PÁGINAS DE HISTÓRIA DA IGREJA
História Moderna – 02
No artigo anterior vimos quais os fatores principais que levaram ao desenvolvimento do Movimento da Reforma Protestante, movimento este que começou no interior da Igreja, mas que foi se desdobrando, ganhando um caráter político por causa dos interesses dos reis e príncipes desejosos de se libertar da tutela da Igreja Católica.
O fato da Igreja ser uma instituição universal iria se chocar com os interesses da burguesia que era a financiadora dos Estados Modernos que surgiam. E o que os estados buscavam a todo custo era unificar o poder político e econômico nas mãos do rei que se torna a expressão do próprio estado.
CONTEXTO HISTÓRICO E POLÍTICO DA REFORMA
Em cada pais e em cada região a Reforma Protestante ganhou uma conotação diferenciada, ganhando ou perdendo força de acordo com a ideologia da casa reinante ou da classe governante.
Foto: Mapa mundi retrata a concepção de mundo do século XVI
Situação dos diversos países e reinos
FRANÇA
O pais tinha acabado de sair da Guerra dos Cem Anos. O objetivo desta guerra foi o de lutar contra a estrutura feudal descentralizada. Com isso, o sistema de governo foi ficando muito mais centralizado. Como órgãos principais na estrutura política existia o Estado Geral e a Assembleia formada pelos 03 estados (Clero, Burguesia e povo). Aos poucos o rei foi eliminando o Estado Geral tornando-se absoluto em seu poder.
A França era o país que tinha a maior população da Europa, por volta de 15 milhões de habitantes.O governo era formado por um Conselho Secreto que orientava o rei e pelo Parlamento que era o órgão supremo da justiça.Toda iniciativa real, para ter valor precisava da aprovação do parlamento. Outro órgão importante era a Chancelaria do reino. Os funcionários públicos como se pode esperar já eram bastante numerosos.
Desde muito tempo o governo da França praticava a política do Galicanismo em relação à Igreja. Por ela o rei intervinha na vida interna da Igreja, chegando a nomear os abades e bispos.
INGLATERRA
Apesar de ter uma pequena população, na casa de 04 milhões de habitantes, o país tinha uma grande influência na Europa. Mantinha ainda a estrutura feudal, mas o governo era centralizado, constituído pela união dos reinos de Lancaster e York.
Como principais órgãos de governo existiam o rei, o Conselho Privado, os Funcionários Provinciais, a administração da justiça e o Parlamento (Lordes e Câmara dos Comuns)
ESPANHA
O pais era formado pela união de diversos reinos, destacando os de Aragão e Castela.Em torno da coroa ou da Casa Real se formara um reino unido e nele o rei era absoluto. Nos territórios havia um Vice-Rei e a Corte.
Como órgãos de governo havia o Conselho Supremo e o Conselho de Estado voltado para a política externa. Este era formado por diversos outros conselhos, entre eles o Conselho da Inquisição e o Conselho das Índias.
SACRO IMPÉRIO
Estava numa situação bem diferente dos demais países, porque o imperador não tinha poder absoluto. Quem tinha realmente o poder eram os príncipes e, nas cidades, os magistrados. Havia ainda uma forte estrutura feudal.No Sacro Império somente 5% das cidades tinham mais que 02 mil habitantes. As maiores cidades tinham por volta de 40 mil habitantes.Havia uma federação de principados. Havia ainda as chamadas cidades livres com governo e estrutura própria e cidades imperiais ligadas diretamente ao imperador.
O órgão supremo era a Dieta ou Assembleia (Reichstag) e também as Assembleias Regionais (Landstag).Aos poucos os príncipes foram acumulando mais poderes, tirando a autonomia das cidades.
Como classes mais influentes da sociedade havia os príncipes e os cavaleiros que aos poucos foram perdendo o poder.
Com o imperador Carlos V se formou o grande império que incluía os atuais Países Baixos, a Alemanha, Espanha, Itália e alguns outros países menores. Com isto se conseguiu 02 finalidades políticas: A primeira era opor-se ao avanço da França e a outra combater ao islamismo no propósito de defender a fé cristã. A fé cristã era o principal escopo para o centralismo político.
Com Carlos V o impenso império passa a ser governado pela casa de Augsburgo.
Carlos V desejava o predomínio da casa de Augsburgo sobre a liga dos príncipes, mas a estrutura feudal não permitia um poder absoluto. A base da divisão religiosa da reforma foi a divisão política do império. Ainda hoje a tendência ao individualismo na Europa é muito forte.Cada principado ou cada cidade tinha a sua fé e a sua igreja (landskirche). O príncipe influía na vida eclesiástica e na nomeação de bispos e cardeais.
Com a mudança na economia que passava de feudal para financeira-industrial os próprios banqueiros foram buscar as soluções para a moralidade ou não do dinheiro emprestado a juros (usura) Esta era considerada pecado grave, mas a partir de então foi aprovada num concílio. Neste tempo começou o êxodo rural que em pouco tempo encheria as cidades e forneceria mão de obra barata e abundante para a indústria nascente.
Situação da Igreja no Sacro Império. No Sacro Império havia uma abundância de instituições religiosas, mas entre 65 bispos, 50 eram príncipes seculares. Para que o imperador reassumisse o poder foi preciso controlar o episcopado. O principal pecado do episcopado e de outras altas dignidades era, como se podia esperar, a mundanização.
Ambiente Cultural e Intelectual
As universidades ajudaram a fermentar ainda mais o pensamento europeu do século XVI
No início do século XVI, em maior ou menor grau, variando de região para região, o ambiente cultural e intelectual era caracterizado pela fundação de universidades (foram fundadas 17 em 158 anos) que iriam propiciar uma fermentação intelectual. Além disso, fez-se a tradução da filosofia de Aristóteles para o pensamento moderno pelo árabe espanhol Averrois.
Na teologia havia uma tentativa de se unir o aristotelismo com a revelação. O principal personagem era São Tomás de Aquino (+ 1274). Neste relacionamento entre revelação e razão se destacava Duns Scoto. A grande preocupação era a de traduzir o Deus Infinito em categorias finitas.Outra corrente chamada de Nominalismo discutia tudo, dialetizava tudo. Seu principal destaque era Guilherme de Ockhan.
No meio de todas as mudanças o ambiente cultural da época se caracterizava pela confusão teológica onde tudo era discutível e pelas ideias heterodoxas onde se discutia desde a infalibilidade papal até a autoridade eclesiástica. O critério era a Bíblia, pois na sua interpretação não se precisava de autoridade. Esta fermentação de ideias e conceitos fariam surgir diversas tendências. A principal delas era o conciliarismo que pregava ser o concílio superior ao papa. A ideia principal era a de que o concílio devia ser reunido sempre que preciso para resolver algum problema grave.
:: Igreja na Idade Moderna: Fatores que impulsionaram o Movimento da Reforma Protestante
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