Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Revista de Aparecida Atualizada em 19 DEZ 2023 - 12H16

Cristo era o sobrenome de Jesus?

Não era. E não é hoje, a não ser no conhecimento geral histórico, transmitido pela Tradição, com a vivência da fé cristã, desde a Igreja dos Apóstolos e os escritos do Novo Testamento

Essas fontes: os Evangelhos e a Tradição oral das comunidades, associaram a palavra Cristo ao nome Jesus, identificando-o como a pessoa do Salvador-Messias, prometido por Deus. O nome Jesus foi anunciado à mãe, Maria, de modo extraordinário pelo anjo Gabriel, no episódio da Anunciação (Lucas, Evangelho da Infância). A criança era socializada e conhecida, conforme os costumes patriarcais: descendência, família e tribo. Jesus foi educado em Nazaré, na Galileia.

A primeira referência ao nome foi essa; Jesus de Nazaré, ou o Nazareno. O nome pelo qual se conhecia a pessoa, indicava o sentido, a missão, a vocação, ou função dela em relação à vida de todos. A palavra Jesus em hebraico significa: Deus é a Salvação. Mais tarde, a palavra Cristo condensou todos os títulos bíblicos que esclareciam a missão do Messias e seu mistério pascal, encarnação, morte, ressurreição.

Perguntar se Jesus teve um sobrenome não passa de curiosidade histórica, se tanto! Um interesse relativo, a rigor, não despertaria uma questão genuína de fé ou de reflexão teológica. Já o título Cristo, sim, abrange tudo o que Jesus significa no mistério da Revelação judaico-cristã. O interesse é identificar a pessoa de Jesus na Trindade. São João nos diz que Ele é o enviado do Pai.


Representação da ressurreição de Cristo - a Anastasis -, com o símbolo “Chi Rho”, formado pelas duas primeiras letras da palavra Cristo em grego (Χριστός) acima de dois soldados romanos

Ora, conhecer na fé essa Pessoa, com um título acrescentado à sua existência terrena, é entrar na suprema grandeza do Novo Testamento.

O título Cristo, e todos os demais dados a Jesus pelas comunidades cristãs, são do mais puro interesse bíblico-teológico. Nenhum é um sobrenome.

Todos são títulos que comprovam a rápida expansão da Igreja no mundo greco-romano, após a morte e ressurreição do Senhor Jesus. Então, hoje se fala em Jesus da História e Cristo da Fé.

Conhecer o Jesus-pessoa-humana não é exclusividade crente. Ele personifica os supremos ideais humanos: humanismo, fraternidade, amor ao próximo, caridade, respeito à dignidade soberana da vida, justiça, paz.

Na cultura dos povos, principalmente a ocidental, o nome-palavra Jesus Cristo, está entranhado acima de quaisquer traços biográficos.

Mas, segui-lo com fé total e radical no amor só é possível a quem nele crer como o Cristo da Fé.

A reflexão teológica vê os títulos de Jesus como: o Cristo de Deus, filho do Altíssimo, seu Ungido, o Messias e Senhor, o Filho do homem; Mestre, Rabi, etc. Os atributos bíblicos nos mostram o nome de Jesus acima de todos os nomes (Fl 2,9-11). Nele está a divindade e humanidade do seu mistério.

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