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A ressurreição do Senhor

Maria Madalena no jardim da ressurreição, a samaritana junto ao poço e a protagonista do Cântico dos Cânticos são todas anunciadoras do mesmo mistério: o amor é mais forte (cf. Ct 8,6)

Thiago Leon
Thiago Leon
“Disse-lhe Jesus: “Maria!” Ela, voltando-se, disse-lhe em hebraico: “Rabbuni!”, que significa “Mestre” (Jo 20,16)

O grão de trigo caiu no solo e morreu (cf. Jo 12,24). Morreu e brotou: é praticamente impossível separar as duas coisas. Quando a semente apodrece e se parte, emerge vida de dentro dela. Essa vida é a mesma de antes — em certo sentido, ainda estamos falando da mesma semente —, mas ao mesmo tempo é algo completamente novo. No ventre da terra, na escuridão da morte, Jesus de Nazaré brotou como o Cristo ressuscitado, o Senhor.

Thiago Leon
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No poço, disse Jesus à Samaritana: “Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: ‘dá-me de beber’, tu é que lhe pedirias, e ele te daria água viva!” (Jo 4,10)

Ele é “o último Adão” (1Cor 15,45), princípio de vida nova para toda a criação. A partir daí, como diz o Papa Francisco, “as criaturas deste mundo já não nos aparecem como uma realidade meramente natural, porque o Ressuscitado as envolve misteriosamente e guia para um destino de plenitude. As próprias flores do campo e as aves que Ele, admirado, contemplou com os seus olhos humanos, agora estão cheias da sua presença luminosa” (Laudato si’, 100).

Assim, a primeira manifestação do Ressuscitado é no jardim onde ele havia sido sepultado (cf. Jo 19,41). Tudo começou no jardim e de novo é aqui que tudo recomeça. O coração daquela que o ama, a discípula Maria, o procura. E ele se manifesta: chama-a pelo nome (cf. Jo 20.16). Dando-se conta de que é conhecida, de que alguém a enxerga em sua dignidade e a convida a uma relação amiga, Maria o reconhece: é o Mestre; ele está presente.

O coração de quem ama sabe escutá-lo, vê-lo e tocá-lo onde existe beleza, onde existe amor, onde existe liberdade: no jardim. “Passaram-se as coisas antigas: todas as coisas são novas” (2Cor 5,17). “O inverno passou! A chuva já se foi! Apareceram as flores na nossa terra, voltou o tempo das canções” (Ct 2,11-12). Chegou a hora dos que adoram em espírito e verdade (cf. Jo 4,23) e que reconhecem que toda a nossa existência é uma festa onde Deus e a humanidade se unem numa só carne (cf. Gn 1,24).

Thiago Leon
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Representação do Cântico dos Cânticos: "Logo que passei por eles, encontrei o amado de meu coração. Segurei-o e não o deixarei" (Ct 3,4)


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