Um amigo meu, dedicado à pastoral juvenil, várias vezes encontrou jovens que, dentre outras coisas, lhe perguntavam se fazer "tal" ou "qual" coisa era pecado.
Às vezes na linha da sexualidade, outras na da vivência da honestidade, enfim, sobre como levar uma vida cristã coerente. Gostei muito da abordagem dele. Ao invés ficar apenas num “sim” ou “não”, ele faz o esforço de formar a consciência de quem pergunta. Ele refaz a pergunta para o jovem: “e por que isso é pecado?”.
Falando em penitências quaresmais, a explicação vai na linha do que é chamado a “virtude da religião", e em particular os "votos". Para se fazer uma ideia do sentido que isso tudo tem, vejamos uma sua forma muito particular: os votos dos religiosos.
Os religiosos, obrigando-se voluntariamente a viver a obediência, o celibato e a pobreza, expressam a absoluta primazia de Deus. Não como algo que os demais cristãos não vivem, mas como expressão mais clara do que todo cristão realiza ao obedecer a vontade de Deus, lutar por viver a castidade e acolher a pobreza evangélica. Por tratar-se de algo tão sério, ir deliberadamente contra os seus votos, contra o compromisso assumido, chega realmente a constituir um pecado grave para esse religioso.
Explica o Catecismo que "o voto é um ato de devoção, no qual o cristão se oferece a si próprio a Deus ou Lhe promete uma obra boa" (Catecismo da Igreja Católica nº 2101.2102) .
Não é algo a que se estivesse anteriormente obrigado, mas que se aceita e se oferece com um sentido devocional. "A fidelidade às promessas feitas a Deus é uma manifestação do respeito devido à majestade divina e do amor para com o Deus fiel" (Catecismo da Igreja Católica nº 2101.2102).
Leia MaisTenho dificuldade em cumprir a penitência da Quaresma e agora?Tendo explicado o particular, podemos tentar abordar agora o geral. Observe-se que, para o voto do religioso, a pessoa passa por um processo (que dura vários anos), no qual chega a entender o peso dos compromissos assumidos e a se decidir a fazê-los livremente.
Ao pensar em atos devocionais mais demarcados, como uma penitência quaresmal, deve levar-se em consideração a consciência e a maturidade de quem os propõe. Pensando na pastoral juvenil, constata-se que, pelo entusiasmo misturado à inexperiência, um jovem pode se propor algo irrealizável ou muito distante das suas possibilidades. É evidente que aquilo não tem o peso de um religioso faltando ao seu voto.
Pensemos que uma penitência busca aproximar de Deus, gerar um encontro. Assim, não cumprir o prometido gera um desencontro. É como deixar Deus “plantado”, após ter se comprometido a encontrá-Lo. A esse desencontro, que distancia de Deus, chamamos de pecado. Lembrando que, para implicar responsabilidade moral, o ato precisa ser livre e consciente; e para ser pecado mortal, a matéria (ou conteúdo) tem que ser grave (como referido no caso do voto do religioso).
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