O que sobra do Brasil?

Não há nada de extraordinário em afirmar aqui que temos casos de corrupção nos poderes legislativo, executivo e no judiciário brasileiro, e também no setor privado. Agora, o que parece que está acabando é a decência. E o que domina é a cara de pau: não parece haver mais preocupação com o que pensa a opinião pública. Juízes da alta corte ignoram a existência de fatos reais e os distorce, usando as brechas de nossa lei.

Foi muito, muito triste ver a confirmação do já previsto resultado do Tribunal Superior Eleitoral em relação ao pedido de cassação da chapa Dilma-Temer. Como o resultado já estava previsto, só não podemos chamar de teatro por conta do esforço do trabalho do ministro relator, Hermam Benjamim e sua equipe. Fizeram uma argumentação que permitiu, a quem acompanhou, compreender a manobra jurídica que seria necessária para não condenar o condenável.

Na perspectiva econômica, o resultado foi favorável ao país, e é preciso admitir isso. Quem investe prefere a continuidade de um governo que está construindo um caminho que dá confiança ao investidor. No entanto, sabemos que este caminho inclui a precarização de conquistas importantes em políticas de distribuição de renda.

O que preocupa é a questão ética: com que moral agora pode-se falar de combate a corrupção, se as mais altas cortes da República preferem seguir o caminho do anestésico? O que preocupa também é a desesperança que parece tomar conta da população. Não deveríamos ter ido às ruas, na semana passada, por conta do julgamento, e especialmente após o seu desfecho?

Por este motivo, o que nos sobra agora é tentar manter acesa a chama da esperança. Por isso, a CNBB nos convoca, nesta semana em que celebramos o Corpus Christi, a realizar uma Jornada de Oração pelo Brasil. E nós vamos rezar, pois não podemos perder a fé e a esperança, para lutarmos por um país melhor: vamos, individualmente e em comunidade, rezar ao Pai misericordioso pelo Brasil!

A oração está disponível no site cnbb.org.br.