Por Victor Hugo Barros Em Revista de Aparecida

A Família pelos devotos

Membros da Família dos Devotos contam 25 anos de história a partir de suas memórias


Victor Hugo Barros
Victor Hugo Barros
Oitava a se cadastrar na Família dos Devotos, Maria Luiza (esq.) aponta seu nome no Memorial dos Construtores junto da irmã Nadir Batista (dir.)


Esta história começa em Aparecida, em 1999. Nesse ano, diversos eventos aconteciam na Capital Espiritual do Brasil, motivados, sobretudo, pela preparação para o Grande Jubileu do Ano 2000, esperado com grande expectativa pela Igreja em todo o mundo e animado pelo Papa João Paulo II – hoje canonizado.

Entre as participantes de um desses encontros estava Maria Luiza Batista. Moradora de Aparecida, e uma das primeiras pessoas a integrar a Família dos Devotos, ela lembra exatamente do dia em que disse seu “sim” à então Campanha dos Devotos.

“Eu participava de um evento da Renovação Carismática Católica aqui em Aparecida e vi vários folhetinhos no banco (da Basílica). Aí eu fui lá, peguei o papel, quando eu olhei, falei assim: ‘nossa, essa igreja precisa mesmo de doações’. Queria ser a primeira, mas só consegui dar a resposta no outro dia, recorda a aparecidense, oitava pessoa a se inscrever na iniciativa e até hoje atuante na Família.

Como a devoção a Nossa Senhora Aparecida, o início da Família dos Devotos foi singelo. “Tudo começou aqui nas redondezas do Santuário, para depois se expandir pelo Brasil”, rememora Nadir Batista Pereira Rosa, também moradora de Aparecida. “Meu marido já fazia parte do Clube dos Sócios e também entrou na Campanha dos Devotos. Na época eu ajudava junto com ele. Todo mês a gente era fiel”.

Nesse período, os desafios eram muitos e perceptíveis. “A Basílica ainda era bem rústica”, lembra Nair Ribeiro de Sousa Campos, também moradora de Aparecida e que acompanhou de perto o nascimento da então Campanha dos Devotos. “Eu comecei logo no comecinho mesmo. Meu número (de cadastro), se não me engano, é o 988, não cheguei nem a mil”, conta. “A gente foi acompanhando todo o acabamento da Basílica, vendo devagarinho a beleza do Santuário e o aumento dos romeiros participando, com as celebrações cada vez mais bonitas.”

Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Obras do Altar Central marcaram início do revestimento artístico-arquitetônico da Basílica de Aparecida


“Antes da Campanha o piso era grosso, de cimento, coisa de construção mesmo”, evoca Maria. “Lembro que eles respingavam água para varrer e não levantar pó”, complementa Nadir. “Era um piso de cimento rústico. Não só dentro da igreja, mas fora também”, fala Nair, que acompanhou cada detalhe da obra.

A situação só mudou com a colocação do piso que atualmente reveste a Basílica. “Tinham três, quatro homens carregando uma pedra para colocar no chão, porque é grossa”, lembra Maria Luiza. “O Altar Central também deu um trabalhão, pois ele é uma pedra maciça”, complementa.

Outra obra desafiadora foram as telhas azuis. Era assim que a gente falava na época: tudo azul na Casa da Mãe. E ficou mesmo. Foi muito bonito de ver”, precisa Maria.


Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
"Cada tijolinho colocado era uma vitória", lembra o casal Dinorá e José, de Guaratinguetá (SP)

Logo, foi a vez dos tijolinhos começarem a revestir o templo. “Cada tijolinho colocado era uma nova vitória”, comemora o casal Dinorá Silva e José Antônio Silva, de Guaratinguetá (SP). “Quando eu olho esses tijolinhos aqui eu penso: ‘eu ajudei com pelo menos um tijolinho’ e agradeço de coração”, confidencia Olinda Pires dos Santos, de São Paulo (SP). “Apesar de ser um mínimo tijolinho eu faço de coração a minha pequena oferta”, declara Nair Ribeiro.

Junto deles, as naves também receberam os azulejos com a vida de Cristo. “A gente olha para cima e vê estes painéis lindos e eu fico pensando: ‘meu Deus, pensar que minha mini gotinha está ali’. Isso é coisa que ninguém tira da gente, o prazer em dar sem esperar receber, e é assim que eu vejo muitas transformações, confessa Nadir.

Transformações que continuaram, impulsionadas com a celebração do Tricentenário do encontro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida. “Lembro da época do Campanário, quando ele estava levantando. Daí a gente via os sinos e batia aquela curiosidade de como ficaria”, segreda Maria.

Além do Campanário, o revestimento do Baldaquino e da Cúpula também marcaram as comemorações do Tricentenário e a vida dos membros da Família dos Devotos. “A Cúpula é muito bonita, uma maravilha”, diz Nair. “Eu chorei quando eu a vi aparecendo lá em cima”, afirma Nadir, que assistiu a cerimônia de entrega.

“É uma satisfação fazer parte da Família dos Devotos e sentir a Casa da Mãe como se fosse minha casa”, concorda José Antônio. “Igual a casa da gente, né? Tem que cuidar, limpar, pintar. E nós temos que ajudar a manter esta casa”, salienta Maria Luiza. “Eu acho que o mínimo que a gente pode fazer é dar esta pequena oferta que a gente faz para que a igreja possa se manter e terminar as obras que ainda precisam ser feitas”, diz Nair.

Muito mais do que a construção do Santuário, a construção de gente também é um dos símbolos destes 25 anos de história. “Todas as obras chamam a atenção. O PEMSA, a Casa do Pequeno, o Lar Nossa Senhora Aparecida, além dos mosaicos e outros”, elucida Dinorá.

“Minha neta aprendeu a tocar violino no PEMSA”, alega Nadir. “Eu faço parte do Trilhas do Viver (um dos projetos sociais do Santuário Nacional) e lá tem várias atividades. A gente faz relaxamento, alongamento, oração, cânticos e um lanche muito bem feito. É muito bom”, descreve Maria.

Thiago Leon
Thiago Leon
"Sou Representante por amor a Nossa Senhora Aparecida", define Olinda Pires dos Santos, de São Paulo (SP)


Este trabalho é impulsionado pelos Representantes, que ajudam na propagação da devoção a Nossa Senhora Aparecida por meio da Família dos Devotos. Entre eles está Olinda, que se utiliza da Revista de Aparecida para ecoar a mensagem do Santuário. “Essas revistas eu levo para as catequistas trabalharem com as crianças, levo para os doentes nos hospitais, para os idosos que estão sozinhos”, detalha. “É uma missão que tenho de cumprir”, define.

Olhando para toda a trajetória da Família dos Devotos, só nos resta cantar, com Maria, o Magnificat (cf. Lc 1,46-55) de ação de graças a Deus por tantas realizações. “Eu sou muito feliz e grata por essa Família, porque vejo quanto crescimento teve na Basílica e na própria cidade”, salienta Maria Luiza. “Tudo isso aqui é obra de Deus e da Nossa Senhora também”, finaliza.

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