Para nós, cristãos e cristãs, é sempre um apelo e, até mesmo, um imperativo: ler, ouvir/interiorizar e viver/praticar a Palavra de Deus. Cotidianamente devemos ter essa busca presente no horizonte da nossa vida de fé, considerando que há ocasiões privilegiadas desse contato com a Palavra acontecer: nas celebrações e nos sacramentos da vida eclesial. E o mês de setembro, na Igreja do Brasil, é mais uma dessas ricas oportunidades que temos para conhecer melhor e aprofundar mais nossa vida de intimidade e comunhão com Deus, por meio de sua palavra, contida nas Escrituras Sagradas! Os círculos bíblicos ou grupos eclesiais que se reúnem para ouvir, estudar e vivenciar a Palavra são outro valioso recurso que muito nos auxilia na formação do coração de discípulos missionários! Porque “ignorar as Escrituras é ignorar Cristo” (DV 25 citando S. Jerônimo).
Certamente que, em um passado não muito remoto, os recursos e instrumentos para conhecer e entender a linguagem bíblica e acolher mais claramente sua mensagem para a vida concreta, eram muito mais escassos e limitados. Mesmo assim, a Palavra de Deus nunca deixou de provocar e inspirar a vida das pessoas e das comunidades. A própria vida dos santos e das santas, a arte sacra, a liturgia, o estudo teológico são expressões contundentes da força que essa Palavra encontrou para edificar e para ser traduzida na prática do que Deus quis e quer comunicar à humanidade, dentro do seu plano salvífico. Nesse sentido, Santo Afonso orientou-se por esse senso pastoralista ao compor seus cânticos, ao fazer suas pinturas e ao escrever sua teologia moral e suas obras de espiritualidade, inclusive algumas de cunho explicitamente bíblico. Em tudo, fazia extravasar a perspectiva da fé permeada pela fecundidade da Palavra de Deus que inspira, corrige e ilumina a vida humana na sua integralidade. De modo que, com propriedade, pode-se considerar essa forma de agir como sendo a magistral conjugação da fé e da vida, ou seja, de que a fé molda e dá sentido à vida e esta é a encarnação da fé sendo a forma de ser no mundo e nas relações com as pessoas! E para nós, os missionários redentoristas, a pregação explícita da Palavra é uma exigência e um critério imprescindível na ação evangelizadora que realizamos.
Portanto, para todos nós que buscamos conhecer e valorizar a Palavra de Deus o ensinamento alfonsiano é muito útil e pertinente fazer dela o nosso guia e a alma do nosso agir. E para que não seja um mero fruto da nossa interpretação pessoal, a Palavra deve ser acolhida e entendida em comunhão com a Igreja Povo de Deus (DV 12)! A chamada Tradição nos dá a segurança necessária de uma compreensão que a comunidade de fé tem e que é sempre maior do que aquela individual. Juntos celebremos e unidos ajudemo-nos uns aos outros a praticar a Palavra que nos foi dada, especialmente na vida de Jesus e nos textos bíblicos. Pois, aos antigos Deus falou muitas vezes pelos profetas; a nós falou por seu próprio Filho, o Salvador Jesus Cristo, a Palavra de Deus por excelência, centro e totalidade da revelação divina (cfr. Hb 1,1-2). Assim, a Bíblia e a vida serão como nossos dois pulmões, símile à fé e a vida!
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