O Mistério Pascal chega à sua plenitude quando o Espírito é derramado sobre a Igreja nascente, isto é, os Apóstolos reunidos junto à Mãe do Senhor no Cenáculo (cf. At 2,1-11).
No encerramento do mês mariano, ao celebrarmos a Solenidade Litúrgica de Pentecostes, cinquenta dias após a Páscoa, fazemos memória desse Mistério por cuja força somos, igualmente, revestidos do dom do Paráclito, que nos educa e inspira na missão como testemunhas do Ressuscitado. Trata-se de um dos atos fundantes da Igreja: o Espírito gera, fortalece e impulsiona a comunidade eclesial ainda em germe, temerosa e frágil, para que assuma sua missão a serviço da vida, da justiça e da esperança. E contando com a companhia intercessora e amorosa de Maria, nossa Mãe.
No alto do Calvário, a Igreja nasce do lado aberto de Jesus crucificado. Ao seu lado, Maria, a Mãe, e João, o discípulo amado. Ao entregar Maria como Mãe de João, o Divino Salvador concede à Igreja uma Mãe. Na verdade, Ela está sempre presente nos momentos importantes da vida eclesial e ocupa neles um papel indispensável, proeminente e, ao mesmo tempo, discreto e silencioso (cf. At 1,14), de maneira especial no dia de Pentecostes.
Embora sempre repleta do Espírito Santo (cf. Lc 1,35) e chamada Esposa do Divino, Maria Virgem, unida à comunidade da qual é Mãe, Senhora e Servidora, abre-se à ação d'Aquele que é o cumprimento da promessa do seu Filho morto, ressuscitado e ascendido aos céus. Ela é sinal e imagem da Igreja que cintila, transborda e irradia a Luz do Espírito, Pai dos pobres e Fonte de todos os dons. Cumpre, aqui, lembrar que o Papa Francisco inseriu no calendário litúrgico a Memória de “Maria, Mãe da Igreja”, justamente na segunda-feira após Pentecostes.
Inspirada nesse Mistério, tem início a devoção a NOSSA SENHORA DE PENTECOSTES. Na Arte Sacra, essa invocação representa a Mãe do Senhor ora em pé, ora sentada e cercada pelos apóstolos e por algumas figuras femininas: o não isolamento de Maria nesse tipo de representação é proposital, símbolo da Igreja-comunidade/em comunhão.
Nossa Senhora tem os olhos às vezes abertos, às vezes cerrados, dependendo da interpretação adotada pelo artista, com as mãos postas ou cruzadas sobre o peito (em gesto de profundo recolhimento oracional) ou os braços abertos e elevados (como quem acolhe e aceita, com satisfação e serenidade, o dom do Espírito do Altíssimo, que é a Alma da Igreja). Na parte mais alta e envolta em grande luz, a pomba (como identidade simbólica do Divino), e sobre a cabeça de Maria (e dos apóstolos), uma língua de fogo, como está descrito em At 2,3.
A iconografia oriental explorou bastante essa representação, bem como a arte barroca e outros estilos clássicos, como verificamos na célebre pintura da Rainha dos Apóstolos, de 1847, encomendada por São Vicente Pallotti (importante ressaltar que existe uma outra iconografia própria para Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, que não A representa, como essa, no Cenáculo).
NLeia MaisMaria, Mãe e companheira da Igreja Domésticaa escola de Maria, encontram motivação àqueles que se propõem viver segundo a vontade de Deus, abertos à ação do Espírito que nos impele a reluzir a ternura divina em nossas convivências.
Eis aí, na companhia da Mãe da Igreja do Ressuscitado, Senhora de Pentecostes, a verdadeira e mais legítima “Festa do Divino”, com alegres congadas de vida plena e bandeiras ou estandartes com as múltiplas cores de um mundo mais fraterno e rico em diversidade.
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