Hoje lembramos junto de Paulo o evento de sua conversão. Um dado interessante é que os relatos mais amplos sobre isto não são recolhidos nas suas cartas, mas nos Atos dos Apóstolos. Neste livro, o grande protagonista é o Espírito Santo, que move os corações dos apóstolos e os leva a serem missionários itinerantes, à imagem do seu Mestre.
Voltando ao relato da conversão de Paulo, o outro elemento que chama atenção é que, em Atos, isto é contado em três ocasiões, para três públicos diferentes (cf. At 9,3ss; 22,1ss; 26,12ss). Embora com alguns detalhes a mais ou a menos, o cerne do encontro e diálogo com Cristo se mantém. Destaca-se como fator comum o sentimento marcado pelo Cristo. Essas palavras repetidas nos três relatos "Saulo, Saulo, por que me persegues? (...) Eu sou Jesus, a quem tu persegues" (At 9,4-5; 22,7-8; 26,14-15) devem ter penetrado o coração de Paulo e gerado a ferida que permite a verdadeira conversão.
Este sentimento de Paulo é explicitado na carta aos Filipenses: "Mas tudo isso, que para mim eram vantagens, considerei perda por Cristo. Na verdade, julgo como perda todas as coisas, em comparação com este bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor. Por Ele, tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar Cristo" (3,7-8).
Isso tudo para expressar uma ideia muito simples: na frente do dom, primeiro é a gratidão, a memória agradecida. A memória de quem sabe que tudo foi recebido.
Essas palavras, penetrantes como espada de dois gumes, foram o dom que encheu a vida de Paulo de sentido. Paulo já tinha um plano, um projeto de vida, uma missão (cf. Fl 3,4-6; Gl 1,13-14): muito bem delineadas, quase perfeitas – como muitos de nós buscamos – mas o Senhor desfez aquilo tudo e permitiu que ele sofresse muito para salvar uns poucos.
Estas palavras e esta experiência toda foram conservadas num canto privilegiado do coração de Paulo, pois a gratidão leva ao cuidado. Com quanto carinho conservamos as lembranças mais alegres da nossa infância, por exemplo! Tal cuidado manifesta quanto as valorizamos. E, seguindo o exemplo da lembrança de infância, reparemos no fato de que, materialmente, talvez hoje nos pareça insignificante o que recebemos naquela época. Mas apesar disso, o valorizamos, reconhecemos que foi e que é importante. Tanto assim, que tem um lugar privilegiado na nossa memória.
Assim percebemos que o que Paulo tem para dar é aquilo que ele mesmo recebeu (cf. I Cor 11,23). E você, o que tem para oferecer hoje?
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