Papai Noel,
Antes seu nome era São Nicolau, lá do norte europeu, e você andava distribuindo presentes. Sabia que nossas crianças precisam de símbolos, de histórias, do "faz de conta", além de contos de fada, etc. No passado, você representou o Pai, que nos deu seu Filho. Precisamos da paternidade. Agora, você sabe que as coisas mudaram e que não representa mais nada disso! Sei que esta conversa não vai lhe agradar, por isso peço desculpas já antecipadamente.
Leia MaisO mistério da encarnação de Jesus Veja dicas para viver bem o Advento e o Natal No Natal, o centro é a criança pobre, humilde, sem-teto, desalojada, que vive na periferia, cheirando esterco. "Um Menino nos foi dado" (Is 9,5). O aniversariante, o dono da festa é Jesus, nascido em Belém, cidade do pão, ou seja, da partilha, da solidariedade.
Você hoje, Papai Noel, vem do comércio, do mercado, é um marqueteiro do consumismo, um sedutor de crianças, porta-voz das vitrines e compras. Ninguém é contra a festa, os presentes, a alegria. Mas nossas crianças acabam esquecendo o Menino que colocou a criança no centro de seu reino. Elas são fascinadas pelo consumismo e, com voracidade, viverão seu futuro como escravas da moda, das compras e do desperdício. Jesus foi desalojado, e as lojas, endeusadas. Desde aquele tempo até hoje, Deus foi despejado, excluído, abandonado: "Não havia lugar para eles" (Lc 2,7).
Que pena! Muita gente não acredita mais em nada, nem no Menino e muito menos em você, Papai Noel. Nosso Natal cristão virou feriadão. Apagam-se as luzes da fé e acendem-se as do comércio. O Velho matou o Menino.
É verdade que temos gestos lindos de solidariedade, encontros familiares, celebrações litúrgicas. Eis o Natal com Jesus, com o aniversariante, com Maria, José, os anjos, os pastores, os magos. Estes últimos abandonaram suas riquezas, horóscopos e adoraram Jesus. Encontraram o verdadeiro caminho: o Menino e sua Mãe.
Papai Noel, você não precisa desaparecer, mas precisa mudar. Reconhecemos que faz gestos humanitários nos hospitais, nas fábricas etc. Faça como o velho Simeão no templo e ajude-nos a dar o Menino Jesus para as crianças. Que o Menino seja conhecido, amado e seguido. Natal é a história de uma gravidez não abortada, é uma festa de fé, esperança e amor, celebrada todos os domingos na liturgia. Demos um lindo presente ao Menino: nossos pecados e um grupo de reflexão.
Natal é festa da encarnação, da salvação, da partilha, da solidariedade. Nasceu o príncipe da paz. Seu trono é fundado na justiça e no direito. Que o Menino de Belém, com Maria e José, abençoe e nos confirme no verdadeiro espírito de Natal. Com hinos de glória a Deus nas alturas e com gestos de paz, tornemo-nos mais humanos, alegres, verdadeiros, sensíveis, solícitos e bons. Depois que Jesus veio, não podemos viver em um mundo sem Ele e em uma sociedade pós-humana. Vamos renascer neste Natal, recuperar o que foi perdido e nos reencantar com o Menino.
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