Em meio à competição feroz do poder, dinheiro e dominação em que se debatem grupos e organizações nacionais e internacionais, nós cristãos formamos a Igreja. Ela é visibilizada não pela disputa de poder e prestígio, mas sim pelo testemunho de fé nos valores do Evangelho. A vida eclesial persiste pelos séculos com ou sem o apoio dos poderosos do mundo. Jesus deu a Pedro unido aos demais apóstolos as “chaves desta sua Igreja”. Chave aqui simboliza o poder misterioso que reúne e organiza a comunhão dos fiéis num só coração e numa só alma.
A unidade visível da Igreja não é imposta por meio de dogmas, normas ou proibições emanadas de Roma, da Diocese ou da Paróquia. A Igreja fundada por Cristo vive uma só fé porque Ele mesmo deu esse fundamento e o tornou visível sob o magistério daquilo que se chama: a cátedra de Pedro. Os apóstolos escolhidos por Jesus formaram a primeira comunidade cristã. Mais tarde, cada um deles se dispersou para anunciar o Evangelho, reunir e ensinar as pessoas convertidas ao Senhor Jesus.
Outras comunidades foram surgindo e se espalhando. Primeiro na Judéia e Samaria e depois em cidades do Império Romano. Logo, na raiz de nossa árvore genealógica cristã estará sempre um apóstolo. Estão todos, com Pedro, porta-voz deles e designado para sua função pelo próprio Mestre. “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e o poder do inferno nunca poderá vencê-la”. (Mt. 16,18).
Esta é a fonte misteriosa externa de nossa unidade como Igreja católica, apostólica, romana: a cátedra de Pedro. Ela tem as chaves de Jesus, chaves do Reino ou do céu no mundo dos homens. Toda comunidade cristã em qualquer tempo, cultura e povo recebe sua fé, a doutrina de Jesus através de uma sucessão humana que vem lá de Pedro e dos apóstolos com ele. Leia: Mateus, 16, 13-19.
Mateus, Marcos e Lucas relatam a mesma palavra de Jesus quanto a Pedro, o primeiro a reconhecer Jesus Cristo como o “Filho de Deus”. Temos aí o ato de fé cristão em essência. A afirmação que Jesus é o Messias, o Salvador esperado por séculos na história e literatura bíblicas. Embora não tivesse ainda a clarividência dada pela ressurreição do Senhor, o ato de fé feito por Pedro é modelo do nosso. Recebeu o elogio de Jesus: Pedro era um homem feliz por acreditar nele, em meio a tantas opiniões divergentes. Apesar das perspectivas político-nacionalistas sobre o Messias, naquele momento o apóstolo acolheu os critérios de Deus. Percebeu e aceitou na pessoa de Jesus o dom de crer, a graça de reconhecer em primeira mão a sua verdadeira identidade: “Tu és o Messias, o Filho de Deus!”.
A passagem retrata o que as primeiras comunidades cristãs da Igreja pensavam sobre a função do papa e do governo da Igreja, uns 30 anos após a morte e ressurreição de Cristo. O nome ‘Pedro’ ofereceu a Jesus a chance de um trocadilho: Pedro seria ‘pedra de alicerce’. Pedra, rocha, alicerce são símbolos da unidade da Igreja e sua autoridade no mundo. O que a comunidade-Igreja formada pelos que acreditarem em Jesus o Messias, decidir e ligar entre os homens, receberá o aval divino. Terá nas ‘chaves do céu’, o poder de perdoar ou condenar próprio da justiça divina. Não só como igreja institucional ou hierárquica. Mas, no seu mistério espiritual. Jamais será vencida pelo esquema de poder contrário à fé em Jesus, contrário à justiça do Reino. O testemunho continuado dessa fé em meio à história dos homens faz nascer e renascer sempre a Igreja.
Fiel a Jesus, seu fundador, a nossa Igreja não pode ser entidade fechada em si mesma. Cada comunidade deve viver e trabalhar pela justiça social e a favor da vida em todos os países e culturas. Diante de Jesus há que se fazer uma escolha radical. Por Ele ou contra Ele. Em tudo. Jesus é único. Não pode ser comparado a nenhuma outra pessoa famosa. Quando se tem um encontro profundo com Ele, não se tem medo de perder nada. O seguimento de Jesus não oscila conforme os interesses humanos, as expectativas temporais passageiras, as opiniões dos cientistas e governantes e tribunais. Não é o progresso técnico que decide o que é ético fazer, o que é moral pensar. Celebremos Pedro e Paulo, nossos antepassados gloriosos! Eles nos ajudam a perseverar na fé em Jesus Cristo e no amor à sua Igreja.
Maria: princípio mariano da Igreja
A reflexão teológica-mariana sobre a relação Maria-Igreja, enriqueceu-se com esse tema. A unidade visível da Igreja tem dois princípios: o petrino, que vem do papel de São Pedro, ou o ensino da cátedra garantindo sua unidade externa através do primado. O outro princípio aplica-se ao papel de Maria, na maternidade e como tipo da Igreja. É a primeira fiel, modelo de vida cristã, protótipo do “ser-igreja”.
O papa São João Paulo II falando à Cúria Romana em 1987, sobre a posição de Maria na Igreja, disse: “A Igreja vive desse autêntico perfil mariano, desta dimensão mariana! Este perfil é tão - se não mais - fundamental e característico para a Igreja quanto o perfil petrino, ao qual está profundamente unido. Em tal sentido, a dimensão mariana da Igreja antecede a dimensão petrina, mesmo se lhe está plenamente unida e se lhe é complementar”.
Nos estudos e no culto popular mariano aprofunda-se hoje esta relação “Maria-Igreja”. Inseparável de Jesus, a Virgem está mais perto de nós e mais dentro da Igreja, da qual ela é tipo e modelo!
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