A palavra do mês aqui no Jovens de Maria é “disponibilidade”. Será que essa palavra se relaciona, de alguma forma, com a amizade?
Em certo sentido, poderíamos até chegar a dizer que ser disponível está no centro mesmo de qualquer relação pessoal que tenha a pretensão de se chamar amizade, que desde a antiguidade foi entendida como uma das formas do próprio amor.
Se olharmos para Jesus e seus discípulos, vamos perceber que aqueles a quem Ele chama amigos são os mesmos a quem Ele se fez disponível.
Como assim?
Não é segredo que vivemos em uma sociedade bastante egoísta. Podemos ver nos meios de comunicação exemplos de pessoas que pensam primeiro em si mesmas ou talvez de pessoas que parecem só pensar em si mesmas. E mesmo que de forma velada, esse egoísmo é “vendido” como o que realmente faz o homem feliz. Exemplos disso? Pessoas que se gloriam de não depender de ninguém, de serem autônomas, independentes, “empoderadas”. Pessoas que podem estar rodeadas de muita gente, mas que estão, em geral, bem sozinhas.
Ser disponível é entregar livremente o próprio para o outro. Isso soa muito estranho na cultura de hoje. Mas a disponibilidade vai ainda mais longe. Ela implica também um entregar-se a si mesmo aos demais. A disponibilidade é, em certo sentido, um morrer a si mesmo. Morrer? Sim, como aquela semente do Evangelho, que precisa morrer para dar fruto. Como Jesus morreu para nos dar a vida em abundância. E contra toda a tendência dos dias de hoje, começamos a tocar o ponto fundamental da amizade verdadeira.
Os jovens são muito confiantes por trás da tela de um computador ou de um celular. Eu mesmo, que escrevo aqui para pessoas que nunca vi pessoalmente, posso correr o risco de me “proteger” com o escudo do monitor. Mas quando nos deparamos com pessoas cara a cara, a relação muda de figura muito rápido. E qual é a diferença? Podemos falar que está justamente na disponibilidade. Quando estamos por trás de alguma tela, o controle está em nossas mãos. Nos comprometemos ou não até onde queremos.
Agora, quando se está em um encontro pessoal, já nos disponibilizamos de uma forma completamente diferente. Pode ser até indesejado e muitas vezes incômodo, mas o encontro pessoal nos exige compromisso. Exige olhar no olho, exige responder na hora (nada de visualizar e não responder), exige um comportamento adequado. Em poucas palavras, o encontro real compromete. E o compromisso não é algo que está em alta nos dias de hoje. É muito mais fácil ter o controle nas mãos do que compartilhá-lo com outrem.
Mas infelizmente (ou melhor, felizmente), é a única maneira de realmente viver uma amizade verdadeira. Jesus caminhou com seus discípulos, os ensinou, lavou seus pés, mostrou-lhes coisas incríveis, viveu com eles experiências únicas até o ponto em que se entregou completamente por eles. E é nesse compromisso total que eles forjaram uma amizade verdadeira.
A Bíblia nos diz que quem encontrou um amigo encontrou um tesouro. E, para encontrar esse tesouro, é preciso ir até o local, pessoalmente. É preciso escavar, tirar terra, suar, cansar, se esforçar. É lugar comum dizer que verdadeiras amizades não se encontram facilmente, mas, nos dias de hoje, essa verdade precisa ser reforçada, senão acabamos com mil “amigos” virtuais e com medo de encontrar um amigo real.
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