No mês passado, meditávamos que o Pai nos une vitalmente a Seu Filho encarnado: nós-Membros formando com Ele-Cabeça, um Corpo único. E n’Ele-Cabeça, que retorna para a plena unidade e convivência com o Pai e o Espírito, somos já fundamentalmente levados para dentro daquela mesma intimidade trinitária, nossa definitiva morada.
E o que cabe a nós, ainda peregrinos na terra, é tudo fazer para crescer “em direção Àquele que é a Cabeça, o Cristo” (Ef 4,15). Reforçar, o mais que pudermos, essa vital união com Ele. É o que temos buscado assimilar da mensagem da Fachada Sul do Santuário, toda focada em Jesus e em Sua missão.
Buscamos nos ajudar na passagem da Fachada Norte para a Sul. Pois o Êxodo libertador da Fachada Norte consuma-se na Fachada Sul com Jesus nos inaugurando o caminho até a definitiva Terra Prometida, o seio da Trindade.
E neste último mês, meditemos sobre o melhor caminho que o próprio Jesus nos deixa, de progresso nessa vital união com Ele, que é a Eucaristia. São Paulo nos provoca: “O cálice da bênção que abençoamos não é comunhão com o sangue de Cristo? E o pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo?” (1Cor 10,16).
A Eucaristia é a comunhão de meu sangue e de meu corpo com o Sangue e Corpo de Jesus. União de sangues na qual prevalece e Se impõe o mais forte. Santo Agostinho coloca nos lábios de Jesus palavras que Ele diria a quem O comunga sacramentalmente: “não me mudarás em ti como o alimento de teu corpo, mas tu te mudarás em mim!”.
Eu sou mais forte que os alimentos que tomo diariamente. Assim eu os assimilo, transformo-os em mim, em minha carne, ossos etc. Quanto a Jesus-Eucaristia, felizmente dá-se o exato contrário: Ele-Pão é mais forte que eu, e assim me transforma n’Ele.
Meu sangue vai sendo transformado sempre mais no Sangue de Jesus. E o Sangue d’Ele atinge Sua plenitude quando vive a total gratuidade do Amor, derramando-Se na paixão-morte de cruz por nós e nossa salvação.
Meu corpo vai tornando-se como o d’Ele, que Se entregou por completo pela salvação de todos. Vamos nos apropriando de Sua vida redentora em favor dos irmãos.
Ou, como membros sempre mais Seus, vitalmente unidos a Ele e ainda presentes no mundo, por nós Ele continua doando-Se à humanidade: “Agora me alegro com os sofrimentos que suporto por vós e vou completando em minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo, em favor de seu Corpo, que é a Igreja” (Cl 1,24).
A Igreja, por sua Liturgia, vai nos inserindo sempre mais na compreensão e vivência desse mistério: “Possamos, ó Deus onipotente, saciar-nos do pão celeste e inebriar-nos do vinho sagrado, para que sejamos transformados naquele que agora recebemos” (Oração Final do 27º Domingo do Tempo Comum).
Que também pela arte dos mosaicos, retratando a Páscoa ou o itinerário salvador de Jesus entre nós, a Fachada Sul nos revele o “bem supremo que é o conhecimento do Cristo Jesus”, nosso Senhor, e mais, leve-nos a tudo fazer para sermos encontrados unidos, e sempre mais unidos a Ele (cf. Fl 3,8s.)!
O que nos reserva a Fachada Oeste do Santuário?
Na Oeste, veremos o definitivo fecho do sonho, tão divino e tão grande que não podia ser plenamente realizado na terra. Supera infinitamente o que de melhor a terra e a História podem ofertar.
Ele é a imagem do Deus invisível
Jesus-primogênito de toda criatura, é o “Filho amado” de Deus (Cl 1,13). Então Jesus nos vem propor e inaugurar a filiação divina como a definitiva imagem-semelhança que o Pai sonha ver estampada em cada um de nós.
“Eu serei para ele um Pai e ele será para mim um filho!”
“Vivendo segundo a verdade da caridade, cresceremos de toda maneira em direção Àquele que é a Cabeça, o Cristo, “do qual todo o Corpo recebe coordenação e coesão” (Ef 4,15-16a). E com Ele, seremos a bênção para a humanidade!
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