Ocorrida em 08 de setembro de 1904, a coroação pontifícia da Imagem de Nossa Senhora Aparecida completa 120 anos em 2024. O ato, ocorrido por ordem do Papa Pio X – hoje canonizado – marcou um novo impulso na devoção à Padroeira do Brasil.
A ideia surgiu de parte do episcopado brasileiro, durante uma reunião ocorrida em São Paulo no ano de 1901. O pedido para a coroação foi assinado pelo então arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcante, junto dos bispos sufragâneos.
A ação foi orientada pelo Núncio Apostólico da época, Dom Júlio Tonti. A Revista “Ave Maria” de janeiro de 1904 registra que o próprio representante do Papa esteve em Aparecida em maio de 1903 para orientar a solenidade, que ainda deveria ser aceita pelo Papa.
A esperada notícia foi emitida em 21 de dezembro de 1903 pelo Cabido da Basílica de São Pedro, no Vaticano – um conjunto de sacerdotes nomeados pelo próprio pontífice. A resposta positiva chegou a Aparecida no dia 04 de fevereiro de 1904. O sinal verde de Roma deu início às preparações mais intensas em Aparecida.
O dia 08 de setembro, uma quinta-feira, foi escolhido para a solenidade. Uma extensa programação havia sido divulgada, com cerimônias que também prepararam o povo para o evento.
Em Aparecida, as celebrações se iniciaram no 07 de setembro. Na tarde daquele dia, os bispos cantaram o Te Deum em ação de graças pela independência do Brasil no interior do Santuário, diante da Imagem.
Na madrugada do dia 08, as missas começaram a ser celebradas às 3h, no altar mor e nos altares laterais de forma simultânea. Bispos e sacerdotes se revezavam nas cerimônias, enquanto os romeiros enchiam o templo com suas preces e cantos.
O cenário se seguiu até às 9h, quando uma extensa procissão com 14 bispos e centenas de sacerdotes se dirigiu à Praça diante do Santuário Episcopal – chamado hoje de Basílica Histórica – para o início da solene Missa de Coroação. Entre os prelados estava o padre Gebardo Wiggermann, missionário redentorista que segurava a coroa de ouro, doada pela Princesa Isabel em 1888, em uma almofada.
Ao fim da missa, o então bispo de Petrópolis, Dom João Francisco Braga, realizou um discurso preparando o povo para o momento mais aguardado do dia. Finalizando sua fala, o religioso afirmou: “Os séculos vindouros repetirão, permanentemente, o cântico mimoso deste dia e desta hora, cântico de um só pensamento: Salve, Virgem Aparecida”.
Logo depois, a coroa foi abençoada pelo bispo de São Paulo da época, Dom José de Camargo Barros. Foi ele quem, recebendo a coroa das mãos do padre Gebardo, subiu os degraus até o trono da Imagem e a coroou exatamente ao meio-dia, como narram os textos da época.
“Vivas prolongados a Nossa Senhora Aparecida irrompem da multidão, palmas estrepitosas enchem toda aquela praça, e o hino nacional completa as expansões de alegria”, escreveu na ocasião o monsenhor José Marcondes Homem de Mello, que acompanhou a celebração.
O dia contou ainda com a inauguração do monumento à Imaculada Conceição na Praça diante do templo, lugar em que permanece até hoje como lembrança da grande festa. Uma procissão com a Imagem coroada também marcou o dia, contando com ampla participação do povo e do clero.
A Coroação da Imagem de Nossa Senhora Aparecida foi o primeiro grande ato da Igreja no Brasil após a proclamação da República. Bispos e sacerdotes - que durante o Império só poderiam deixar suas dioceses com a licença do Imperador - uniram-se aos romeiros para saudar a Rainha de um Brasil Republicano e que, há 120 anos, continua a reinar não apenas nos tronos, mas nos corações dos brasileiros.
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