Revista de Aparecida

Porque o Natal é celebrado no dia 25 de dezembro

Escrito por Pe. José Inácio Medeiros, C.Ss.R.

02 FEV 2024 - 14H25 (Atualizada em 15 FEV 2024 - 09H39)

Wikimedia Commons

Naquele dia, Deus nosso Senhor concedeu a sua graça e de noite ressoou o seu louvor.
Este é o dia que o Senhor fez, alegres exultemos por ele.
Pois foi-nos dado um Menino amável e santíssimo, nascido por nós à beira do caminho e deitado numa manjedoura, porque não havia lugar na estalagem.
Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.
Alegrem-se os céus, rejubile a terra, ressoe o mar com tudo o que contém, rejubilem-se os campos e o que neles existe!…
(Texto de São Francisco de Assis)

As grandes civilizações da Antiguidade como a dos mesopotâmicos, persas, babilônicos, gregos, romanos e outras eram politeístas e em diferentes épocas do ano, realizavam festejos em homenagem de seus deuses. Entre os romanos, o dia 25 de dezembro era o ponto central de um grande festival, por ser o solstício de inverno, o dia do ano em que o sol se encontrava mais fraco. A partir desse dia, haveria mais sol e seria um tempo de recomeço, de crescimento ou de renascimento.

O povo judeu tinha um diferencial entre todas as demais civilizações, sendo o único povo que acreditava no único Deus, vivo e verdadeiro.

Após a cristianização de Roma, o dia 25 de dezembro de dezembro ganhou um novo significado, pois nele passou a ser comemorado o nascimento de Jesus, apesar de que hoje sabemos que é mais provável que Jesus tenha nascido próximo de abril, mas ainda assim o costume continuou.

Outro dado importante é que a comemoração do natal cristão marca o ano 01 da história do Ocidente, fazendo com que usemos as formas a.C. (antes de Cristo) e d.C. (depois de Cristo) para marcar os anos. Hoje estamos, portanto, no ano 2023 depois do nascimento de Cristo.

O simbolismo do dia 25

A cristandade, que hoje representa 1/3 da humanidade, comemora o nascimento de Jesus no Natal, dia 25 de dezembro. Mas, na verdade, ninguém sabe exatamente o dia em que Cristo nasceu. Apesar da fama de profeta e de Messias que ele adquiriu, Jesus veio ao mundo como um humilde habitante da Galileia, fato que não provocou muito alvoroço entre os letrados de seu tempo. Também naquele tempo não havia o costume de, como hoje, deixar registros dos fatos acontecidos.

O mais provável, segundo os estudiosos, é que o dia 25 de dezembro tenha sido escolhido como aniversário de Jesus mais por motivos simbólicos, do por corresponder ao dia certo de seu nascimento.  No ano 313, com o Imperador Constantino a Igreja ganhou liberdade de ação e um pouco mais tarde, no ano 395, o cristianismo foi oficializado como a religião do império. A partir deste momento começou o processo de fixação das principais comemorações cristãs e, em algum momento, a comemoração do natal foi fixada no dia 25 de dezembro para suplantar um antigo festival pagão onde se cultuava o Sol Invicto. Este festival era muito popular e ocorria mais ou menos na mesma época do ano, dando o pretexto para muitos exageros na comida e na bebida. A festa comemorava o solstício de inverno que no hemisfério Norte normalmente ocorre perto do dia 22 de dezembro. Hemisfério sul onde estamos o solstício de inverno ocorre próximo do dia 21 de junho.

O solstício era uma data associada a nascimento e ao renascimento, pois a natureza toda estava renascendo após o tempo do inverno em que a neve cobria vastas regiões. Para substituir as tradições das antigas civilizações a Igreja decidiu fixar a celebração do nascimento de Jesus na mesma época do ano, em fins de dezembro.

Falam os evangelhos

Nenhum dos evangelhos foi escrito com a finalidade de traçar exatamente a trajetória de Cristo como fenômeno histórico. Sua preocupação era outra, de mostrar a experiência do “Cristo da fé”, geradora do compromisso de discípulos e motivador do nascimento da Igreja.

Muitos textos que hoje estão nos evangelhos foram escritos a partir das tradições orais que existiam nas comunidades. O Evangelho de Mateus, por exemplo foi escrito uns 40 anos depois do fenômeno Cristo. No Evangelho de Lucas, por exemplo, existe a famosa narrativa dos pastores que, enquanto vigiavam seus rebanhos ao relento, foram avisados por anjos sobre o nascimento do Menino Jesus. Como dezembro é uma época muito fria na região de Belém, principalmente para quem ficar guardando as ovelhas durante a noite, alguns estudiosos colocam a data numa época de clima mais ameno, na primavera, talvez abril. Mas esses textos não são tão confiáveis do ponto de vista histórico.

O natal é oficializado

Um dos fatores que podem ter influenciado a Igreja a fixar a comemoração do nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro envolveu cálculos sobre a concepção do Messias. Eruditos cristãos do século 3 especulavam, com base em complicados cálculos feitos a partir de textos bíblicos, que o teria sido criado no dia 25 de março. Faria sentido, portanto, que Jesus tivesse sido concebido nessa data, já que sua encarnação representava o recomeço de tudo. Contando 9 meses para frente, tempo da gravidez de Maria, chegaram então à provável data de 25 de dezembro.

O mais importante, além de toda historicidade da data, é saber que o dia 25 de dezembro, é um dia de alegria e de festa, porque o Senhor veio ao mundo para nos trazer a salvação.

No ano 425, o imperador Teodósio codificou os ritos da festa que em 506, se tornou preceptiva e no ano 529 foi também incluída no calendário como festa civil. Algumas igrejas ortodoxas adotaram o Calendário Juliano, com um atraso de 13 dias em relação ao Calendário Gregoriano, celebrando o Natal no dia 7 de janeiro.

Assim como o sol que ao nascer ilumina a escuridão, o nascimento de Cristo invade a escuridão do pecado do mundo para nos mostrar o caminho a seguir. Com sua luz, mostra a verdade de nossa existência.

O próprio Cristo é a vida que renova a natureza decaída do ser humano e da natureza. O Natal comemora a presença renovadora de Cristo que vem para salvar o mundo e a Igreja, em seu papel de mãe e mestra, através de uma série de festas busca conscientizar o ser humano sobre este fato tão importante para a salvação de seus filhos. É, portanto, necessário que todos os cristãos vivam com o reto sentido a riqueza da experiência real e profunda do Natal. 

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