É impensável venerar Maria descartando São José. Os dois são inseparáveis na revelação bíblica do mistério de Jesus desde o início da Igreja. Ela e ele têm atribuições pessoais no projeto divino. As poucas e curtas referências do Evangelho às atitudes de José salientam obediência incondicional a tudo o que Deus lhe pedia, apesar de ver-se em apuros e confusões. De início a gravidez da noiva Maria o deixara abismado. Ciente da absoluta honestidade dela não a quis repudiar expondo-a à suspeita pública. Resolveu abandoná-la, sair de cena correndo o risco de ser ele julgado o infiel pelos conhecidos. Nisso uma revelação particular o levou a assumir imediatamente a Virgem como sua esposa. Deu-lhe proteção, abrigo e segurança no quotidiano da vida a dois: durante a gravidez extraordinária; na viagem a Belém, na procura de uma acomodação para o nascimento de Jesus ocorrido afinal na gruta. Maria dá a luz ao Filho que ele não gerou, mas é ele quem lhe dá o nome, é por ele a ligação genealógica de Jesus à dinastia do rei Davi, conforme a promessa divina sobre a vinda do Messias. Mas, sua identidade fica subordinada à de Maria: “Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Messias” (Mt 1,16). Caso único talvez na cultura bíblica.
É imperioso considerar a obediência de São José à vontade de Deus como inseparável da obediência de Maria. Ele teve atitudes servidoras paralelas a de Nossa Senhora. Ela disse: Eis a serva do Senhor, cumpra-se em mim o seu querer. Ele cooperou com o mistério da Encarnação desde o matrimônio com Maria. Ela foi um instrumento direto e físico gerando o Verbo em sua carne. E a presença de São José na vida e no mistério de Cristo mostra disponibilidade pronta, silenciosa e total ao projeto divino. A Virgem do “faça-se” e o “homem justo” por excelência, viveram a perfeição da obediência ao Senhor. Educaram a criança e o adolescente Jesus nesse caminho e ao mesmo tempo aprenderam dele a descobri-lo: “não sabíeis que devo me ocupar das coisas do Pai?” (Lc 2,40)
Esposo da Mãe de Deus e pai legal ou adotivo do menino Deus o carpinteiro humilde, definido pelo Evangelho como “homem justo”, foi a pessoa mais próxima da santidade de Maria e do mistério da encarnação. Naquela fuga apressada da Sagrada Família para o Egito, na vida fora do País, na residência em Nazaré, José foi criando condições indispensáveis para manter o lar, proteger a dignidade da esposa, a educação do Jesus menino, a inserção do adolescente no meio social. O jovem casal vivia um amor maravilhoso mais nobre que todos os sentimentos comuns. Ancorados nele Maria e José suportaram todas as provações inerentes à vivência do seguimento do Salvador. Inimagináveis são para nosso mundo consumista o amor, o carinho, a solicitude de José por Maria e dela por ele e dos dois por Jesus.
Pe. Antonio Clayton Sant’Anna – CSsR.
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