À medida que os primeiros cristãos foram aprofundando o conhecimento sobre Jesus, também passaram a meditar sobre o lugar de Maria no plano da Salvação. E, assim, o seu retrato pouco a pouco foi se formando nos Evangelhos.¹
Na formação desta imagem de Maria nos Evangelhos podemos traçar um olhar devocional daqueles que se abeiram da presença desta mulher bendita. Ainda com olhar fixo no mistério da identidade da Genitora do Messias prometido, vamos adentrar no Novo Testamento e perceber que um nome é citado na Genealogia do Evangelho de Mateus como sendo a Mãe do Messias esperado:
“Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Messias” (Mt 1,16)
A genitora do Messias a partir da Genealogia de Mateus deixa de ser um mistério e ganha identidade na pessoa de Maria de Nazaré.
“Em Maria contemplamos, admirados, uma série de intervenções divinas que a colocam no centro da vontade autocomunicadora de Deus. Primeiramente ela foi preservada de todo o pecado; ela jamais pertenceu à ordem decadente da criação. Desde a eternidade, Maria foi pensada e querida por Deus para ser o receptáculo perfeito do Espírito Santo. Por isso ela é eternamente a imaculada conceição. Quando chegou a plenitude dos tempos, quando o Pai determinou enviar o seu Filho e o Espírito Santo, fez nascer Maria. Totalmente aberta, era o templo vivo de Deus, preparado para acolher a visita do alto. O Espírito foi enviado a ela. O ser novo, o “novissimus Adam” (1Cor 15,45), começa acrescer dentro dela, pois ficará grávida do Espírito Santo (Mt 1,18)”. ²
Partindo dos Evangelhos Sinóticos percebemos que os primeiros a terem contato com a Mãe do Messias é José seu esposo e o Anjo Gabriel: “O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria”. (Lc 1,26-27). No homem Justo e no Ser Angelical encontramos as primeiras fontes de devoção à Maria no Novo Testamento.
O Anjo Gabriel ao se direcionar à Maria profere uma devota saudação: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1,28)
“Maria encontrou graça, isto é, favor junto de Deus; ela é cheia do favor divino. Como as águas preenchem o mar, assim a graça preenche a alma de Maria. Que é a graça que acharam aos olhos de Deus Moisés, os patriarcas ou os profetas em comparação com aquela que achou Maria? Com quem o Senhor esteve mais do que “com ela”? Nela Deus esteve não somente pelo poder e pela providência, mas também pela presença pessoal. Deus doou a Maria não só seu favor, mas deu-se totalmente no próprio Filho...”³
São José, o castíssimo esposo da Santíssima Virgem Maria, também é o seu maior e mais fiel devoto. Deus onipotente quis contar com a singular cooperação da Virgem de Nazaré e de José, o Justo, na obra da salvação da humanidade. Nossa Senhora foi a Mãe do Verbo encarnado, Jesus Cristo, e São José foi o guardião da Mãe e do Filho. Homem de grandes virtudes, José foi escolhido para ser esposo de Maria, a Mãe da Igreja. Apesar da sua humildade, José tornou-se o grande patrono e protetor da Igreja. 4
Seguindo os passos da Virgem nos Evangelhos, sua prima Isabel, é a próxima a proferir uma devota saudação. E é neste encontro familiar que Maria profeticamente proclama que não somente Isabel, mas que todas as gerações a chamarão de bem-aventurada: “Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o temem (Lc 1,4-50).
Quando Maria, única guardiã do anúncio do Anjo, visita Isabel, depois da longa viagem da Galileia até a Judeia, ao ouvir a saudação de Maria, a mãe de João Batista percebe que o menino salta de alegria dentro dela, enquanto o Espírito Santo atravessa sua alma e lhe sugere estas palavras: “Bendita és tu entre as mulheres! Bendito é o fruto do teu ventre! Donde me vem a honra de que venha a mim a mãe do meu Senhor?” (Lc 1,42-45). Quem ousa dizer que isso não é a mais pura devoção mariana, registrada no Evangelho? 5
Não podemos deixar passar despercebido uma devoção silenciosa dos Pastores e dos Magos nos Evangelhos da Infância: “Naquela região havia pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do seu rebanho. Um anjo do Senhor apareceu aos pastores, a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo. O anjo, porém, disse aos pastores: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc. 2,8-11).
