Revista de Aparecida

O mistério da Imaculada Conceição na comunhão da Igreja

Existe um princípio que guia a reflexão mariológica que não podemos perder de vista: o que se diz sobre Maria também o podemos dizer sobre a Igreja e vice-versa

Escrito por Família dos Devotos

16 DEZ 2022 - 13H36 (Atualizada em 29 DEZ 2022 - 11H39)

Pintura Beto Leite

Desde os escritos do Novo Testamento, Maria sempre é apresentada como modelo de santidade para a Igreja. Assim, se Maria é santa, toda a Igreja é santa. O fato de sermos marcados por nossas misérias humanas, que se configuram como pecados, não muda a natureza da Igreja como “santa”, pois ela é o “Corpo de Cristo”. Assim, nós pecamos “no Corpo de Cristo”, ou “contra o Corpo de Cristo”. Contudo, a Virgem Maria jamais deixa de ser um modelo de santidade para todos nós, sobretudo por sua Imaculada Conceição.

O dogma da Imaculada Conceição nos diz que, desde o primeiro instante de sua concepção, Maria foi preservada do pecado original. O que significa dizer que Maria foi concebida com o dom da redenção salvífica em virtude dos méritos de Jesus. Nunca escrava do pecado, mas testemunha da primazia da “graça original” sobre todo o contexto de morte e pecado.

A singularidade da Imaculada Conceição de Maria não é algo incomunicável a toda a humanidade. Dizemos isso porque a graça santificante e redentora que Maria recebeu de modo preventivo (antes de sua concepção), nós a recebemos em modo de libertação, mediante o batismo que nos foi dado, que é o selo da “graça original” em todos os batizados, um sinal de salvação e comunhão. Assim, salvaguardando as proporções, todos nós, com Maria, somos “santos e íntegros” diante de Deus (cf. Ef 1,4).

Pensando a Imaculada Concei- ção de Maria em sua união com a ação sacramental do batismo enten- demos que a Igreja é a grande teste- munha do triunfo da graça original sobre todas as realidades de pecado e morte. E assumindo seu lugar de testemunha privilegiada da vitória da graça sobre o pecado e a morte é que a Igreja se entende em sua mis- são profética no mundo.

A profecia da Igreja, sob o sinal da Imaculada Conceição, traz consigo um otimismo fundado na fé. Não é um otimismo tolo que diz que “no final, tudo acaba bem” para todas as coisas, mas um otimismo fundado na fé que diz que no final tudo acaba bem, porque o Espírito de Deus está agindo no ‘agora’ de nossas vidas e que tudo entregará nas mãos do Pai pelo Filho. O que o Filho e o Espírito Santo colocarão nas mãos do Pai é a graça original não perdida, mas plenamente concretizada em tudo e em todos.

Diante dessa situação, a Imaculada Mãe de Deus vem nos lembrar que somos terra (cf. Gn 2,7), mas não uma terra qualquer (mesmo sabendo que não existe uma “terra qualquer”), mas somos terra do paraíso, terra que guarda toda a fertilidade original e uma força de regeneração e cuidado que deve ser transformada em promoção de vida. Se alcançamos com o coração e a razão esse princípio, somos impelidos a uma conversão radical em favor da vida.

Quando estamos no Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, percebemos o quanto o elemento água é representado. Refere-se ao Rio Paraíba do Sul onde, em 1717, o Senhor nos deu a imagem sagrada de Maria, mas, sobretudo, remete às águas do batismo. Logo, a Casa da Mãe Aparecida é o lugar em que a Imaculada está reunida com os que foram santificados pelo batismo para o louvor do Pai. Oxalá essa profecia alcance todo o nosso Brasil.


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Fonte: Fr. Jonas Nogueira, OFM

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