Santo Padre

O que é um consistório?

Como acontece a reunião do Santo Padre para a eleição de novos cardeais?

Escrito por João Antônio Johas Leão

17 FEV 2014 - 08H27 (Atualizada em 06 DEZ 2024 - 15H33)

Vatican Media

O dia 8 de dezembro de 2024, no próximo domingo, será marcado pela chegada de 21 novos cardeais para Igreja Católica, a partir da reunião do Papa Francisco com os cardeais, chamada de Consistório.

Leia MaisO que é um Cardeal? Confira as principais dúvidas sobre o títuloDesafios complexos exigem escuta e oração profunda, diz cardeal eleito no SínodoDo latim con, que significa “junto” e, sistere, que significa “parar ou ficar firme”, surge a palavra consistorium, que literalmente poderíamos traduzir como “ficar junto” e, na época da Roma imperial, significava “Local de reunião do conselho imperial”.

Mais tarde essa mesma palavra passou a designar a reunião do Papa com seus próprios conselheiros, o clero de Roma, chamados cardeais. Colocando de maneira simples, o consistório nada mais é que a reunião dos cardeais com o Papa.

COM + SISTERE = CONSISTORIUM

Para entender melhor porque acontecem essas reuniões, é importante olhar a história da Igreja e ver como evoluiu a relação do Papa com os demais membros do seu presbitério e o clero do mundo inteiro. Desde os tempos mais antigos da cristandade os papas conversavam com o seu presbitério sobre as questões importantes de serem tratadas na Igreja.

Como exemplo disso podemos ver como o Papa Cornélio, no século terceiro, conversa com São Cipriano antes de aceitar a reconciliação de três cismáticos, ou ainda o caso do Papa Sirício, que, no final do século IV, condenou a heresia de Joviniano somente depois de consultar o seu presbitério.

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Além de consultar com frequência o seu clero,
o Papa presidia vários concílios que eram realizados em Roma, onde participavam os cardeais mais os bispos de outras regiões da Itália e também bispos de outras partes do mundo que estavam em Roma na época do Concílio. Os concílios então são diferentes dos consistórios, porque nestes só participam os cardeais enquanto naqueles participam bispos também de outras regiões.

No entanto, com o aumento das questões que precisavam ser abordadas, ficou mais difícil organizar concílios (pela dificuldade de reunir bispos que não residiam em Roma) e o papa passou a tratar esses assuntos mais exclusivamente com o seu clero, ou seja, os cardeais, nos consistórios.

Até o século XV os consistórios continuaram atuando como conselho supremo dos papas. Porém as questões a serem tratadas nessas reuniões não paravam de aumentar e terminaram diminuindo a importância dos consistórios, o que numa primeira impressão pode parecer uma contradição, já que com o aumento dos temas, se esperaria naturalmente o aumento também do número de consistórios. O que, então, aconteceu?

A solução para que se pudesse tratar de todos os assuntos foi a criação de dicastérios, que são comitês particulares de cardeais que tratavam de temas específicos. Hoje em dia existem vários dicastérios (para a doutrina da fé, para o clero ou ainda para a evangelização dos povos).

Os dicastérios já não são exclusivamente compostas por cardeais mas continuam com a missão de ajudar o Papa no governo da Igreja. Com o aparecimento dos dicastérios, os consistórios passaram a ser cada vez menos frequentes, mas nunca deixaram de acontecer.

 

Presbitério significa “membros do clero”, ou seja, diáconos, presbíteros e bispos.   O presbitério do Papa é o clero de Roma, porque o papa é o Bispo de Roma.

Hoje em dia existem os consistórios ordinários, onde estão presentes os cardeais de Roma e os cardeais que estão em Roma na época da reunião e os consistórios extraordinários, nos quais são convocados cardeais de várias partes do mundo e até sacerdotes convidados.

Normalmente nos consistórios se dialoga sobre a situação atual da Igreja, falam sobre algum tema específico importante na Igreja atual, se discutem a causa de canonização dos santos e se criam novos cardeais.

Reprodução/ Vatican Media
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Consistórios do Papa Francisco

Será o 10º consistório convocado pelo Santo Padre desde sua eleição, há 11 anos, como o primeiro pontífice da América Latina.

O primeiro foi em 22 de fevereiro de 2014, seguiu-se o de 14 de fevereiro de 2015; 19 de novembro de 2016; 28 de junho de 2017; 28 de junho de 2018; 05 de outubro 2019; 28 de novembro de 2020 e o último em 27 de agosto de 2022. Normalmente nos Consistórios se dialoga sobre a situação atual da Igreja, falam sobre algum tema específico importante na Igreja atual, se discutem a causa de canonização dos santos e se criam novos Cardeais.

No início do próximo ano, haverá 140 cardeais eleitores de um novo Papa, quase 80% deles escolhidos por Francisco.  No próximo domingo, entre os 21 novos cardeais será nomeado Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (CELAM).

Como ocorre a cerimônia de criação dos novos cardeais no Vaticano?

A celebração começa com uma saudação aos cardeais nomeados, seguida pela oração conduzida pelo Papa Francisco, a leitura de uma passagem dos Atos dos Apóstolos e a homilia.

Durante a cerimônia, o Papa lê a fórmula de criação e proclama, em latim, os nomes dos cardeais, unindo-os à sua missão com “um vínculo mais estreito”. A seguir, os novos cardeais realizam a profissão de fé e juram fidelidade e obediência ao Papa e seus sucessores. Cada cardeal se ajoelha diante do Papa para receber o barrete cardinalício.

Francisco também entrega um anel para cada cardeal, um gesto simbólico para reforçar o amor pela Igreja. Além disso, cada um recebe a designação de uma igreja de Roma, representando sua “participação na solicitude pastoral do Papa na cidade, e a bula de criação cardinalícia, oficializada com um abraço de paz.

Os cardeais são integrados na sua ordem correspondente (episcopal, presbiteral ou diaconal), seguindo uma tradição que remonta às primeiras comunidades cristãs de Roma. Na época, os cardeais eram bispos das igrejas suburbanas ou representavam os párocos e diáconos das igrejas locais. Essa cerimônia reforça o compromisso pastoral dos cardeais com a Igreja e sua união com o Papa Francisco na missão de guiar a Igreja Católica.

.:: Papa aos novos cardeais: “olhos altos, mãos juntas, pés descalços”


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