Por Fr. Jonas Nogueira, OFM
Diante de um mundo marcado pelas mais variadas formas de dor e sofrimento, somos tentados a abolir algumas imagens de nosso universo simbólico cristão, como o Senhor crucificado e morto e sua mãe, enquanto a Senhora das Dores. Corre-se o risco de considerar essas imagens como signos de resignação, conformismo, sadismo ou qualquer patologia psicológica. Essa tentação, que em alguns casos específicos é real, não foi assimilada pelo povo de Deus dessa forma, pois os fiéis, ao contemplarem essas imagens, experimentam a compaixão de Deus, que transmite uma verdadeira esperança, que pode ser traduzida como vida, saúde, enfim, ressurreição.
Especificamente queremos contemplar a comunicação de fé e esperança que brota da devoção a Nossa Senhora das Dores. Sem dúvidas, sabemos que essa devoção tem raízes bíblicas, pois os Evangelhos nos relatam o modo como Maria, em seu ministério materno, experimentou o sofrimento de diferentes formas, sobretudo na paixão e morte de seu filho.
Nas origens dessa devoção encontramos a figura de Santo Anselmo de Cantuária (†1109), sendo uma das primeiras e mais importantes figuras a convidar o povo a contemplar a compaixão de Maria. Tal iniciativa alcançou seu lugar como festa litúrgica, sendo o mais antigo documento a registrar essa celebração, datado no dia 22 de abril de 1423, na Colônia (Alemanha). Em 1913, Pio X fixa a data da festa no dia 15 de setembro. Importante observar a ligação entre a Festa da Exaltação da Santa Cruz (14 de setembro), com a Memória de Nossa Senhora das Dores, que acontece no dia seguinte. Essa vizinhança de datas nos diz que Maria está visceralmente unida ao mistério da Cruz de seu Filho Jesus Cristo. Outras formas de espiritualidade popular surgiram em torno das Dores de Maria na Idade Média, como a via-sacra, uma devoção franciscana em que o povo é convidado a caminhar com Maria as 14 (15) estações da paixão e morte (e ressurreição) de Jesus (observemos que entre uma estação e outra canta-se: “Pela Virgem dolorosa, nos a mãe tão piedosa”); e a devoção às Sete dores de Maria. Já no século XVII, sob o impulso devocional da Ordem dos Servos de Maria, nasce a via-matris, que, a modelo da conhecida via-sacra, caminha em contemplação nas sete dores de Maria.
Todo o mergulho contemplativo nas dores de Maria é para nos encontrarmos com a compaixão da Mãe de Jesus e, com ela, um caminho de superação aos sofrimentos que encontramos em nossa vida. Maria não pede resignação diante do que fere a nossa humanidade, mas que confiemos em Deus, que “permaneçamos de pé” junto às cruzes da nossa vida, como quem sabe que a última palavra sempre pertence Àquele que nos ama profundamente e a sua palavra é vida, é ressurreição.
Ave, ó Theotokos
Maria e as antífonas do “Ó”
A Sagrada Liturgia, com tais antífonas, prepara seus filhos redimidos já na última semana que antecede o Natal, com grande expectativa e amor para a vinda de Cristo Menino.
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