“Quero uma Igreja pobre para os pobres.” Essa foi uma frase que marcou o início do pontificado do Papa Francisco. Curiosamente, a mesma frase foi dita por São João XXIII, antes de convocar o Concílio Vaticano II, há quase 55 anos.
Em 1958, a Igreja sofria pela morte de Pio XII, que havia tido uma atuação importantíssima, sobretudo no pós-Segunda Guerra Mundial. Escolheram o cardeal Angelo Roncale, já idoso e experiente o bastante para realizar um papado de transição. Porém, João XXIII surpreendeu a todos, convocando o Concílio e dando início a uma grande revolução no seio da Igreja.
O pontificado de João XXIII foi breve, mas intenso. Ele teve a coragem de convocar o Concílio Vaticano II, colocando a Igreja no coração do povo. Depois, as teses reformistas do Concílio foram aprofundadas por seu sucessor, Paulo VI. O Concílio foi tão revolucionário que até hoje precisa ser compreendido. O Papa Francisco diz que as reformas do Concílio ainda não foram totalmente assimiladas. Já Bento XVI afirma que existe um concílio virtual, que ficou famoso na mídia, e o concílio real, que ainda precisa ser aplicado.
Veja abaixo alguns aspectos importantes que separamos sobre este concílio.
O que o Vaticano II nos mostra?
- Mudanças sociais, culturais, políticas e religiosas ocorridas nos séculos XIX e XX foram alguns dos principais motivos para a convocação do Concílio. Eram necessárias uma renovação e adaptação da Igreja Católica às chamadas questões modernas.
- A primeira sessão do concílio começou no dia 11 de outubro de 1962, encontrando ainda algumas resistências. Menos de um ano depois, a morte de João XXIII gerou um momento de crise. O Papa Paulo VI deu continuidade ao concílio, que teve mais três sessões e durou até 1965.
- O Concílio produziu quatro constituições, oito decretos e três declarações. Entre os documentos conciliares mais famosos estão Lumen Gentium (sobre a identidade e missão da Igreja), Dei Verbum (sobre a Revelação Divina), Gaudium et Spes (sobre a Igreja no mundo), Sacrosanctum Concilium (sobre Liturgia), Unitatis Redintegratio (ecumenismo e diálogo cristão), Ad Gentes (missão da Igreja) e Inter Mirifica (sobre os Meios de Comunicação Social).
- Após o Vaticano II, surgiu uma Igreja com maior participação dos leigos na ação eclesial e maior presença nas questões sociais.
- A reforma gerou uma Igreja mais plural e inculturada, mas não livre de problemas.
- O diálogo da Igreja com o mundo: João Paulo II pegou um mundo em conflito, dividido entre socialistas e capitalistas, e protagonizou uma comunhão internacional.
Vaticano III?
Assim como há 50 anos, este início de milênio traz inúmeros desafios, como as mudanças político-sociais, a hegemonia de um modelo econômico excludente, que gera o crescimento da pobreza em escala mundial, a crise de fé, o relativismo religioso, a questão ambiental, entre outros.
Internamente, os desafios não são menores: o diálogo com a modernidade e a pós-modernidade, a enculturação, a formação do clero, as missões urbana, rural e além-fronteiras; a descentralização eclesial e a valorização dos leigos, da mulher e dos ministérios; a opção concreta e mais eficiente pelos pobres; a desinstitucionalização da fé; a inclusão de grupos discriminados.
Diante dessa realidade, a Igreja deve lutar pela continuidade das propostas do Concílio Vaticano II ou deve convocar de um novo concílio ecumênico?
Gaudium et spes, síntese da inovação conciliar
Muitos teólogos acreditam que a constituição Gaudium et spes (GS) é o documento que melhor expressa o espírito do Concílio Vaticano II. Um deles é o Padre espanhol Marciano Vidal, C.Ss.R. Para ele, na GS se manifestam concretamente, com clareza, os traços do Concílio.
- Caracteriza a pastoralidade, ou seja, a compreensão e o exercício da Teologia com o objetivo de transformar salvificamente a realidade concreta, sem a preocupação direta de propor dogmas.
- Adaptação da mensagem cristã à realidade atual, sem deixar que perca o sentido original e, até mesmo, abrindo o horizonte dos destinatários da mensagem conciliar a todas as pessoas, mesmo que não creiam no Cristo.
- Mudança de visão. Por exemplo, na concepção anterior, do mundo como inimigo dos valores do espírito, o mundo enquanto oponente e, em determinados casos, como adversário do cristão, que deveria fugir do mundo.
- O Concilio Vaticano II, sobretudo na GS, sela uma nova orientação da Igreja com respeito ao mundo: o diálogo.
- Traz contribuições da Igreja para o mundo em três eixos: o sentido e a dignidade de cada homem; o bem da sociedade humana, em suas variadas formas e em suas diversas instituições e a atividade benéfica dos cristãos, sejam leigos ou clérigos.
- Enculturação do Evangelho, que foi assumida como regra de toda evangelização, o discernimento das novas linguagens e a adaptação das estruturas da Igreja aos nossos tempos. “Não se pode deixar de reconhecer que a constituição Gaudium et spes marcou um giro na compreensão da relação da Igreja com o mundo.
A Igreja quer assemelhar-se a Cristo e ser testemunha da verdade, salvadora da humanidade, servidora do homem.
Cronologia do Vaticano II
25/01/1959 – João XXIII anuncia a intenção de convocar um concílio
25/12/ 1961 – Convocação do Concílio, através da bula papal Humanae salutis
11/10/1962 – Primeira Sessão – Início do Concílio Vaticano II
13/10/1962 – Primeira Congregação Geral
20/10/1962 – Discussão do esquema sobre liturgia
03/061963 – Morre o Papa João XXIII
21/06/1963 – Paulo VI é eleito Papa e anuncia a intenção de retomar o Concílio
29/09/1963 – Segunda Sessão
04/12/1963 – Publicação da Constituição Sacrossanctum Concilium, sobre a Liturgia
14/09/1964 – Terceira Sessão
06/10/1964 – Discussão sobre Apostolado dos Leigos
11/10/1964 – Publicação da Constituição Lumen Gentium, sobre a Igreja
21/11/1964 – Publicação dos decretos Orientalium Eclesiarum, sobre Igrejas orientais católicas, e Unitatis Reintegratio, sobre o ecumenismo
14/09/1965 – Quarta Sessão
15/09/1965 – Discussão sobre Liberdade Religiosa
21/09/1965 – Discussão sobre Igreja no Mundo
28/10/1965 – Publicação das declarações Gravissimum Educationis, sobre Educação Cristã, Nostra Aetate, sobre Igreja e religiões não cristãs
28/10/1965 – Publicação dos decretos Optatam Totius, sobre a formação sacerdotal, Christus Dominus, sobre o múnus pastoral dos bispos, Perfectae Caritatis, sobre a renovação da vida religiosa
18/11/1965 – Publicação do decreto Apostolicam Actuositatem, sobre o apostolado dos leigos, e da Constituição Dei Verbum, sobre a Revelação Divina
07/12/1965 – Publicação dos decretos Presbiterorum Ordinis, sobre o ministério e a vida dos sacerdotes, Ad Gentes, sobre a missão da Igreja, a Declaração Dignitatis Humanae e a Constituição Gaudium Et Spes, sobre a Igreja no mundo de hoje
08/12/1965 – Encerramento do Concílio Vaticano II
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