A devoção mariana é parte intrínseca do culto cristão. A Santíssima Virgem é, com razão, venerada pelos católicos com um culto especial.
A Igreja distingue claramente três tipos de culto:
1. CULTO DE LATRIA (grego: “latreuo”) quer dizer adorar
2. CULTO DE DULIA (grego: “douleuo”) quer dizer honra, venerar
3. CULTO DE HIPERDULIA (grego: hyper, acima de; douleuo, honra) ou acima do culto de honra, sem atingir o culto de adoração
O culto da latria (adoração) é único para Deus. Só Deus pode ser adorado e só Cristo, Deus feito homem, ele é o Salvador. O próprio Cristo nos disse: "Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele prestarás culto"(Mt 4, 10). A adoração ao Santíssimo Sacramento teve um marco importante ao ser instituída a Festa de Corpus Christi por Urbano VI.
DULIA
O culto de dulia (veneração) é devido aos santos(as), às pessoas cujo heroísmo comprovado no exercício das virtudes cristãs da Igreja nos coloca como um exemplo a seguir sendo enviados ao altar.
O Patriarca São José é considerado o primeiro dos santos, sendo ensinado o culto de protodulia. São José é proclamado patrono universal da Igreja pelo Papa Pio IX em 1870.
Sem dúvida, a origem do culto aos santos se deve à profunda e exemplar influência dos mártires. Deles celebram-se seus dies natalis, ou seja, o dia em que nascem por toda a eternidade, o dia de seus martírios. Desde o Séc. IV, o catálogo dos mártires (Martirológio) foi se incrementando e seus dias são comemorados para recordar e celebrar a Eucaristia.
Desde os primeiros martírios do Séc. V, que esses catálogos começaram a ser feitos. O primeiro conhecido é chamado jeronimiano, por volta do ano 431. As relíquias de santos passaram a ser veneradas, templos foram construídos em locais onde eles sofreram o martírio e o costume de colocar as relíquias sob o altar foi estabelecido.
Mais tarde, confessores, virgens, monges e as pessoas que, por aclamação, são consideradas santas, foram adicionados. Só em 993 se teve o primeiro santo canonizado pelo Papa João XV (trata-se de Santo Ulrico, bispo de Augsburg). Começou assim a centralização do Vaticano neste assunto, que culmina quando Sisto V cria em 1588 a Congregação dos Ritos.
Paulo VI dividiu a Congregação dos Ritos em duas: a Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Sagrada Constituição para as Causas dos Santos, que está atualmente no comando dos registros para a beatificação e canonização. No entanto, ainda hoje o povo continua dando aura de santidade para pessoas que consideram santos. O Martirológio Romano cataloga todos os santos realmente reconhecidos pela Igreja.
As celebrações de santos que a Igreja considera mais importantes são a de São José, já referido, a de João Batista, a de Todos os Santos e a dos Apóstolos Pedro e Paulo, como a base à fundação apostólica da nossa fé. A celebração de São José Operário permaneceu como memória livre para as associações cristãs de trabalhadores.
Hoje em dia, embora a “teologia progressista seja relutante em relação à veneração dos santos porque confunde a adoração de Deus” (Carlos Ros: Santos del Pueblo), vivemos em uma época de certo aumento no culto aos santos, que teve o seu apogeu na Idade Média, sem dúvida.
O Vaticano determinou em relação a esse culto o seguinte:
“Que as festas dos Santos não prevaleçam sobre os feriados comemorativos próprios dos mistérios da salvação, deve ser deixado a comemoração de muitos deles às Igrejas individuais, nações ou famílias religiosas, que se estendem a toda a Igreja só aqueles que se recordam santos de importância verdadeiramente universal” (SC.111).
Para selecionar esses santos de significado universal, deve se ter em conta os Doutores da Igreja, pontífices romanos e não romanos, mártires e santos não-mártires.
HIPERDULIA
O culto da hiperdulia é o culto especial devido a Maria Santíssima, como Mãe de Deus. É exclusivo à Ela e nasce da necessidade de colocar o culto à Virgem em uma posição privilegiada, acima dos santos, mas sem alcançar o limite, a latria.
A partir do Concílio de Éfeso, houve uma linha divisória entre o antes e o depois da devoção mariana, pois foi reconhecida a maternidade divina de Maria. Mais tarde o Concílio Vaticano II vem afirmar, na Constituição Lumen Gentium:
“A Virgem Maria, que na Anunciação do anjo, recebeu o Verbo de Deus no coração e no corpo e trouxe ao mundo a Vida, é reconhecida e honrada como verdadeira Mãe de Deus e do Redentor” (n. 53).
Acrescenta ainda:
“Unida a Cristo por um vínculo estreito e indissolúvel, é dotada da missão sublime e da dignidade de ser Mãe do Filho de Deus, e, por isso, filha predileta do Pai e sacrário do Espírito Santo. Por este dom de graça exímia supera de muito todas as outras criaturas, celestes e terrestres” (LG 53).
Foi o Papa Paulo VI quem, na Marialis Cultus, remodelou as celebrações dedicadas à Virgem, passando a considerar como partes, tanto na Anunciação como da Apresentação do Senhor (Candelária), mudando em vez da festa da maternidade divina de Maria a da Circuncisão do Senhor e suprimindo memórias menores ou devocionais.
Esta reforma de Paulo VI (que foi acusada de “antimariana” pelos conservadores) e o enriquecimento que veio da nova coleção de Missas da Santa Virgem Maria (Decreto de 15 de agosto de 1986) com o seu correspondente lecionário de 1987 (contém até 46 formulários de missas), que podemos considerar como a contribuição de um Papa mariano por excelência, como foi João Paulo II, deixou o culto da Virgem agora bem estabelecido e em seu justo lugar.
“O culto da bem-aventurada Virgem Maria tem a sua suprema razão de ser na insondável e livre vontade de Deus, que, sendo a eterna e divina Caridade (cf.1Jo 4,7-8.16), realiza todas as coisas segundo um plano de amor: amou-a e fez-lhe grandes coisas (cf. Lc 1,49), amou-a por causa de si mesmo e por causa de nós e, deu-a a si mesmo e no-la deu a nós.” (MC 56)
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