Revista de Aparecida

Vocação ou profissão? - Vocação: Escuta, Ação e Alegria

Dons são dados por Deus a todos os seus filhos. Cabe a eles decidirem como vão aplicá-los

Escrito por João Pedro Ribeiro

31 AGO 2023 - 08H00 (Atualizada em 01 SET 2023 - 09H17)

Thiago Leon

Deus, ao criar o ser humano, deu-lhe um bem muito precioso: o livre arbítrio. Com toda a inteligência que o homem dispõe, fruto da graça de Deus, ele tem o poder de submeter a terra sobre si e, dessa forma, nas suas vontades, colaborar com o Senhor na criação.

Entretanto, nesse caminho, muitos trabalhos podem ser desenvolvidos e muitos chamados feitos por Deus: como dedicar todos os dons recebidos do Senhor? Por meio de uma profissão ou por meio de uma vocação consagrada, religiosa, sacerdotal? É possível uni-las?

Refletindo as palavras do apóstolo dos gentios – aqueles que não seguiam a religião cristã –, São Paulo, “seja qual for vosso trabalho, fazei-o de coração, como para o Senhor e não para os homens” (Col 3, 23), a Revista de Aparecida busca clarificar esses questionamentos, existentes e ressoantes em vários corações humanos e respondidos com a ajuda e a graça de Deus.

Qual é a diferença?

Eu me sinto feliz no que eu estou fazendo no meu dia a dia? Eu me sentirei feliz e me realizarei com aquilo que estou fazendo no meu dia a dia?”. Estas são perguntas que o Pe. João Paulo Ramos, C.Ss.R, do Secretariado Vocacional Redentorista, oferece para identificar e diferenciar o chamado a uma profissão e a uma vocação. Ele clarifica que a vocação tem um caráter mais íntimo ainda do que uma escolha profissional. “Profissão é diferente de vocação. Profissão você faz por causa da remuneração financeira. Vocação você se dedica, você não sente cansaço depois de um dia exaustivo de trabalho porque você faz com amor”, explica.

Ter criatividade para se adaptar a diversas situações, colocando os próprios dons, presentes de Deus, a serviço, dá a oportunidade de usá-los para os outros, estendendo a própria mão aos mais necessitados a exemplo de Cristo, de acordo com o sacerdote. “O Espírito Santo suscita esses dons. Quando colocamos esses dons a serviço, eles são multiplicados. Mas com um objetivo, que é a missão. É fazer aquilo que Jesus sempre fez, olhar nos olhos das pessoas, fazê-las sentir importantes, valorizar o seu jeito”.

Essas duas faces de uma escolha de vida para o cristão se uniram de modo único no olhar de Irmã Terezinha da Silva, da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição.

Satisfação plena em duas respostas

“Minha vocação é para o outro, eu não fiz meus votos de pobreza, castidade e obediência para me voltar para mim. Pelo contrário, eu fiz para o outro”, diz Ir. Terezinha, coordenadora do Lar Nossa Senhora Aparecida, uma das Obras Sociais do Santuário Nacional, localizado a poucos metros da Basílica Nova, em Aparecida (SP).

É na realização de unir a vocação à profissão que Ir. Terezinha, graduada em Enfermagem com um mestrado em bioética, explica a trajetória unida às Irmãzinhas da Imaculada Conceição.

Quando ainda tinha nove anos, o pároco de sua cidade falava à comunidade sobre as vocações durante o mês de agosto e, quando perguntou se alguma pessoa presente sentia esse chamado, ela levantou a mão. “E aí a comunidade inteira deu risada, porque uma criança aquela época, o que ia entender de vocação? E de lá a vocação foi se confirmando cada vez mais. (...) Eu sempre tive certeza do que eu queria”, conta.

Contudo, o desejo de ser enfermeira também crescia. Ir. Terezinha garante, entretanto, que a vocação e a profissão não se sobrepuseram; pelo contrário, puderam fazer dela uma pessoa mais realizada e feliz na vida. “Nunca um foi obstáculo para o outro, e as duas sempre me fortaleceram. (...) Eu sempre soube de onde vim, onde estou e para onde eu quero ir”, afirma.

Natural de Imbituba (SC), cidade a 96km da capital Florianópolis, sua relação com Santa Paulina, fundadora da Congregação, sempre foi forte. Foi naquela cidade que o primeiro milagre da Santa ocorreu: uma moradora da cidade, em 1966, sofria com complicações após vários partos malsucedidos e, após ter passado por um período com o quadro irreversível, curou-se, contando com as orações das freiras do hospital a Madre Paulina.

A diligência da Santa, que, ainda em vida, dedicou-se ao cuidado dos mais doentes e necessitados, fez com que ela se tornasse a mãe espiritual de Ir. Terezinha, que ingressou na Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição e, depois de formada, trabalhou como enfermeira e administradora de hospitais em Minas Gerais, Mato Grosso e no estado de São Paulo.

Seguindo o exemplo de sua mãe espiritual, a religiosa diz que a oração é essencial para seu trabalho, e que não é um fim em si mesmo. “Rezar, mas a deve oração passar até as veias e às mãos e pés para se colocar a serviço das pessoas que mais precisam”, explica. Essencialmente, as preces a auxiliam a não se manter acomodada, fortalecendo sua missão em uma rotina de oração que se inicia às 5h da manhã e vai até as 6h30, antes de iniciar o dia de trabalho.

A religiosa conclui que a atitude de colocar-se a serviço dos mais pobres não é um chamado somente para os consagrados, mas a todos os filhos de Deus. Segundo ela, isso é deixar-se guiar por Cristo Jesus e suas palavras no Evangelho de João em prática – ser um verdadeiro pastor e ‘sentir o cheiro das ovelhas’: “Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).

Na próxima reportagem de “Vocação: Escuta, Ação e Alegria”, os entrevistados deixam uma mensagem especial para você, devoto da Mãe Aparecida e leitor da Revista de Aparecida Digital.

Acompanhe esse e mais conteúdos evangelizadores em A12.com/revistadeaparecida. Acompanhe também a primeira e a segunda reportagem da série Vocação: Escuta, Ação e Alegria. Auxilie o Santuário Nacional a construir e fomentar as vocações: os membros da Família dos Devotos têm acesso a conteúdos exclusivos na Revista de Aparecida Digital. Não perca tempo, faça parte você também dessa família evangelizadora!

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