Mateus 10,26-33 - 12º Domingo Comum
As pessoas de boa vontade lutam, sacrificam-se e não desanimam de serem honestas mesmo que o Brasil-oficial esteja naufragando num mar de corrupção. “Mar” é símbolo delicado da magnitude da deterioração ética. Poderíamos dizer: charco, pântano fétido. Realmente, ser cristão fiel em meio a uma sociedade em decadência é heroísmo.
Com certeza a Igreja católica não goza da simpatia dos grupos dominantes: os donos do dinheiro, os detentores da força política, os agentes dos meios de comunicação em larga escala. A nossa sempre foi e será uma Igreja perseguida. Desde o seu fundador Jesus Cristo. Ele não foi aceito pelas autoridades, políticas, civis e econômicas do seu tempo. Depois dele, os apóstolos foram perseguidos. Exceto o apóstolo e evangelista João os demais pagaram com a vida, com o martírio de sangue a audácia de proclamar a fé em Jesus Cristo e os valores do Evangelho. E nos primeiros séculos da história da Igreja, ser mártir por testemunhar a fé era consequência natural decorrente do batismo. Por outro lado esse testemunho provocava conversões. Foi o caso de Tertuliano um filósofo, escritor e advogado romano do 2º século que se converteu impressionado com a coragem, o heroísmo dos mártires em Roma. Escreveu um livro para provar que nenhum argumento justificava as perseguições. Elas não passavam de mero ódio à fé cristã. Tertuliano é o autor da frase que ficou célebre até hoje: “o sangue dos mártires é semente de novos cristãos”.
A Igreja católica tem experiência no assunto, é perita em sofrer e ser perseguida. Mas, sente-se sustentada pela vitória de Jesus ressuscitado. Ele através do seu Espírito Santo dá aos seus discípulos a força, a resistência contra as críticas e violências. Nos países onde existe a liberdade religiosa como no Brasil não costuma haver perseguição com o derramamento de sangue. Mas há a mentira, a deturpação das posições éticas da moral católica. Grupos de poder e de influência não perdem a ocasião de ridicularizar a participação da Igreja nos problemas sociais como se fosse uma imposição dela aos outros. Os erros particulares de sacerdotes merecem a maior publicidade. O certo é que a Igreja continua tendo mártires hoje em meio aos defensores dos excluídos e dos índios etc. vítimas da ganância do agro negócio. (Lembremos o assassinato da Irmã Dorothy Stang no Pará, em 12-02-2005).
Não tenham medo! Diz-nos Jesus.
No evangelho Jesus encoraja os seus discípulos. “Não tenham medo!” A raiz do medo é o pecado. A da confiança, é a fé nele. Leia: Mt.10,26-33.
Não tenham medo! Diz-nos Jesus. A confiança brotava espontaneamente quando as comunidades passaram pela experiência da perseguição por causa da fé em Jesus. A fé nele foi vivenciada na medida em que era testemunhada. Crescia em meio à luta, ao sofrimento, ao conflito, as crises. O convite a “não ter medo” dá uma resposta firme aos cristãos que vacilavam diante das incompreensões, inimizades, recusas e hostilidades do seu tempo e cultura. Não ter medo dos homens, dos seus planos, das ameaças do poder. Não recuar impressionado pelas tentações e seduções! Não ter medo da força do pecado mesmo que pareça dominar o convívio social. Confiar sempre em Deus que é o Pai, o Senhor da vida e da morte!
Por ser fiel ao Projeto do Pai Jesus enfrentou a ira dos poderosos. Desmascarou suas tramoias e hipocrisias. Denunciou as injustiças acobertadas sob a capa da religião. E alertou: o discípulo não é maior que o Mestre. Não teve medo! E nos preveniu que ao segui-lo não vamos encontrar um caminho fácil e atraente aos sentidos. Se autêntico, o cristão (ã) não se refugiará no seu ‘eu’, no seu individualismo. Não se é cristão só de modo subjetivo. Não dá para ocultar ou disfarçar que se é discípulo do Cristo. Temos que professar a fé nele em qualquer situação. Separar a vivência da fé e do Evangelho dos problemas e projetos humanos é fuga, quando não covardia! É preciso proclamar a fé exatamente no confronto com as crises, tentações e injustiças do mundo. Nisso tudo o cristão (ã) prova sua fidelidade. Toma partido, assume decisões, concorda ou discorda sem medo. Sem medo dos fatos, das leis, dos costumes, das políticas, das opiniões, das modas. O evangelho aguça o nosso senso crítico na defesa de valores como a promoção da vida nos embriões, a dignidade de toda pessoa humana, a partilha justa dos bens necessários à saúde, educação, emprego, salário, moradia decente, direitos etc. etc.
Na prática de Jesus, fé e vivência religiosa são coerentes com o anúncio do Evangelho. Não fuga da realidade social. Não é tampouco buscar só o transcendente, o espiritual, o sagrado, o divino. Prática religiosa limitada ao contato com Deus pode ser uma “máscara”. Ou medo dos poderosos de plantão. Se for vivida como Jesus a ensina, a fé nele vai questionar as injustiças, os “podres poderes” da corrupção política e do dinheiro. O Deus companheiro e amigo que tem controle até sobre os pardais sem valor e sabe quantos fios de cabelo temos, está do nosso lado. Por que temer os homens, as perseguições e as crises? É melhor temer o julgamento final onde Jesus se envergonhará de nós por causa do nosso medo de segui-lo neste mundo.
Porque confiou totalmente na Palavra do Senhor, a Virgem Maria não teve medo de aceitar a maternidade, de reclinar num estábulo seu Filho recém-nascido, depois fugir com ele no colo para o Egito e de com-padecer com Ele no Calvário. Confiemos nela celebrando neste Ano Mariano os 300 anos do encontro da sua imagem, pois ela é de fato nossa “Mãe Aparecida”.
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