Crescendo na Fé

É possível ser um ex-padre?

Júlio Egrejas

Escrito por Júlio Egrejas

11 JAN 2021 - 08H45 (Atualizada em 04 FEV 2021 - 08H57)

Esta pergunta é bem interessante, e sua resposta depende da distinção dos diversos sentidos do prefixo “ex”. O que se quer dizer com “ex-padre”?

Em uma primeira consideração, é preciso lembrar que a Igreja ensina que o sacramento da Ordem, instituído por nosso Senhor Jesus Cristo, imprime, na pessoa que o recebe, um carácter, como um selo interior profundo, no mais íntimo da pessoa. Ou seja, este sacramento modifica o sacerdote no mais íntimo de seu ser e o associa a Cristo de maneira única.

É neste sentido que a Igreja ensina que “uma vez sacerdote, sacerdote para sempre”. Nesta primeira perspectiva, mais ontológica poderíamos dizer: não é possível ser um ex-padre. O homem batizado, que uma vez recebeu o sacramento da Ordem, no grau do presbiterado, de maneira válida, será sacerdote por toda a eternidade e nada poderá mudar isso.

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Leia MaisA pergunta pela vocação: 2 ensaios de respostaMas, por outro lado, o sacramento da Ordem cria na pessoa que o recebe um novo posicionamento na Igreja, o que se conhece como estado ou modalidade de vida.

A Igreja ensina que todo batizado tem total liberdade, na medida em que discirna um chamado divino, uma vocação, de escolher o seu estado ou modalidade de vida na Igreja.

É neste sentido, de estado de vida, que é possível deixar de ser padre e voltar a viver na modalidade ou estado de vida anterior. Para isso é preciso contar com uma graça da Igreja, que pode outorgar a um eventual sacerdote que o solicite, a perda ou demissão do estado de vida sacerdotal, ou da modalidade de vida sacerdotal. Assim, o católico que recebe esta graça, estará livre dos direitos de que outrora gozava e das obrigações que lhe eram imputadas em virtude desse estado, por exemplo a obrigação do celibato, ou a da oração das horas diariamente.

Essa perda do estado sacerdotal pode se dar por diversas causas. Vemos ultimamente, com dor, sacerdotes condenados por certos abusos e crimes, receberem esta demissão como uma punição. Mas, outras vezes, trata-se também de um processo de discernimento vocacional lícito, que leva a pessoa a solicitar ingressar em outro estado de vida e abandonar a modalidade sacerdotal anterior.

Neste caso, dentro destas considerações, pode-se falar de um ex-padre. Por isso, a importância desta distinção entre o caráter sacerdotal e o estado (modalidade) de vida sacerdotal.

Escrito por
Júlio Egrejas
Júlio Egrejas

Membro do Sodalício de Vida Cristã, onde realiza diversos serviços de evangelização e formação Cristã, com destaque para o Curso Católico de Oração e Espiritualidade. Atualmente cursa Mestrado em Direito Canônico.

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Por Jovens de Maria, em Crescendo na Fé

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