Lançado pela Editora Santuário, o livro 'Senhora Aparecida: Romeiros e Missionários Redentoristas na História da Padroeira do Brasil' é fruto de uma pesquisa de três anos e conta, em uma sequência cronológica, os fatos e acontecimentos em torno de Aparecida. O JS bateu um papo com a autora, que revelou detalhes da publicação.
Foto de: Eduardo Gois
"Quando converso sobre o livro,
na hora a pessoa se interessa.
Ela vai ver que o livro é diferente,
que essa ordem cronológica leva
o leitor a percorrer 1717 e chegar
até os dias de hoje"
Jornal Santuário de Aparecida – Em que momento a senhora começou a se interessar por Aparecida?
Tereza Pasin – Sou formada em História e Geografia, mas minha tendência é mais História. Nascida no Monte Carmelo, sempre tive contato com os romeiros. Sempre fiquei pensando em alguma coisa para eu escrever que levasse, em primeiro lugar, Nossa Senhora e seus romeiros, porque sempre estive no meio católico. Quando fui diretora de cultura em Aparecida, um dia fui convidada para dar uma palestra para fotógrafos que trabalhavam durante a festa da Padroeira. Eles queriam que eu falasse para os fotógrafos sobre o tratamento do fotógrafo com o romeiro. Para fazer a palestra, fiz uma pesquisa. Ao ministrar ali a palestra, a sala estava lotada; até engasguei, senti uma vontade de chorar de emoção. A partir desse instante da palestra, eu, comigo mesma, falando e pensando que queria aprofundar o meu estudo com Nossa Senhora e com os seus romeiros. Essa palestra foi em 2012. Foi quando tive a iniciativa de fazer a pesquisa. Procurei a Cúria da Arquidiocese Metropolitana de Aparecida e lá fui muito bem recebida pelo padre Paulo Tadeu Gil e pela secretária Eliete, que me forneceram documentos inéditos. O meu trabalho foi de pesquisa manual. Foi um privilégio! E tudo começou por causa dessa palestra.
JS – Fez um caminho para conseguir as informações que precisava?
Tereza Pasin – Como professora de História, eu sempre gostei de trabalhar com cronologia, para que o aluno entendesse melhor todo o caminhar de uma narrativa. Eu li vários livros e nenhum estava de forma linear, cronologicamente. E é isso que eu queria. O que me ajudou muito foi o Ecos Marianos. Ele me deu uma síntese linear. A partir do Ecos Marianos, eu ia buscar informações nos livros dos tombos.
JS – Em vez de contar uma história com as próprias palavras, a senhora quis fundamentar o que estava dizendo com os documentos que foi encontrando?
Leia MaisEditora Santuário lança livro sobre história da devoção a Nossa Senhora AparecidaTereza Pasin – Foram 64 temas. Quando eu início um tema, por exemplo, 'Em 1752 é fundada a irmandade ou confraria, a primeira, de Nossa Senhora Aparecida', eu conto toda história e, ao terminar o capítulo, o leitor já teve aquele conhecimento. Posso até dar uma margem para o outro, mas a ideia é que, em cada capítulo, ele conheça o início, o meio e termine, como se fossem 64 livrinhos.
JS – Por que acha importante documentar toda essa história de Aparecida da forma como foi feita?
Teresa Pasin – As pessoas não sabem o dia que foi a coroação; acham que o padroado foi antes da coroação, não sabem o que é basílica menor... Por exemplo, as pessoas não sabem que a Sala das Promessas teve o nome de quarto dos milagres, sala dos milagres, até chegarmos hoje em 'Sala das Promessas'.
Essa cronologia ajuda o leitor a percorrer toda a história. Entra aí também a vinda dos missionários Redentoristas. Que mudança! Quando eu trato dessa parte eu falo: bendita hora desse encontro entre Nossa Senhora, seus romeiros e os missionários Redentoristas.
JS – Fez um trabalho solitário de pesquisa ou tiveram pessoas que te ajudaram?
Tereza Pasin – Foi solitário, mas fui me envolvendo tanto que ali eu ficava de manhã na pesquisa, à tarde encaixando, olhando e fazendo revisão. Sábado e domingo era o trabalho de digitalização do meu marido. Eu fiquei trabalhando de segunda a segunda, durante três anos. Eu só parei na sexta-feira Santa, 12 de outubro, Finados, Natal e Ano novo. São os dias que respeito como católica. Você tem de ler, buscar informações para que dê certo.
JS – A senhora mergulhou em uma pesquisa muito profunda. Deve ter se deparado com coisas que a surpreenderam. Poderia citar alguns exemplos?
Eu tenho muita fé, mas fiquei admirada com a fé que aqueles romeiros tinham, nas promessas que eles faziam naquela época. Aquelas mulheres com vestidos de seda, mulheres abastadas, de família, faziam a promessa de varrer a igreja. Seus vestidos empurravam a sujeira até a porta. Faziam promessas de assistir três missas seguidas, subir a ladeira do Monte Carmelo de joelhos. Eram promessas e eles tinham de cumprir. Havia partes, até confesso para você, que tive de parar porque muitas vezes emocionalmente estava abalada.
JS – Em que momento a senhora resolveu procurar a Editora Santuário para publicar esse livro?
Tereza Pasin – Eu estava com ele finalizado. Pensei: trabalhei na Editora Santuário, vou levar lá porque é da minha cidade, é uma editora católica. Já estava com todo o meu trabalho pronto, já tinha tido quase toda aprovação de Dom Darci, que foi o meu primeiro leitor. Ao encontrá-lo na primeira vez, ele falou: “Que belo trabalho! É diferente porque está em ordem cronológica”. É um livro que, cronologicamente, consigo chegar até 11 de maio de 2015, na visita de Nossa Senhora Aparecida a Portugal.
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