Depois de passar, com uma fé inabalável, pela paixão de seu Filho Jesus, as Escrituras só nos indicam rapidamente o que aconteceu com a Virgem Maria. Momentos antes de Sua morte, exprimindo, de certa forma, Seu testamento espiritual, Jesus entrega sua Mãe aos cuidados de seu discípulo amado, João.
Sabemos, por esse episódio, que o discípulo acolheu Maria em sua casa. Talvez a curiosidade nos leve a querer saber mais detalhes dessa vida posterior, mas assim como a vida de Maria antes da anunciação nos é oculta, a partir da ressurreição ela volta a “se esconder”.
Mas longe de se afastar, pela fé, de seu Filho, podemos ter certeza de que, ao ser acolhida por João como sua própria mãe, ela continuou a missão de fazer com que Jesus se encarne nesse nosso mundo.
Como assim?
É a partir da morte e ressurreição de Cristo que o Espírito pode descer e vivificar a Igreja terrena, que começava sua missão. E esses filhos da Igreja encontraram em Maria essa mãe espiritual, que engendrava a Cristo em cada um de seus filhos. Por isso, Ela está presente, por exemplo, em oração no advento de Pentecostes.
O que isso significa?
Que a missão de Maria não acabou quando Jesus subiu aos céus. Pelo contrário. Hoje mesmo, quando fazemos apostolado, estamos ajudando Maria em sua missão. Continuamos precisando Dela para que, como Mãe que é, nos eduque na fé, nos cuide nas incertezas, nos fortaleça nas dificuldades. Enquanto esteve vivendo com João, se bem não sabemos detalhes revelados sobre esse tempo, sabemos que Ela permaneceu fiel a sua própria missão.
E talvez isso não tenha significado fazer nada de muito extraordinário, mundanamente falando. Não sabemos se Ela ressuscitou alguém dos mortos, se expulsou demônios, se converteu de novo água em vinho. Mas o que podemos, sim, esperar é que a reverência com a qual percebeu que o vinho ia acabar nas Bodas de Caná, continuou muito aguda para discernir as necessidades da Igreja nascente, ou indicar para seus filhos aquilo que deveriam fazer.
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E talvez seja bom que não tenhamos todos esses detalhes, porque a vida cristã não se trata de imitar o que alguma outra pessoa fez ou deixou de fazer.
Certamente que os exemplos santos iluminam e nos fortalecem, mas de verdade, do que se trata mesmo a vida cristã, é que Cristo se encarne em cada um de nós e que seja Ele mesmo que viva em nós, como nos disse São Paulo. E isso acontece sem que sejamos aniquilados no processo, pelo contrário: quanto mais nos conformamos com Cristo, mais genuinamente autênticos somos.
E, no final das contas, é isso que Maria quer. Não que a imitemos, mas que deixemos que Ela forme em nós um outro Cristo, à imagem e semelhança de seu Primogênito.
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