Nossa Senhora da Conceição: “Eu sou a Imaculada Conceição”

O título da Imaculada é um dos mais invocados na história social dos povos do Ocidente. Na Áustria imperial, na Baviera e em Portugal, nações que, no século XVII, tinham-se consagrado à Virgem Senhora, a invocação da Imaculada era uma constante nas decisões da mais alta política de Estado. Sua imagem figurava nos selos e nas bandeiras do exército. Em sua honra se levantaram inúmeras igrejas e monumentos. Ainda hoje grandes nações cristãs adotaram a Imaculada como patrona do país, como os Estados Unidos da América, as Filipinas, o México, a Argentina e o Brasil. ¹ Desde a antiguidade, a piedade dos fiéis para com a beatíssima Virgem Maria havia crido que a sua alma, desde o primeiro instante da sua criação e da sua infusão no corpo, por uma especial graça e privilégio de Deus, em vista dos méritos de Jesus Cristo, seu Filho e Redentor do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha do pecado original; e, neste sentido, celebrara ela solenemente a festa da Conceição. ²

Após a proclamação do Dogma da Imaculada Conceição inúmeras disputas foram geradas em torno da afirmação da concepção imaculada da Virgem Maria. Em Lourdes no ano de 1858, quatro anos após a proclamação do Dogma, a própria Virgem Maria ao aparecer a Santa Bernadette Soubirous parece por fim a toda a disputa ao declarar-se ela mesma na gruta de Massabielle. Após a pergunta de Bernadette de quem seria a Senhora que vos falava, Ela se declara: “Eu sou a Imaculada Conceição”.

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No Brasil, a imagem da Virgem da Conceição chegou em uma das naus de Pedro Álvares Cabral. Ela representa Maria Santíssima de pé sobre o globo terrestre, tendo as mãos unidas em oração e os olhos voltados para o céu, esmagando com seus pés uma cobra, símbolo do pecado original. Os frades franciscanos foram os propagadores dessa devoção que se espalhou de norte a sul (...). Em todas as localidades por onde passaram os filhos de São Francisco foram construídos templos sob o orago de Nossa Senhora da Conceição, sendo ela a padroeira de vários Estados brasileiros. ³

Durante a ocupação europeia no Amazonas, quatro ordens religiosas fizeram parte da comitiva: jesuítas, franciscanos, mercedários e carmelitas. Estes últimos substituíram os jesuítas ao longo do curso dos rios Solimões e Negro. Essas ordens não tinham apenas a missão de catequizar os índios, mas também a incumbência de proteger o território dos espanhóis e de quem se aventurasse pela Amazônia. Assim, ao lado do Forte de São José da Barra do Rio Negro, a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição foi criada em 1695 pelas mãos dos padres carmelitas. Em 1659, os religiosos levantaram a primeira igrejinha em louvor à Santa. Essa edificação rústica foi reconstruída no século 18, mas acabou sendo destruída por um violento incêndio em 1850. 4

A pedra fundamental que deu início à construção da atual Igreja da Matriz, como é chamada pelos fiéis, foi lançada em 1858 por Francisco José Furtado, então presidente da província. (...) Em 1877, vinte e sete anos após o incêndio, a obra foi concluída. Sua estrutura é baseada no tradicional caixote romano com linhas em estilo neoclássico. A escultura de Nossa Senhora com douramento em ouro no altar central é oriunda da Espanha e está datada do século XVIII. (...) Em dezembro de 2003, o museu da Catedral foi criado e guarda os principais achados durante as reformas. Entre os acontecimentos que marcaram sua história, está a visita da Família Imperial Brasileira, em 1927. A dedicação da igreja como catedral ocorreu em 1946, onde uma procissão até a Praça do Congresso foi realizada e reuniu sete paróquias. Após a oficialização de Nossa Senhora da Conceição como padroeira do Amazonas em 1950, a Catedral recebeu ainda a visita do papa João Paulo II para um encontro com autoridades eclesiásticas em 1980. 5

Leia MaisPortugal e Brasil consagrados a Nossa Senhora da Conceição - 370 anosPOR TI, SENHORA DA IMACULADA CONCEIÇÃOImaculada Conceição: da nova Eva, à mulher vestida de sol! Pelo Decreto 11.039, de 12 de abril de 1988, o templo foi tombado como Monumento Histórico Estadual – apesar de já existir uma lei, datada de 1950, em que a Catedral Metropolitana e as Igrejas de Nossa Senhora dos Remédios e de São Sebastião recebem tombamento como monumentos históricos do Amazonas (Lei 878, de 30 de dezembro daquele mesmo ano). A Igreja Matriz sofreria sua última grande restauração entre 2001 e 2002. O dia de Nossa Senhora A Igreja Matriz sofreria sua última grande restauração entre 2001 e 2002. O dia de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira do Estado do Amazonas, é comemorado em 8 de dezembro – com o aniversário dessa Paróquia –, quando realizam-se as tradicionais procissão e missa. 6

Bibliografia:

1. BOFF, Clodovis. Mariologia Social: o significado da virgem para a sociedade. São Paulo: Paulinas, 2006
2. ALEXANDRE VII, Constituição Apostólica. Sollicitudo Omnium Ecclesiarum, 8 de dezembro de 166.
3. SANCHEZ, Wagner Lopes. Aparecida: significado e perspectiva. Aparecida: Editora Santuário, 2018. - Pag. 107-108 
4. Gonsalez, Alexandra. Nossas Senhoras do Brasil: as principais igrejas e representações de Maria. São Paulo: Pólen, 2017. - Pag. 120
5. CONTEÚDO aberto. In: G1 - Manaus de todas as cores - Igrejas erguidas ao longo de séculos também narram a história de Manaus - Disponível em: <http://g1.globo.com/am/amazonas/manaus-de-todas-as-cores/2016/noticia/2016/10/igrejas-erguidas-ao-longo-de-seculos-tambem-narram-historia-de-manaus.html>. Acesso em: 15 fev 2021.
6. CONTEÚDO aberto. In: Instituto Durando Duarte - Igreja Matriz de Manaus - Disponível em: <https://idd.org.br/iconografia/igreja-matriz-de-manaus-3/>. Acesso em: 15 fev 2021.