” E dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa”.”

A via dolorosa percorrida por Jesus levando a cruz às costas culminará no cimo do Calvário (em hebraico Gólgota). No lugar da “caveira” a obra da redenção abre para os homens uma nova página na qual somos chamados a contribuir com esta obra completando em nossa própria carne o que falta da paixão de Cristo.

“Com efeito, a obra da redenção de Cristo começa desde a manjedoura. Para que pudesse redimir a humanidade, era necessário que Ele experimentasse todo o drama do homem, bem como suas angústias e alegrias, seus medos e suas esperanças. Jesus toca toda a nossa existência. E, por isso, faz-se igual a nós em tudo, exceto no pecado”.¹

O cume da dor vivida pelo Cristo foi o Calvário, também para sua Santíssima Mãe Maria. Nesta hora diante dos olhos da Mater Dolorosa se cumprem todas as profecias. “O seu coração dulcíssimo, atento até os menores detalhes — não têm vinho” (Jo 2,3)  —, deve ter sofrido muito ao presenciar aquela crueldade coletiva, aquele encarniçamento que foi, da parte dos verdugos, a Paixão e Morte de Jesus. Mas Maria não fala. Como seu Filho, ama, cala, e perdoa”.² “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,34)

“No Calvário reuniu-se o ódio a Jesus, mas também esteve presente, muito perto da cruz, algo tão doloroso para o amor como a indiferença. Enquanto se desenrolava o drama mais impressionante da História, enquanto o sol se ocultava para não ter de presenciar tanta tristeza, e a terra estremecia e os penhascos se fendiam, a Mãe Dolorosa, com os seus olhos banhados em lágrimas, teve de observar que o primeiro ato dos homens ao pé da cruz foi o jogo”.³ É doloroso para a Virgem de Nazaré escutar o bater dos pregos nos pulsos do amado Filho.

O som que por muitas vezes ouviu na carpintaria do seu amado José toma outra conotação no Calvário. Os pregos tantas vezes utilizado no trabalho cotidiano do esposo que unia madeiras para construir e realizar sonhos de um lar, neste momento unia o seu Jesus a Cruz. Do som feliz do trabalho digno na carpintaria ao som doloroso dos incômodos que os pregos causavam a Jesus. A vida e seus contrários. “Vê como seu pobre Jesus, pregado àquele leito de dores por três pregos de ferro, não podia achar repouso.

Queria abraçá-lo para consolá-lo, e para que ao menos expirasse em seus braços, mas não o podia fazer. Nota que seu Filho, mergulhado num mar de angústias, procura quem o conforte, segundo a predição de Isaías: Eu calquei o lagar sozinho… Eu olhei em roda e não havia auxiliar; busquei e não houve quem me ajudasse (63, 3 e 5). Mas que consolação podia ele achar entre os homens, se todos lhe eram inimigos? Mesmo pregado na cruz, uns blasfemavam dele e outros o escarneciam: E os que iam passando blasfemavam dele (Mt 27,39). Outros lhe diziam no rosto: Se és Filho de Deus, desce da cruz (27,40). Desafiavam-no alguns: salvou a todos e a si mesmo não se pode salvar… Se é o rei de Israel, desça agora da cruz (27,42)”4 Todos os que me veem zombam de mim, abrem a boca e balançam a cabeça (Sl 22,8).

Uma tentação ronda o pé da Cruz, ronda Jesus e sua Mãe: “Desce da cruz” (Mt 27, 39–40). Apesar de o poder fazê-lo, Jesus não cede a tentação de descer da cruz. Maria, a quem Jesus nada negou, também não cedeu à tentação de pedir ao Filho para descer e pôr um ponto final a todo aquele tormento. Ambos suportam as dores que os flagelam, Cristo na carne e Maria no coração. É preciso diante da dor ser obediente até a morte, e morte de cruz (Fil 2,8). Mãe e Filho seguem obedientes à vontade do Pai e não a dos homens.

