Por Victor Hugo Barros Em Revista de Aparecida Atualizada em 17 JAN 2024 - 10H28

As mais antigas fotos da devoção a Nossa Senhora Aparecida

Imagens conservadas pelo Centro de Documentação e Memória do Santuário Nacional retratam, por gravuras e fotografias, a história da Padroeira do Brasil

Há 184 anos desembarcava no Brasil o primeiro equipamento fotográfico. Trazido por Louis Compte, ele chegou ao país em 08 de janeiro de 1840, sendo apresentado ao Imperador Dom Pedro II, no Rio de Janeiro.

Alguns anos depois, em 1869, a Imagem de Nossa Senhora Aparecida seria fotografada pela primeira vez. A foto, produzida por Luiz Robin e Valentim Favreau, é testemunho histórico da devoção a Padroeira pouco mais de 150 anos após a pesca da Imagem.

Luiz Robin e Valentim Favreau / Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Luiz Robin e Valentim Favreau / Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Primeiro retrato da Imagem original de Nossa Senhora Aparecida, feito pelos fotógrafos Luiz Robin e Valentim Favreau


Para comemorar o Dia da Fotografia, a Revista de Aparecida apresenta as 12 imagens mais antigas do acervo do CDM e que retratam a história da devoção à Padroeira do Brasil. 


As aquarelas de Thomas Ender

A mais antiga gravura que retrata o templo que abrigava a Imagem de Nossa Senhora Aparecida é de um dos mais renomados artistas que estiveram no Brasil na primeira metade do século XIX. Em sua histórica “Viagem pelo Brasil”, o austríaco Thomas Ender passou pela Capela de Aparecida em 1817 – portanto, 100 anos após o encontro da Imagem - e a registrou em uma aquarela.

Thomas Ender / Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Thomas Ender / Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Aquarela de Thomas Ender é o primeiro registro visual da "Capella d'Apparecida", em 1817


A primeira gravura apresenta a Capela de Aparecida no período, nos dando uma perspectiva de como era o templo construído em 1744 pelo padre José Alves Vilella, embora acrescido por reformas e ampliações significativas. Entre elas, a colocação de duas torres, construídas entre 1760 e 1780.

O mesmo artista retratou, também em 1817, um panorama da região da Capela de Aparecida. Na aquarela, é possível observar o Vale do Paraíba.

Thomas Ender / Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Thomas Ender / Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Aquarela de Thomas Ender na região da Capela de Aparecida



A Basílica Histórica antes de sua inauguração

A primeira fotografia da atual Basílica Histórica é de antes mesmo de sua conclusão, quando não possuía nem o título de Santuário, nem o de Basílica, sendo chamada apenas de “Capella d'Apparecida”. O registro, feito em 1876, apresenta o templo com as duas novas torres, que haviam acabado de ser concluídas. Ambas seriam inauguradas apenas em 1877, sendo imortalizadas no histórico clique.

Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Primeira foto da Basílica Histórica, na época ainda "Capella d'Apparecida", em 1876


A coroação da Imagem

Outro raro registro que apresenta um panorama da Basílica Histórica é datado de 8 de setembro de 1904, quando a Imagem de Nossa Senhora Aparecida foi solenemente coroada. Os documentos da época contabilizam cerca de 6.000 romeiros vindos especialmente para a solenidade. Destes, 1200 vindos da capital paulista, números impressionantes para a época. A fotografia deste dia atesta a multidão que se reuniu na Praça Nossa Senhora Aparecida para a coroação.

Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
08 de Setembro de 1904: a Imagem de Nossa Senhora Aparecida é coroada


Além do templo e da multidão, chama atenção também o monumento à Imaculada Conceição, levantado na praça “como perene lembrança” da data - como descreve a Ata do evento – e inaugurado no mesmo dia, “comemorando, no mesmo tempo, o fato da coroação da Imagem de Aparecida e a definição do dogma da Imaculada Conceição de Maria Santíssima, em 1854, pelo Santo Padre Pio IX”.

A Basílica no início do século XX

Após a Coroação da Imagem, privilégios e indulgências foram sendo acrescidos ao então Santuário Episcopal. Em 1908, São Pio X – então papa reinante – elevou o Santuário ao título de Basílica. Ao mesmo tempo, concedeu indulgências especiais para os peregrinos que visitavam o templo. Deste período, alguns registros apresentam o edifício basilical.

Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Exterior da Basílica Histórica em fins da década de 1910


Na foto abaixo, feita em 1911, é possível observar o templo dominando a paisagem. Ao lado da Basílica, é possível ainda notar as chamadas “Casas da Santa”, onde moraram os primeiros Redentoristas que vieram da Baviera para trabalhar no Santuário.

Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Largo da Basílica em 1911, antes da construção do Convento Redentorista


Romeiros e romarias

Ao longo dos anos, a presença dos romeiros também foi aumentando. Neste período, tiveram início as romarias diocesanas e paroquiais, bem como de grupos e associações religiosas. A Romaria da Liga Católica de Juiz de Fora (MG), por exemplo, foi retratada na lateral da Basílica em 18 de setembro de 1910, imortalizando a peregrinação.

Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
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Romaria da Liga Católica de Juiz de Fora, na lateral da Basílica Histórica, em 18 de setembro de 1910


Cada vez mais crescente, o movimento de peregrinos se intensificava ainda mais em datas comemorativas. Em 08 de setembro de 1929, por exemplo, a celebração dos 25 anos da coroação de Nossa Senhora Aparecida reuniu uma multidão diante da Basílica Histórica.

Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
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25 anos da Coroação de Nossa Senhora Aparecida, em 1929


Aparecida ao longo dos anos

Junto com a movimentação, as estruturas ao redor do Santuário também foram sendo ampliadas. Este registro, feito na década de 1920, apresenta uma vista frontal da antiga Basílica e a Praça Nossa Senhora Aparecida. É possível notar, ao seu redor, o Convento Redentorista já construído e os primeiros hotéis nas proximidades do templo que, na época, abrigava a Imagem da Padroeira do Brasil.

Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
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Vista frontal da Basílica Velha e a Praça N.Sra. Aparecida na década de 1910


Não apenas a fachada da antiga Basílica, mas também seu interior foi fotografado. Uma das imagens, datadas do fim da década de 1920, mostra o órgão de tubos do histórico templo. Adquirido em 1926, na Alemanha, está em atividade até os dias de hoje, após ser restaurado em 2015, graças a Família dos Devotos.

Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
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Interior da Basílica Histórica no fim da década de 1920


Momentos marcantes na vida pastoral do Santuário também foram registrados pelas lentes da época. A benção do novo carrilhão da Basílica, cujo som até hoje emociona romeiros e aparecidenses, foi eternizada em uma foto feita naquele dia 11 de maio de 1935, durante a cerimônia chamada de “batismo dos sinos”.

Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
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Benção dos Sinos da Basílica Histórica, em 11 de Maio 1935


Seu amor constrói história e memória

Muitas outras fotografias retratam a devoção dos brasileiros à sua Padroeira e o amor à Virgem Aparecida, concretizado na construção do Santuário Nacional. Nos últimos 20 anos, grande parte deste acervo está na Revista de Aparecida, enviada mensalmente para todos os que fazem parte da Família dos Devotos.

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