Os pastores vão a Belém e lá “encontram Maria e José, o menino recém-nascido deitado na manjedoura” (Lc 2,16), e essa cena tem uma grande relevância, pois os pastores vêm adorar o pastor dos pastores. Os pastores vêm à Igreja, a família de Nazaré, Maria e José, para adorar o menino Deus. É importante perceber que o nome de Maria tem primazia diante do nome de José e do próprio Jesus, e isso não é por grau de importância, mas pelo que o texto quer transmitir. Maria é essa imagem da Igreja que dá aos homens a possibilidade de adorar a Deus. Em Cristo, acontece a reunião de todos os rebanhos, como na igreja, que se reúne num só rebanho em torno de um só pastor, Cristo Jesus. Maria é o redil, onde se reúnem os rebanhos do mundo inteiro para adorar a Deus. Maria é a proteção, onde nós, membro do corpo Místico de Cristo, nos tornamos protegidos do lobo feroz e dos ladrões que “vem só para roubar, matar e destruir” (Jo 10,10) 6
Passemos a São Mateus Evangelista, que para narrar a chegada dos Magos a Belém usou estas palavras: “E a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o Menino, parou. Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria; e, entrando na casa, viram o Menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no (Mt 2,9-11)”. Podemos imaginar a emoção dos magos, os quais, após uma longa e aventurosa viagem, tiveram a alegria de ver o Salvador tão esperado. Porém, não nos afastamos da verdade dos fatos e nem nos aproximamos da idolatria se imaginarmos que eles, depois da adoração do Menino, tenham olhado Maria cheios de respeito e admiração: a que mulher poderia ser concedida tamanha graça, de gerar e ser mãe do próprio Deus? Simples: assim é a devoção mariana, percebida claramente nas entrelinhas dos Evangelhos de Nosso Senhor. Nas passagem das bodas de Caná, vemos que o Senhor "adiantou a sua hora", – em suas próprias palavras, – especialmente por um pedido de sua mãe, que intercedeu por aqueles noivos. Depois do primeiro milagre de Jesus, os servos, que acompanharam os fatos, podem muito bem ter pedido à Maria, dizendo-lhe: “Jesus te escuta, e até adiantou a sua hora por um pedido teu! Pede a Ele uma bênção para nossas famílias!”... Seria isto algum absurdo? Não. Mais um exemplo do que é a devoção mariana. Também aqueles noivos certamente devem ter agradecido à intervenção de Maria, afinal, foi a intervenção (intercessão) dela que salvou a festa deles. Claro que o agradecimento principal seria ao próprio Jesus, afinal foi Ele quem tornou a água em vinho. Mas, se Maria não tivesse pedido pelos noivos, Ele não o teria feito, e o Evangelho é muito claro nesse sentido. 7
Maria, a mãe de Jesus, que aparece no início de sua missão, em Caná (Jo 2,1-11), levando seus discípulos a acreditarem nele, volta de novo à cena. Dessa vez, não há nenhum sinal extraordinário. Ao contrário, o momento da cruz desafia a fé dos discípulos. Maria está junto de Jesus, não somente como a mãe sofredora. Ela faz parte do pequeno grupo que perseverou, que não fugiu no momento da perseguição e da crucifixão de Jesus. É a corajosa seguidora de Jesus, que permanece no seu amor. Junto com ela estão algumas mulheres-discípulas... junto com Maria e as mulheres permanece somente um homem, o “discípulo amado”. Na tradição cristã, se diz que ele é o jovem apóstolo e evangelista João. O discípulo amado testemunha o que Jesus fez e disse (Jo 19,35;21.24). Ele representa a comunidade cristã, o grupo dos que seguem os passos de Jesus, tornando-se mais do que seus servidores. São seus amigos (Jo 15,15). 8
Aqueles que conviveram com Jesus de Nazaré, os que foram seus discípulos e que formaram a primeira comunidade religiosa que se foi desmembrando do judaísmo mosaico, para florescer naquilo que se denominou de Cristianismo, deram o seu testemunho da perfeita santidade de Maria, ao descreverem nos Evangelhos a ocorrência da Anunciação do Anjo àquela que fora escolhida por Deus para Mãe carnal do Messias. Reconhecendo em Jesus o Filho de Deus, seu enviado para a redenção do mundo, não vacilaram em ver naquela que era a Mãe do Salvador uma criatura excepcional, no seio da humanidade, como excepcional seria a figura de Jesus que ela gerara. Durante sua vida e depois de sua morte, Maria foi tida como privilegiada pela mais alta santidade, ou seja, a isenção absoluta de toda a forma de pecado passado, presente e futuro, pois que era de toda a evidência que a carne de Deus Homem não poderia participar da culpa original de nossos pais, dado que ele vinha justamente apara o resgate dessa mancha. 9
Bibliografia:
A Imagem de Nossa Senhora que emerge dos Santos Evangelhos e da vida do nosso povo
Ela é toda do povo e está onde o povo está.
Oração em homenagem a Nossa Senhora das Dores
Ó Nossa Senhora das Dores! Ó dores da maior bondade que estão guarnecidas no brilho do sol que é Cristo, luminosidade irradiada em todas as direções e dores em torno das quais giram todas as partes do mundo.
Salve Rainha, a realeza da Virgem Maria
A doutrina da Realeza de Maria pertence à mais antiga Tradição da Igreja, um legado que foi sendo enriquecido, ao longo dos séculos, pelos pontífices.
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