Estou ministrando um curso de formação em tecnologias sociais para jovens e, nas conversas que temos durante as aulas, fica muito clara a dualidade das tecnologias. É que a tecnologia tem dois lados: um positivo e outro negativo; um científico e outro social; um material e outro imaterial; um presencial e outro à distância e assim por diante.
A internet, as mídias sociais, os dispositivos móveis, os games e outras tantas tecnologias são bons exemplos disso.
A internet, ao mesmo tempo em que nos permite o acesso a um mundo cheio de novidades, informações, conhecimentos, entretenimento, ou seja, nos proporciona estudo, trabalho, diversão, relacionamentos etc. de qualquer lugar, com qualquer pessoa, a qualquer hora, também propicia diversos crimes. Bandidos e pessoas mal-intencionadas se aproveitam das facilidades, do acesso, da inocência ou descuido das pessoas para roubar, extorquir, praticar bullying, aliciar menores, entre outros.
A mesma coisa acontece com as redes sociais, que nos colocam em contato com tantas pessoas, mas, ao mesmo tempo, nos tornam escravos, pois é preciso “curtir” o que seus amigos postam, compartilhar, estar atento o dia todo, ou melhor, o tempo todo, para não “perder” nada, nem ser excluído. Você precisa estar atento no Facebook, atualizar o seu LinkedIn, estar o tempo todo no Whatsapp, no Instagram e tudo o mais.
Os dispositivos móveis permitem que tudo isso seja feito de qualquer lugar, a qualquer momento, na palma da sua mão. Por outro lado, você fica sempre “no ar”, disponível, pois ninguém quer mais “largar”, desligar o aparelhinho. As pessoas permanecem grudadas nele, mesmo quando está carregando. É preciso que pais, educadores, psicólogos, pedagogos, empresas, governos e sociedade civil observem com mais atenção este fenômeno e vejam como isso vem afetando positiva e negativamente as pessoas.
Em casa, é preciso regras para que haja tempo para tudo: fazer as lições escolares, curtir a família, participar das decisões e afazeres domésticos. E isso vale para pais, mães e filhos.
Na escola, é preciso que haja uma maior utilização dessas tecnologias para que professor e aluno se compreendam e se relacionem melhor, além, é claro, de criarem novas formas e roteiros de estudos facilitados pelas tecnologias, inclusive as móveis. Isso pode melhorar a interação dos alunos, seu interesse pela escola e pelos estudos, seus resultados, sua saúde e até mesmo sua psique.
No trabalho, é necessário compreender que há tempo para tudo e que tudo pode ter um novo lado. Em vez de ser considerado um vilão da produtividade, a internet, os dispositivos móveis, os games etc. podem ser aliados das organizações, dos projetos, dos profissionais e promover maior interação e comunicação entre pessoas, departamentos, clientes, parceiros etc.
:: Celular na escola: pode ou não pode?
Um smartphone ou um tablet podem ser lupas digitais, assistentes virtuais, leitores de tela, GPS, conversores de mídias (áudio, vídeo, imagem etc.), meio de comunicação, de transmissão de dados, informações, documentos e conhecimentos. Pode ser uma agenda incrível, uma lanterna, uma plataforma de gestão de projetos, de interação e comunicação interna, de aprendizagem a distância e muito mais! O potencial para as pessoas, as escolas, as empresas e a sociedade é ilimitado.
Recentemente, li uma reportagem sobre uma nova tecnologia de holografia que permitiria às pessoas se comunicarem de qualquer lugar do mundo como se estivessem frente a frente. Outra tecnologia muito interessante é a de materialização do som, ou seja, cada objeto, imagem, paisagem, pessoa etc. pode ser transformado em resposta por áudio que se converte numa “massa” de energia, mas que pode ser tocada.
Voltando à dualidade, imagine seu uso na medicina, na visualização de tumores, cirurgias? Salvaria muitas vidas! Mas imagine também, este uso no meio corporativo, escolar, social? Também salvaria muitas vidas!
Por exemplo, poderia oferecer às empresas a possibilidade de analisar novos produtos, tocando sua forma num protótipo de massa de energia gerada por som. Poderia, ainda, oferecer a um aluno cego a possibilidade de sentir as formas dos objetos, das paisagens... Imagine uma criança cega descobrindo a forma de um vulcão, tocando na sua forma virtual?
Mas para saber usar as tecnologias a seu favor e a favor de uma sociedade melhor, é preciso estar pronto para isso. Você está? A grande maioria não está preparada. De qual lado da tecnologia você está? Sempre é possível contar com a ajuda de um profissional, como um consultor ou coach em novas tecnologias para novos fins e mudar o lado em que você está hoje.
Assista também: Daniel Adjuto fala sobre o uso das redes sociais e a religião
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