Era outubro de 1717. Escoltado por índios, escravos e pessoas notáveis da Capitania, o novo governador de São Paulo e Minas Gerais, o Conde de Assumar, chegava à Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá.
Os membros da Câmara Municipal da Vila decidiram que o nobre visitante encontraria, na mesa do banquete que lhe seria oferecido, produtos da região, agradáveis ao paladar.
A PESCA MILAGROSA
A Câmara Administrativa de Guaratinguetá decidiu e pronto. A época não era favorável à pescaria mas os pescadores que se virassem. O Conde tinha que provar do peixe do rio Paraíba. E a convocação foi lida em toda a redondeza.
João Alves, Domingos Garcia e Felipe Pedroso, moradores de Itaguaçu, pegaram seus barcos, suas redes e se lançaram na difícil tarefa. Remaram a noite toda sem nada pescar.
No Porto de Itaguaçu, lançaram mais uma vez as redes. João Alves sentiu que a sua rede pesava. Serão Peixes? Puxou-a. Não. Não eram peixes. Era o corpo de uma imagem. Mas …e a cabeça, onde estava? Guardou o achado no fundo do barco. Continuaram tentando achar peixes. De repente, na rede do mesmo pescador, uma cabeça enegrecida de imagem. João Alves pegou o corpo do fundo do barco e aproximou-o da cabeça. Justinhos. Aquilo só podia ser milagre. Benzeram-se e enrolaram os pedaços num pano. Continuaram a pescaria. Agora os peixes sabiam direitinho o endereço de suas redes. E foram tantos que temeram pela fragilidade dos barcos…
O MILAGRE DAS VELAS
Colaram a cabeça ao corpo da Imagem Negra. Viram que eraImagem de Nossa Senhora da Conceição. Mas os pescadores passaram a chamá-la de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Atanásio, pescador, colocou a imagem no oratório. Os vizinhos foram chegando para a reza do terço. Devotos e devoções foram aumentando cada vez mais.
Um dia, durante a reza do terço, as velas do altar se apagaram. Silvana da Rocha foi até a cozinha, buscar uma chama para reacendê-las. Retornando à sala, onde os devotos esperavam, antes que a chama se aproximasse das velas , elas se acenderam por si mesmas. O susto foi grande.
Desse dia em diante, não pararam de chegar velas, flores. Até um manto e coroa lhe deram. E Nossa Senhora Aparecida continua iluminando seu povo.
MILAGRE DO ESCRAVO
Eram tantos os pedidos! Eram tantos os louvores!…
Zacarias era um escravo, foragido de Curitiba. Ficou atocaiado em Bananal, Estado de São Paulo.
Como a cumplicidade entre os senhores de escravo era grande, pois escravos eram patrimônio, Zacarias foi denunciado. Seu dono mandou. Logo, um feitor para reconduzir o foragido ao cativeiro.
O feitor prendeu Zacarias em grossas corentes e os dois sairam em direção de Curitiba. Ao passarem pela Capela de Nossa Senhora Aparecida, o escravo pediu ao feitor que o deixasse rezar diante da Imagem de sua Madrinha. Seu Pedido foi atendido, uma vez que as algemas o mantinham seguro.
O cativo cativou o coração da Mãe Aparecida. O silêncio de seus pedidos foi quebrado pelo barulho da resposta : os grilhões que se partiram no som doce da liberdade.
O MILAGRE EM FAVOR DE UMA CRIANÇA CEGA
Dona Gertrude Vaz era de Jaboticabeira, cidade paulista. Alimentava um grande sonho: Levar a filhinha cega para receber a bênção da Senhora Aparecida. Quem sabe o milagre aconteceria e sua filha começaria a enxergar.
Um dia a fé e a esperança levaram, Mãe e Filha a sairem, estrada à fora. Rumo à Capela de Aparecida.
Foram três meses de caminhada. Um pouso aqui, outro lá… e a esperança sempre.
Depois de tanta estrada vencida, chagaram `a curva da estrada, onde todo peregrino fazia o sinal da cruz, ao avistarem a Capela do Morro dos Coqueiros. Dona Gertrude nem bem terminou de, contrita . benzer-se, quando ouviu:
- Mãe, olhe a Capela no morro! É da Senhora Aparecida?
A CEGUEIRA DO CAVALEIRO
Ele passava sempre pelas estradas do Vale do Paraíba, onde o vai-e-vem de peregrinos o incomodava. Que povo cego! Acreditar no poder de um pedaço de barro!
O cavaleiro descrente era de Cuiabá. Talvez viesse para cá negociar pedras preciosas, encontradas nas minas de Mato Grosso.
Numa de suas viagens pelo vale, resolveu desafiar a Imagem e seus devotos.
Prometeu que entraria a cavalo na Capela. E tentou, porém, inutilmente. Na escada, que dava entrada à Capela, o cavalo empacou. E por mais que o dono o chicoteasse, o animal não obedecia.
O cavaleiro deixou a sela para ver a razão do refugo. Ali mesmo caiu de joelhos, pedindo perdão. A pata do cavalo estava fixa, na pedra da escada.
O tempo não conseguiu apagar as marcas da ousadia do cavaleiro, retratada na ferradura que o cavalo deixou na pedra.
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