Uma pergunta de um jovem que tem dúvida sobre a vocação explica se Existe idade para descobrir a vocação. A pergunta do jovem é a seguinte: "Tenho 35 anos, sou solteiro e não tive filhos, ainda há tempo para a minha vocação?"

Vocação é chamado de Deus para a realização daquilo que dá sentido à própria existência. Todo mundo tem uma vocação. É preciso desenvolvê-la, exercitá-la, aprimorá-la e assumi-la para que a pessoa seja cada vez mais ela mesma.

Depois de adultos, muitos descobrem que o caminho de realização pessoal é outro. Ainda é tempo de acertar. 35 anos é um tempo razoável para descobrir outra forma de ser atuar no mundo. Mas por traz das novas opções há algumas questões a serem respondidas:

Porque só agora?

O que o tornou incapaz de olhar para si mesmo e não ser assertivo na descoberta do próprio caminho de vida?

Essa nova "descoberta " não seria uma fantasia provocada por alguma situação nova?

Quais as renúncias a serem feitas nesse novo caminho?

Quais os ganhos?

Há disposição e abertura suficientes para configurar-se a uma nova forma de ver e ser na vida?

Para responder a essas questões, faz-se necessário um tempo de discernimento muito sério, lançando um olhar aprofundado sobre a história pessoal, rezando as opções feitas, abrindo-se para a novidade do tempo, fazendo tudo isso à luz da fé. E isso não pode ser feito sem a ajuda de pessoas experientes e conhecedoras dos processos vocacionais.

Apesar da idade, nunca é tarde para descobrir o novo caminho. Não existe a idade certa para descobrir a vocação. Cada um deve fazer suas descobertas no seu próprio tempo. Mas, as instituições por onde passam muitas vocações, tem suas limitações temporais e não suportam longas demoras humanas. Por exemplo, uma pessoa de 60 anos que descobre que sua vocação seria o sacerdócio, provavelmente não encontrará espaço para entrar num processo de formação para passar 8 anos estudando para ser ordenado. O tempo passa num piscar de olhos e não suporta muitas demoras, rapidamente chegamos ao entardecer da vida. "Nunca é tarde", mas...

Muitas pessoas, pelos mais diversos motivos, fecham-se às descobertas importantes do seu tempo de juventude e buscam apenas o que é mais fácil, prazeroso, belo ou cômodo. Outras, por força das circunstâncias são impedidos de seguirem a voz do coração.

Assim, grande parte vai vivendo a vida sem o sentido verdadeiro. Ao amadurecerem, entendem que precisam refazer o caminho vocacional. Para muitos, é perfeitamente possível; para outros não é mais viável mudanças desse calibre. Mas Deus nunca deixa de chamar os que despertam tardiamente. Os caminhos d'Ele são muitos.

Quando "uma porta se fecha aqui, outras portas se abrem ali". Em Deus, ninguém deixa de ser feliz porque errou seu caminho. Há sempre outras paisagens a serem descobertas e os caminhos estão sempre livres.

Outra pergunta frequente é sobre a relação entre namoro e vocação. Namorar é parte integrante da vida e do aprendizado do amor. Ter feito experiências de namoro não constitui impedimento para a busca da vida sacerdotal. Pelo contrário, é por ter feito a experiência de namoro que o jovem poderá fazer uma escolha. Toda vocação deve ser uma opção consciente e livre. Ao saber que há muitas outras formas de realização, escolhe-se uma para seguir a vida. E, ao escolher, renuncia-se a todas as outras.

Quem não é capaz de renunciar, não pode ser feliz. Quem fez uma experiência de namoro, poderá escolher com mais consciência porque saberá qual dos caminhos o fará mais feliz. Portanto, o namoro antes da escolha da vida sacerdotal ou religiosa não constitui problema para tal escolha.