Pois é, fica clara a importância de discernir quais as inspirações que vêm de Deus. Mas, como discernir a ação do Espírito Santo em mim?

Continuemos a leitura da 1ª carta de João (4,2-3):

“Nisto podeis reconhecer o Espírito de Deus: é de Deus todo Espírito que acredita que Jesus Cristo veio como homem; e todo Espírito que não professa a fé em Jesus não é de Deus”.

Quer dizer, a ação do Espírito Santo em mim leva-me a uma confissão de fé mais sólida e firme. E não qualquer fé, mas a fé na revelação de Jesus Cristo. Tudo o que me afaste da autêntica imagem de Deus (aquela que Cristo nos revelou), não vem Dele.

E digamos mais, “a missão de Cristo e do Espírito Santo completa-se na Igreja. (...) o Espírito prepara os homens e adianta-Se-lhes com a Sua graça para os atrair a Cristo. Manifesta-lhes o Senhor ressuscitado, lembra-lhes a Sua Palavra e abre-lhes o espírito à inteligência da Sua morte e da Sua ressurreição” (Catecismo nº 737).

Leia MaisPor que o Espírito Santo apareceu em línguas de fogo?Dito isso, a respeito do Espírito de Cristo e da Sua ação, digamos mais uma palavra sobre o discernimento. Um conceito útil é o dos frutos do Espírito:

“são perfeições que o Espírito Santo forma em nós, como primícias da glória eterna. A tradição da Igreja enumera doze: ‘caridade, alegria, paz, paciência, bondade, longanimidade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência, castidade’.” (Catecismo nº 1832).

Estas perfeições, que são “como primícias da glória eterna”, são como que as pegadas que deixa o Espírito de Deus quando passa perto de nós.
Assim, todo pensamento ou moção que me leve a crescer na caridade, que traga uma paz autêntica, que se faça concreta na forma de fidelidade; tais pensamentos ou moções dão sinal de ser do próprio Espírito.

Enquanto os pensamentos ou moções que, para além de uma sensação fugaz, acabam tirando a alegria autêntica, a paciência perante as tribulações, a bondade no relacionamento com os demais; tais pensamentos ou moções dão sinal de não virem do Espírito Santo.

Leia MaisHomilia JM: É necessário uma determinada decisão!Um sábio conselho é o de encarar os pensamentos ou moções que vêm ao nosso interior. E, fazendo com que eles tomem uma forma clara, questionar donde vêm e para onde vão. A sintonia ou não-sintonia dessas respostas com os frutos do Espírito serão um sinal consistente para ter luzes a respeito de quem está agindo em nós, se é o Espírito de Deus ou não.

Isso tudo apenas para introduzir o discernimento dos Espíritos. Vale a pena pontuar que o discernimento é uma tradição muito antiga na vida da Igreja. Ao longo dos séculos existiram grandes santos que se aprofundaram no assunto, como Antão Abade, Bernardo de Claraval, Catarina de Sena, Teresa de Jesus, Inácio de Loiola, entre outros. Vale a pena se aprofundar no que eles ensinaram e sistematizaram. Em todo o caso, este texto tenta colocar de forma breve algumas ideias que estes mestres espirituais deixaram sobre como discernir a ação do Espírito Santo em nós.

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