Após a sua crucificação, os soldados começaram a repartir as vestes do condenado. Uma parte para cada soldado. Quanto à túnica que era sem costura, feita de peça única, combinaram de tirar a sorte sobre a mesma para ver de quem seria. Assim as profecias iam se cumprindo diante de Maria Santíssima: “Repartiram minha roupa e sortearam minha túnica.” (Jo 19,24). “Possivelmente, fora a própria Mãe de Jesus que, com um imenso carinho, havia tecido aquela túnica elegante, nobre, sacerdotal. Agora, uns soldados tão próximos e tão alheios à tragédia, sorteiam-na, brincam com ela. Para quem será a túnica sagrada? Nega-se à Mãe o direito de guardar as relíquias do seu Filho. Mais dor”.5

Maria permanece junto a cruz mesmo diante de tanto sofrimento. Não está só! Junto a ela está a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas e também Maria Madalena, de quem Jesus havia tirado sete demônios. Silenciosa é também a presença do discípulo amado, João, que ampara Maria em seu “calvário”. Olhando para eles, Jesus disse: “Mulher, eis aí o seu filho.” Depois disse ao discípulo: “Eis aí a sua mãe.” E dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa. (Jo19, 26–27). As palavras “Eis aí a tua mãe!” exprimem a intenção de Jesus de suscitar nos discípulos uma atitude de amor e confiança para com Maria, conduzindo-os a reconhecer n'Ela a própria mãe, e mãe de todos os crentes.6

Para que toda a escritura se cumprisse, do alto do madeiro Aquele que é a fonte da água viva (Jo 4,10) sentiu sede: “Tenho sede” (Jo 19,28). A mãe dolorosa nenhuma gota de água pode oferecer ao Filho. Só podia dizer-lhes, como contempla São Vicente Ferrer: Filho, não tenho senão a água de minhas lágrimas. Um soldado, ao ouvir a queixa do condenado, tudo o que lhe oferece é uma esponja embebida de vinagre (Jo 19,29). “Vinagre me oferecem para mitigar a minha sede” (Sl 69,21). A amargura do vinagre fez aumentar ainda mais a sede de Jesus. Toda a amargura fez aumentar ainda mais a doçura dos que foram redimidos pelo seu sangue redentor. “Ele tomou o vinagre e disse: “Tudo está realizado.” E, inclinando a cabeça, entregou o espírito”. (Jo 19,30).

“Do seu leito de morte, também Cristo confiou à sua Igreja uma mensagem: 'Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura'” (Mc 16, 15). João, afirma que o soldado perfurou o lado de Cristo na cruz “para que se cumprisse a Escritura, que diz: hão de olhar para Aquele que transpassou” (Jo 19, 37). No Apocalipse, ele acrescenta: “Eis que vem sobre as nuvens e todo olho o verá; até os mesmos que o traspassaram, e todas as tribos da terra se lamentarão por ele” (Ap 1,7). João vê realizada no lado trespassado de Cristo o texto de Zacarias 12, 10: “Derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém o Espírito de graça e de consolação; eles olharão para mim, para aquele a quem trespassaram”.7

Bibliografia:

1.RICARDO, Paulo. A obra da redenção de Cristo na Igreja. Canção Nova, 2014. Disponível em:<https://stg.padrepauloricardo.org/blog/a-obra-da-redencao-de-cristo-na-igreja>. Acesso em: 15, Fevereiro de 2023.

2. ESCRIVÁ, Josemaria. Amigos de Deus: homilias. 1 ed. — São Paulo, SP: Editora Quadrante,2020.

3. DELCLOS, Antonio Orozco. Olhar para Mria. 1 ed. — São Paulo, SP: Editora Quadrante,1992.

4. LIGÓRIO, Afonso Maria. Glórias de Maria. 3 ed. — Aparecida, SP: Editora Santuário,1989.

5. DELCLOS, Antonio Orozco. Olhar para Mria. 1 ed. — São Paulo, SP: Editora Quadrante,1992.

6. AQUINO, Felipe. A Virgem Maria: João Paulo II — 58 catequeses do Papa sobre Nossa Senhora. 8 ed. — Lorena, SP: Editora Cléofas,2017.

7. GALVAN, Kelen. Homilia do Frei Cantalamessa na Celebração da Sexta-feira Santa no Vaticano. Canção Nova, 2013. Disponível em:<https://noticias.cancaonova.com/especiais/pontificado/francisco/homilia-do-frei-cantalamessa-na-celebracao-da-sexta-feira-santa-no-vaticano/> . Acesso em: 15, Fevereiro de 2023.

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