Quando a Imagem de Nossa Senhora foi encontrada nas águas do Rio Paraíba do Sul, em outubro de 1717, logo ela passou a ser chamada “Aparecida”. E aqui é importante notar que a invocação não foi “de Aparecida”, mas somente chamada “Aparecida”. Pois, naquela época, a cidade que hoje leva o nome da Padroeira do Brasil sequer existia e só foi criada em 17 de dezembro de 1928.
Logo, o Porto do Itaguaçu, região onde aconteceu a pesca miraculosa, pertencia à Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá, local estratégico entre Minas Gerais e São Paulo. O Livro do Tombo da Paróquia de Guaratinguetá atesta que, na época, cerca de três mil pessoas viviam na Vila, entre escravos e libertos.
O mesmo documento dá detalhes sobre a vida religiosa do período. Na época do encontro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, o pároco da Vila de Guaratinguetá era o padre Felix Sanches Barreto (que exerceu seu ministério na localidade entre 1716 e 1725). Neste tempo, a paróquia era ligada à então Diocese do Rio de Janeiro, governada por Dom Francisco de São Jerônimo.
A vida religiosa era regida não apenas pelas missas, mas também pelas celebrações realizadas pelas famílias. A veneração à Imagem de Nossa Senhora Aparecida, por exemplo, se iniciou na casa dos pescadores “onde todos os sábados se agrupava gente para cantar o terço e mais orações”, como narra o Livro do Tombo.
Não é difícil saber que a pesca era uma das atividades econômicas da Vila. Além do encontro da Imagem ter acontecido em um momento como este, os documentos da época também testificam a ocupação.
O primeiro relato do encontro da Imagem, escrito pelo padre Dr. João de Moraes e Aguiar – também no Livro do Tombo – nos dá a entender isso dizendo que “foram notificados pela Câmara os pescadores para apresentarem todo o peixe que pudessem haver para o dito Governador. Entre muitos, foram à pesca Domingos Martins Garcia, João Alves e Felippe Pedroso”.
Após o encontro da Imagem, como sabemos, o local passou a ser conhecido por diversos nomes, sempre atrelados à devoção a Nossa Senhora Aparecida. “Capela da Conceição Aparecida” e “Sítio das Romarias” foram alguns dos nomes que a localidade recebeu, até que, em 1928, oficialmente passou a chamar-se “Aparecida”, adotando para si o nome da Virgem que, ao deixar-se encontrar nas águas do Paraíba do Sul, fez de uma pequena localidade no interior paulista a Capital Espiritual do Brasil.
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