Entrecortada por rios e igarapés, a cidade de Afuá (PA) foi construída sobre as águas. Por isso, não possui carros ou motos. Para trafegar por suas ruas é preciso utilizar bicicletas – nas passarelas construídas entre as ilhas – ou barcos, que dominam a paisagem junto às casas construídas sobre palafitas, que parecem flutuar sobre as águas que regem a vida nessa parte do Brasil.
Apesar dos desafios geográficos da cidade, a igreja do município também participou do Sínodo sobre a Sinodalidade. Realizado desde o início deste ano, o processo de escuta sinodal movimentou paróquias e comunidades de todo o mundo.
De acordo com dados da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), 254 dioceses brasileiras enviaram as contribuições dadas por pessoas de diversas realidades, vencendo limites territoriais e culturais.
Afuá integra o arquipélago de Marajó, no nordeste do Pará. Na região – segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – mais de 50% da população vive com renda per capita inferior a meio salário mínimo.
A comunidade de Afuá – dedicada a Nossa Senhora Auxiliadora – integra a Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, em Santana, no estado do Amapá. A distância da Matriz paroquial até a comunidade paraense é vencida apenas por meio de barco, ao longo de quatro horas e meia.
A geografia impõe desafios para a ação pastoral da Igreja, mas que se tornaram pequenos para a realização da consulta sinodal. “Quem leva a vida das comunidades, da paróquia para frente, são os leigos”, afirma Raul Bonte Po, pároco local.
Comunidades interestaduais se uniram ...maisComunidades interestaduais se uniram para processo sinodal nas ilhas do Amapá e do Parámenos
- Foto: Acervo Pessoal
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- Foto: Acervo Pessoal
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O sentimento é compartilhado pelos fiéis da pequena Serra da Saudade (MG). Com apenas 771 habitantes – de acordo com o IBGE – o município é considerado o menor do Brasil. Na cidade, a consulta do Sínodo utilizou-se até mesmo da internet para chegar aos fiéis.
“O processo sinodal em nossa comunidade foi divulgado pelo padre na igreja e nas redes sociais”, comenta Silvania Fernandes, membro da Comunidade de Nossa Senhora do Carmo, a única da cidade.
A realização da consulta sinodal mobilizou a comunidade. “A sensação dos fiéis é de maior proximidade com o Papa, que está disposto a ouvir toda a Igreja, inclusive nossa cidade de Serra”, detalha o padre Geraldo Agostinho, administrador da Paróquia São Sebastião, responsável pelo atendimento pastoral de Serra da Saudade.
A devoção mariana sempre esteve presente no cotidiano do pacato município, que surgiu ao redor da Capela de Nossa Senhora do Carmo, padroeira local. “Na nossa comunidade, por ser muito pequena, já existe essa igreja missionária, que reza, mas acima de tudo se preocupa com o próximo, tem uma amizade social bem bacana”, explica Silvania.
A fé também edificou a Vila Santo Antônio, bairro de Campos do Jordão (SP). “O próprio nome do bairro, Santo Antônio, foi dado graças a uma capela com o nome do santo. Aqui, a participação da Igreja foi bastante grande. Antes do nosso Centro Comunitário, quando a gente se reunia para discutir os problemas sociais era tudo na igreja”, recorda Antônio Rodrigues, líder da Comunidade de Santo Antônio. Luxuoso destino turístico, Campos do Jordão apresenta comodidades nada acessíveis aos moradores do pequeno bairro. “É um bairro bastante carente, considerado pela cidade toda, e até pela região, um bairro com vulnerabilidade social e com complicações na questão da habitação, porque nós estamos num terreno que foi tomado posse pelas pessoas, que aqui construíram suas casas”, descreve Antônio.
Embora não exista uma contagem oficial, estima-se que cinco mil pessoas morem no bairro, abrigadas em mais de oitocentas casas. Para levar até elas a consulta sinodal, houve uma intensa campanha de conscientização por parte da Igreja.
“Nós fizemos, junto à Diocese de Taubaté, um folheto explicativo dizendo o que é um Sínodo, qual seu objetivo. O tema e sentido do processo sinodal, bem como da comunhão, da participação e da missão. Depois, a escuta e discernimento, dois elementos fundamentais desse Sínodo”, destaca o pároco da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, padre José Rosa, responsável pelo atendimento pastoral da Vila Santo Antônio.
O volume de respostas de todo o mundo, aliado à necessidade de uma maior compreensão do caminho sinodal, fez com que o Papa Francisco anunciasse, no último dia 16 de outubro, a realização da Assembleia Sinodal em duas sessões: de 04 a 29 de outubro de 2023 – conforme já estava previsto – e em outubro de 2024. De acordo com o pontífice, o período mais longo quer favorecer “a compreensão da sinodalidade como dimensão constitutiva da Igreja” e uma melhor vivência do Sínodo “num caminho de irmãos e irmãs que testemunham a alegria do Evangelho”.
A consulta sinodal passou até mesmo dos limites da Paróquia, chegando a locais que muitas vezes são esquecidos. “Faço um trabalho social em uma casa de dependentes químicos e aplicamos o questionário também com os residentes dessa casa”, reforça Antônio.
A estratégia adotada na Vila Santo Antônio se mostrou certeira e fez com que mais pessoas pudessem participar do processo do Sínodo. “Houve uma adesão das pessoas. Nem todos conseguiram responder, mas houve uma adesão e uma preocupação da nossa parte de incentivar as pessoas a responderem.”, avalia o líder da Comunidade.
A mesma estrada sinodal é trilhada tanto nas encostas da Vila Santo Antônio quanto nos morros de Serra da Saudade ou nas águas de Afuá. Percorrida com o mesmo carisma missionário recebido dos Apóstolos e transmitido pela Igreja até os dias de hoje, reflete o cumprimento do pedido de Jesus: “ide e ensinai a todas as nações” (Mt 28, 19).
Os próximos passos de uma caminhada conjunta
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